PARA ONDE SOPRAM OS VENTOS Antônio Rodrigues Belon Nada como um - TopicsExpress



          

PARA ONDE SOPRAM OS VENTOS Antônio Rodrigues Belon Nada como um mês depois do outro: julho depois de junho. Na escrita uma letrinha diferente apenas. Nas manifestações Brasil afora, importantes diferenças qualitativas. Qualitativas, não quantitativas, é muito importante destacar. Nas manifestações de 11 de julho, convocadas pelas centrais, aconteceram os bloqueios de estradas e as paralisações contra o governo. Ocorreu uma entrada da classe trabalhadora na onda de protestos. Não era mais a explosão de junho. Outros ventos começaram a soprar. As manifestações e as greves desse dia punham em cena categorias de peso: os metalúrgicos, os operários da construção civil, os portuários, os servidores públicos; e muitas outras. Os trabalhadores foram às ruas. O plebiscito e a reforma política não convenceram. As reivindicações de mais recursos para a saúde, para a educação e para os transportes deram o tom das jornadas de junho. Em julho, as pautas históricas dos trabalhadores vieram para as ruas: a redução da jornada de trabalho, o reajuste dos salários, o fim do fator previdenciário e da inflação, no centro das preocupações. Os protestos e as greves pelo país representaram um salto qualitativo nas mobilizações. Ventos em renovação. Da espontaneidade inicial para a saída dos trabalhadores às ruas. Saíram de seus locais de trabalho e organizados. As entidades de classe em recuperação de suas tradições de lutas. Importantes setores da economia afetados. Centros industriais pararam: a capital paulista e a região do ABC, por exemplo. Os metalúrgicos, os operários da construção civil e os comerciários, pararam a cidade de São Paulo. Em São José dos Campos, pelos menos vinte fábricas pararam. Sempre com enormes passeatas. No Rio de Janeiro, servidores dos Correios bloquearam a saída de caminhões. Os metalúrgicos e os servidores paralisaram o seu cotidiano e promoveram as manifestações. Os petroleiros, os bancários e os terceirizados da Secretaria da Saúde engrossaram a luta. Um protesto unificado reuniu quase quinze mil pessoas. Houve dura repressão pela Tropa de Choque. Mais um capítulo vergonhoso da truculência policial no Rio. Belo horizonte viveu praticamente um dia de greve geral. A cidade já amanheceu com a paralisação dos ônibus, do metrô e da rede estadual de ensino; e parte das escolas municipais. Porto Alegre teve a Câmara Municipal ocupada por manifestantes. Os professores e os rodoviários entraram na luta. No Norte e Nordeste, a jornada de greves e de protestos também foi forte. As organizações dos trabalhadores, os partidos e os sindicatos, agora, erguiam as suas bandeiras. Os partidos de esquerda retomaram seu lugar nas ruas, assim como as entidades sindicais. As centrais sindicais mostraram a cara. A entrada da classe trabalhadora nas paralisações, com os seus métodos de luta, obrigou a um salto de qualidade. As manifestações são contra o governo Dilma. E são contra os demais governos, estaduais e municipais. Um combate à atual política econômica do governo. Ao pagamento da dívida pública em prejuízo de investimentos na saúde e na educação. Os ventos sopram em renovada perspectiva histórica. Para onde? Em agosto? As forças sociais em luta definem os rumos. A história é sempre um processo; aberto, obviamente. Originalmente no Jornal de Jales, 1-02, de 10 de agosto de 2013. blog.uol.br/showposts.html?idBlog=952432
Posted on: Sun, 11 Aug 2013 19:25:27 +0000

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