PARA VIVER MAIS E COM SAÚDE Os problemas ou as alegrias que teremos na velhice dependem muito da forma como vivemos hoje. Hábitos saudáveis, como manter uma dieta equilibrada e praticar atividades físicas, são um verdadeiro passaporte para o envelhecimento ativo, com autonomia e independência. Porém, a cultura da prevenção ainda é algo novo no Brasil: o país só passou a registrar um aumento significativo de idosos há menos de três décadas. Hoje a população com 60 anos ou mais já soma 23 milhões de brasileiros. São pessoas que têm maior propensão a doenças relativas ao aparelho cardiovascular, à hipertensão arterial, ao diabetes e às doenças das articulações (artrose e osteoporose), mas que têm grandes chances de viver com saúde se conseguirem manter distância de alguns ‘vilões’, como a obesidade e sobrepeso, o sedentarismo, o tabagismo, o alcoolismo, o colesterol elevado e os altos níveis de estresse no dia a dia. De acordo com o médico Márcio Borges, especialista em geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, é importante ter consciência da importância dos hábitos saudáveis desde a infância, mas nunca é tarde para mudar e melhorar o estilo de vida. “Os fatores de risco cardiovascular podem ser prevenidos a qualquer momento. As regras valem para quem tem mais de 40 anos, mais de 50 anos, mais de 60 anos e até para quem tem 70 anos. Gosto de dizer aos meus clientes: se você, que tem agora 70 anos, começar a fazer atividade física, a alimentar-se corretamente e a cuidar de seu coração, certamente chegará melhor aos 71 anos.” Uma prova da diferença que estes cuidados fazem é a maior expectativa de vida das mulheres, superior em quase 10 anos à dos homens. Segundo Borges, enquanto as mulheres estão chegando facilmente aos 76-78 anos, os homens não conseguem passar dos 69-70 anos. “As mulheres se cuidam mais, vão mais ao médico, fazem corretamente seus preventivos cardiológicos e ginecológicos, fumam e bebem menos e, finalmente, têm uma vida mais saudável, além de se envolverem menos em problemas relacionados à violência urbana.” Já os homens, conforme o médico, em geral caminham na direção contrária. Eles se cuidam menos, quase sempre só vão ao médico se apresentarem doença séria, fumam e bebem mais que as mulheres, não fazem preventivo de coração ou de próstata e envolvem- se mais com a violência urbana. Além de manter o corpo ativo e alimentar- se adequadamente, o geriatra recomenda cuidado especial também com o cérebro, para que a memória seja preservada. “O cérebro é um músculo, e se não for exercitado diariamente poderá atrofiar e enfraquecer. Mais uma vez, é preciso lembrar que exercitar a memória, a atenção, a criatividade, enf im, toda a parte cognitiva cerebral, é uma tarefa que se começa na infância”, observa Dr. Márcio Borges. Segundo ele, um fator que vem contribuindo para um envelhecimento mais ativo da população brasileira é o crescente aumento da escolaridade. “Estudar e completar o ensino superior já é um bom começo para ter um cérebro melhor na terceira idade”, defende o médico, dando um recado aos idosos que não tiveram oportunidade de estudar: “Ainda dá tempo”, garante. Borges ressalta que aprender coisas novas, novas tarefas, novos desaf ios e prof issões ajudam a manter uma boa atividade cognitiva e mental. Prazer em viver, conhecer lugares novos e conhecer novas pessoas também é imprescindível. Outras dicas para exercitar a memória e a atenção, de acordo com o geriatra, são: ler muito, principalmente bons livros (além de nos enriquecer culturalmente, esta é a atividade que mais trabalha nossos circuitos cerebrais); fazer palavras cruzadas, sudoku e se divertir com jogos de tabuleiro, como xadrez, dama e dominó; aprender a tocar um instrumento musical (nem que for um tamborim) e dançar, dançar muito. Finalmente, o médico Márcio Borges dá um conselho – que é também um desafio – para os que vivenciam a velhice nestes tempos de smartphones, notebooks e tablets: “Aprendam e usufruam de tudo o que há de bom na internet. É um mundo a ser descoberto e que ajudará muitos idosos a se manterem ativos, aproximando-os da família e dos amigos. Sem falar na possibilidade de fazer novas amizades”. ———————————————————————— Entrevista para Revista Bem Vive
Posted on: Sun, 10 Nov 2013 16:01:59 +0000