Os Devotos e o Oríkì Uma coisa me chama muito a atenção, e até me assusta quando leio as diversas citações transcritas pelas pessoas para postagens e textos encontrados na internet, bem como quando converso com algumas pessoas sobre o tema em lide, não pelo que foi escrito ou pelo que foi dito, até por que cada um escreve e fala o que quer, e lê e ouve quem também quer. Mas quando falo em me assustar me refiro em ser grande o numero de escritos e interlocutores a descreverem Oríkì, porém em sua “maioria” quando indagados sobre o que seria um Oríkì, os mesmos desconhecem o que seja, desconhecem que nele há uma estrutura, funções, objetivos, razões e direcionamento. Para maioria que cita tal literatura equivocadamente acreditam ser apenas um texto comum, quando não é. Pensando nisso resolvi escrever algo relacionado ao tema em questão. Oríkì é um dos registros orais do povo Yorùbá, cujo qual trata dos orixás, erunmoles e de outras divindades, onde é marcarcante e evidenciado as características dos mesmos. Engloba também as características dos seres humanos, e lugares. Oríkì é onde esta armazenado muitas informações importantes. Oríkì pode ser memorizado, e pode se considerar fácil esse aprendizado, pois não se necessita de uma aprendizagem longa através de um mentor, como no caso de Ifá. Qualquer pessoa disposta pode aprender e dominar Oríkì. Oríkì além do já citado, trata dos indivíduos, se ocupa da estrutura inteira da família, trata de uma comunidade inteira, inclusive do mundo. Existem dois tipos ou classes de Oríkì, O Cultural e o Religioso. O Oríkì cultural se ocupa basicamente das pessoas e de sua herança, descendentes e antepassados e seus feitos. Dentro do Oríkì podemos encontrar as histórias e as informações de caráter geral e de certas pessoas e suas comunidades. Nestes Oríkìs podemos também encontrar os registros dos acontecimentos que pertencem àquelas comunidades, às casas e aos individuas, bem como do mundo. O Oríkì religioso por outra parte trata de Irúnmolè, Òrìsà seus devotos, e de poucas pessoas que levam nomes especiais, cujas quais o povo Yorùbá creem ser “nomes divinos” nomes como: Àìná, Òjó, Ìbejì, Dàda, Tàlàbí, Sàlàk, Òké, Ìgè entre outros nessa mesma linha. Somado a isto podemos ainda destacar que o Oríkì religioso serve como um poderoso instrumento de culto, que se pode utilizar para vários propósitos. O Oríkì pode ser utilizado para incitar o Òrìsà, de forma positiva ou negativa. Para impregnar, transmitir ou sugestionar ao Òrìsà através de parte de Oríkì que fale de guerra, das ações guerreiras que se comporte dessa maneira em nosso favor em nossa proteção etc. Podendo ser usado nas mais diversas ritualidades. Se pode usar também para apaziguar o Òrìsà, quando o mesmo esta demasiadamente adverso a nós. Por exemplo se Èsù, Òsányìn ou qualquer outro Òrìsà que fique por algum motivo demasiadamente difícil de manipulá-lo, nesse momento as partes “sutis” de seus Oríkì são cantadas para apaziguá-los. Há também os Irúnmolès que suas qualidades individuais destacadas durante suas estadias na terra são registradas em seus respectivos Oríkìs. A de se ressaltar que em sua maioria as divindades são garbosas, possui suas vaidades e são imponentes e gostam de ser elogiados e exaltados e é justamente através do Oríkì uma das formas de se fazer isso, cabe ainda frisar que não é somente recitar-se ou cantar-se somente “um” Oríki para despertar a graça e a atenção do Òrìsà, tudo requer um sequencia de recitações e louvações e confirmações através do oraculo apropriado, a fim de se verificar a presença da divindade em atendimento aos nossos chamados. Um dos grandes propósitos do Oríkì é que ele nos oferece o conhecimento conciso da personalidade e da maneira de vida de Irúnmolès e Òrìsà quando de suas existências na terra. Esse conhecimento se reflete dentro da pratica das ritualidades e particularidades de cada uma das divindades evocadas. Outro ponto que cito aqui é o advento de que muitos que se dizem seguidores de um “culto que reverência e ritualiza os orixás”, “aqui no Brasil”, digo isso a olhos vistos, não fazem uso de Oríkì, em sua maioria nem conhecem do que se trata, e não fazem nem questão de saber. A e me vem a pergunta, como e de forma é feito essa interatividade? isso sem mencionar outros elementos essenciais necessários a essa interação que não são utilizados. Claro que cada um tem que acreditar naquilo que segue, porém dentro da “minha visão” nossos passos têm que seguir o caminho da coerência e plausividade, pautados dentro de conhecimento real de estudos sérios e verídicos, baseados em praticas palpáveis, explicitas e perceptíveis quando postas em comparação entre o momento passado o momento presente entre o antes e o depois, elementos esses que somados e sendo verdadeiros e serios faram brotar em nossa caminhada na terra “resultados benéficos” e notórios aos olhos de todos. Marcos Nobre Ti Obàtálá
Posted on: Tue, 20 Aug 2013 02:16:13 +0000