PARA NÃO IR ALÉM DOS FATOS Perguntam-se tanto: e o amanhã? De - TopicsExpress



          

PARA NÃO IR ALÉM DOS FATOS Perguntam-se tanto: e o amanhã? De ou por aonde virá, não a resposta, mais o fatos que formarão este devir tão solicitado, que certamente não será traduzido com palavras saltitantes, com uma seqüência obscena de reticências não grafadas, apenas pressentidas no final de cada sentença, se for sentença, que fique bem claro, porque pode ser apenas uma frase pouco pretensiosa, será provavelmente traduzido em fragmentos de ação e interrupção metódica das continências cotidianas, este ir e vir com horas marcadas, desta passividade decorrente de uma dominação impassível que espera com seus aparatos de coerção, invocando disciplina e sujeição na trituradora engrenagem da pontualidade e assiduidade, repetindo em seu mantra tenebroso o galardão das conseqüências, envolvendo com sua teia sonora toda resistência que resta nestas insistentes pulsações da vontade subjetiva. Quem não conhece o abrasivo contato das locomoções de resistência a que são submetidos todos aqueles que não sabem a melhor forma de intervir nesta generalizada penitencia, porque o tempo da sobrevivência nutrindo o leviatã consagrado da nossa fachada social, não favorece o exame mais detalhado das fendas dolorosas em nossa pretensão. Amanhã será o amanhã com seus enigmas e desafios. O hoje é um agora que escapa na palheta imaginária da pretensão artística e conseqüentemente desfruta-se pouco dos seus resultados, mas dele retira-se provisões para o calor do verão que de longe acena sorridente e como sambemos que nem todo sorriso é expressão indispensável de apresso, salvo nele um brilho quase imperceptível, uma alegria provisória com uma satisfação de retorno ressaltando nossa temerosa coragem para o que há de vir. De tanto assim ver e viver acabamos apartados da eficiência plástica dos discursos mais eloqüentes de igualdade, seus traços retilíneos de moralização do intangível e não nos esquivamos desta estranha ternura em seus rancores, suas diatribes e deturpadas manifestações de apreço, quando lhe convém, revelando, quase num ato falho, um recanto onírico tangenciando suas duvidas com um destacado silêncio perscrutador. Somos poucos neste calor da chamas visionárias, talvez uma faísca no necessário movimento de ser ainda mais que uma chama fugaz, somos o que não está contido ou definido nas respostas pré-determinadas e de diversas maneiras pouco notáveis, com certeza um pouco mais que toda esta pretensão tosca de vigor daquele que não conhece a própria face. Não há unidade em nosso querer porque não há unidade na origem do querer e dela não podemos nos afastar quando o pleito esquiva-se visceralmente da retórica gasta.
Posted on: Mon, 24 Jun 2013 00:49:15 +0000

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