Os decretos e os desejos de Deus (GN 32:22-30) (1) Jacó e - TopicsExpress



          

Os decretos e os desejos de Deus (GN 32:22-30) (1) Jacó e Esaú eram filhos gêmeos de Isaque e Rebeca. Esaú nasceu primeiro e segundo a tradição, o filho primogênito tinha direitos exclusivos. Quando o pai morria era o filho mais velho que recebia a autoridade da família, e ganhava a maior parte da herança. (2) Um dia Jacó estava preparando um jantar, quando Esaú chegou cansado da caça e disse: arranja-me alguma coisa para comer, estou com muita fome. Jacó respondeu: só lhe dou a comida se você me passar os direitos de filho mais velho. Esaú, que não ligava muito para isso, aceitou passar para Jacó os direitos de primogênito (GN 25:27-34). (3) Depois de um tempo, Isaque já bem velho, a beira da morte, chamou Esaú e pediu que caçasse algo para ele comer, e fez a promessa de que depois de comer, lhe daria a bênção da primogenitura. Rebeca, ao ouvir o que Isaque dissera a Esaú, armou com Jacó um plano para enganar o pai Isaque. Jacó pegou um animal do rebanho, preparou um prato, fingiu ser o seu irmão. Isaque acreditou e comeu. Por pensar que Jacó era Esaú, concedeu-lhe a bênção da primogenitura. Quando Esaú volta, ele leva a comida para Isaque, pede a bênção, mas o pai, muito triste lamenta e diz: eu já dei a bênção por engano a Jacó (GN 27:1-40). (4) O fato criou uma grande inimizade entre os irmãos. E Esaú começou a odiar a Jacó. Rebeca percebendo disso disse para Jacó: fuja para a casa de Labão seu tio, e fique por lá até que o ódio de Esaú passe (GN 27:45). Essa história revela duas vontades de Deus. A vontade de Deus como decreto e a vontade de Deus como desejo. 1. A bênção de Deus para Jacó já tinha sido decretada de forma soberana e graciosa. (1) Na lógica da tradição judaica, Esaú como o primogênito é que deveria receber direitos e prerrogativas especiais. No entanto Deus em sua soberania e graça, inverte a lógica e decreta que neste caso, Esaú o mais velho, deveria servir Jacó, o mais novo (GN 25:19-26). Paulo interpreta esse fato afirmando que a vontade soberana de Deus não levou em conta o mérito nem demérito de ninguém, porque o decreto fora estabelecido antes do nascimento deles (RM 9:10-16). (2) Esses mistérios de Deus, não podem ser compreendidos com nossa lógica limitada e condicionada. Eles precisam ser celebrados por nós, com a consciência de que Deus não precisa ficar prestando conta a nós daquilo que ele faz (RM 9:19-21; DT 29:29; SL 131:1). 2. Essa bênção, de certa forma foi maculada, porque rebeca e Jacó desconsideraram os desejos de Deus. (1) O desejo de Deus era que as coisas acontecessem no seu tempo e à sua maneira. Mas Jacó e Rebeca atalharam o processo (GN 27:6-29). Aqui entra em cena o arbítrio humano, que Deus por princípio não atropela. (2) Como conciliar a bênção decretada por Deus sobre Jacó, e o ódio que Esaú passou a nutrir pelo irmão, e o medo do irmão que Jacó carregou vida a fora? Se a bíblia afirma que a bênção de Deus enriquece e não acrescenta dores (PV 22:10)? Aquilo é de Deus não vem envolto a confusão, beligerância, injustiça, mentira, desonestidade, traição e egoísmo. Por isso é que a bênção decretada por Deus sobre Jacó estava maculada. 3. Quando é que maculamos a bênção de Deus em nossa vida? 3.1 Maculamos a bênção de Deus, quando transgredimos a sua vontade moral (desejos) (1) Se avaliarmos a história do ponto de vista do desejo de Deus, Jacó não precisaria ter enganado o pai e o irmão. Esaú não deveria ter sido leviano com seu direito de primogenitura (HB 12:16,17). Rebeca não precisaria ter enganado o marido e o filho. Em Jesus, a bênção de Deus já foi decretada em nossa vida, e nós não precisamos arrombar portas, mentir, roubar, nem trapacear para chegar lá. 3.2 Maculamos a bênção de Deus, quando queremos as coisas do nosso jeito e no nosso tempo, ou às vezes queremos “ajudar a Deus”. (1) Rebeca quis “ajudar” Deus. E nessa tentativa, só o que conseguiu foi criar animosidade entre os filhos. (2) Por exemplo, Abraão e Sara também não souberam esperar a promessa de um filho do jeito de Deus e no tempo de Deus. E na tentativa de ajudar a Deus, fizeram a opção pelo atalho. Abraão coabitaria com a serva e gerariam Ismael, e isso causou problema para eles. (3) Algumas vezes, em razão da nossa ansiedade e incredulidade, temos dificuldade em esperar pelo cumprimento das promessas de Deus em nossa vida. E sempre que a gente resolve dar uma “mãozinha” para Deus, fazendo as coisas do nosso jeito e no nosso tempo, atraímos adversidade para nossa vida. 4. Como conjugar os decretos e os desejos de Deus? (1) Há coisas que são estabelecidas por Deus. Deus levanta do seu trono e intervém na história de maneira soberana. Mas há coisas que acontecem como resultado da ação humana. Por isso precisamos cuidar para não colocar na conta de Deus, as adversidades que nos visitam em consequência de escolhas e decisões erradas. (2) Quanto ao decreto de Deus, devemos nos submeter. Por exemplo, há intenções de Deus que antecederam nosso nascimento (JR 1:4; GL 1:15; LC 1:13-17,31-33). (3) Por isso, precisamos ser cuidadosos com a avaliação que fazemos da história, da nossa própria história e da história de outros. Isto porque muita coisa acontece à revelia das decisões humanas, mas muita coisa depende das decisões humanas. E quando aprendemos a nos submeter aos decretos de Deus para nossa vida, a gente acaba fazendo as pazes com nossa história, podendo afirmar: “eu sou o que sou pela graça de Deus”. (4) Quanto aos desejos de Deus, precisamos decidir correspondê-los. - Por exemplo, há promessas condicionais de Deus, cujo cumprimento vai depender da nossa escolha. - No princípio da semeadura a colheita será determina pela semeadura. - Por exemplo, Deus deseja que eu seja santo, essa é a sua vontade, mas eu posso escolher não ser (1 TS 4:3). Deus deseja que eu seja cheio do Espírito Santo, mas eu posso escolher render-me ou não ao Espírito (EF 5:18). 5. O que fazer, diante da sensação de que a bênção decretada por Deus sobre nós foi maculada? Precisamos legitimá-la no vale de Jaboque. 5.1 O vale de Jaboque é o lugar do encontro com Deus (1) Na tensão frente ao encontro que Jacó com, Esaú que o tinha jurado de morte, ele usa algumas estratégias humanas (GN 27:41; GN 32:6), e em seguida ora a Deus pedindo o livramento (GN 33:11). (2) Então ele toma a decisão radical de ter um encontro com Deus. Ele atravessa servos, família e bens e fica sozinho à noite no vale (GN 32:24-25). Nesse momento de reflexão e oração ele percebe alguém se aproximando. Desencadeia-se uma luta misteriosa com um desconhecido (GN 32:24-25). 5.2 O vale de Jaboque é o lugar de arrependimento (1) Antes do vale de Jaboque havia muitas coisas pendentes: Jacó precisava pedir perdão para Esaú. Esaú precisava perdoar Jacó. Jacó precisava legitimar sua bênção. Jacó que no passado mentira, defraudara, enganara, para chegar aonde chegou, agora está sozinho, fragilizado, exposto, vulnerável. (2) Quem sabe Jacó analisando sua vida, começa a se questionar: “Eu não precisava ter me envolvido naquele esquema”. Dentro do coração ainda lhe pesava o fato de ter enganando o pai no final de sua vida. Havia muita coisa da qual se arrepender. (3) Mas nesse encontro com Deus, o pecado foi confrontado e o caráter foi transformado. Tanto que seu nome foi trocado. Antes de abençoá-lo, o anjo lhe troca o nome, de Jacó (usurpador) ele passa a chamar Israel, que significa literalmente em hebraico aquele que lutou com Deus e prevaleceu (GN 32:27-29). (4) É assim que acontece. Quanto mais próximos estamos de Deus, mais conseguimos enxergar nossas fraquezas, e o quanto de “Jacó” há em nós, e de quanto de “Israel” precisamos. 5.3 O vale de Jaboque é lugar da dependência da graça de Deus. (1) Jacó e o anjo lutaram a noite inteira, ao final o Anjo deslocou a articulação da coxa de Jacó. A partir daí cada passo que desse no futuro haveria de lembrá-lo da sua dependência da graça de Deus (GN 32:24,25). (2) À vezes Deus permite isso em nossa vida, para que nos agarremos a ele, nossa única fonte de poder. Foi isso que sentiu Paulo, na sua experiência com Deus, enquanto orava pedindo o livramento daquilo que chamou de “espinho na carne” (2 CO 12:9). (3) Finalmente, quando o nome de Jacó foi mudado para Israel, seu pedido por segurança foi atendido, e ele sobreviveu para cumprir os propósitos que Deus tinha para sua vida. Quando a bênção foi legitimada Esaú e Jacó se reconciliaram (GN 33:1-4). Conclusão: (1) Maculamos a bênção de Deus em nossa vida buscando de forma ilegítima, aquilo que Deus poderia ter nos dado de forma legítima. (2) Esse foi o eixo da tentação de Jesus. Tudo o que Satanás ofereceu a Jesus foi “contanto que” ele contrariasse os desejos de Deus. Era pão sem Deus, Reinos e glória a preço de adoração Satânica. Depois de vencida a tentação, Jesus recebeu de Deus, de forma legítima tudo que tinha sido oferecido pelo Diabo de forma ilegítima. (3) Jesus sabia do plano de Deus para sua vida, e quando tentado por Satanás, ele não força a barra como Jacó, não age de forma leviana como Esaú, nem se torna cúmplice do mau como Rebeca. Por isso não precisou passar pelo vale de Jaboque para legitimar sua bênção. (4) Em qual área de sua vida o decreto da bênção de Deus foi maculado? Assuma hoje diante de Deus o propósito de passar pelo vale. O vale do encontro com Deus, do arrependimento, da oportunidade de alinhar sua vontade aos desejos de Deus. Esse é o vale da transformação.
Posted on: Tue, 06 Aug 2013 15:10:15 +0000

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