PARTE 5 “Só o amor conduz o homem à felicidade” - TopicsExpress



          

PARTE 5 “Só o amor conduz o homem à felicidade” Casamo-nos em outubro depois de uma bela festa, uma lua de mel inesquecível, tudo estava perfeito. Passou um ano, tudo continuava às mil maravilhas. Consegui comprar uma bela casa, de fronte à praça da cidade. Ali estava nosso tesouro, ali estava nosso coração. A vida parecia trabalhar a nosso favor. Tínhamos uma boa casa, um bom emprego e uma felicidade capaz de contagiar a própria natureza. Vieram então os filhos, Carlos José, Pedro Otávio,( cujos nomes fora uma homenagem ao meu grande amigo, o bom velhinho), e Maria Clara, que era para nós a coroação de um amor sem fim. Dez belos anos se passaram, a felicidade continuava. Naquele ano, por ocasião do carnaval, fomos acampar às margens de um belo lago, onde, do outro lado, se via uma paisagem esplêndida, digna da atenção de qualquer mestre da arte da pintura. Crianças corriam livres pelos campos. Suélen e eu sentados na relva, contemplávamos o sol descambando atrás daquela serra, extasiados pela beleza do momento. Com o coração embriagado pelo amor,(envolto) perguntei à Suélen o que mais queríamos da vida. Nesse momento, as crianças começaram a nos gritar: _Venham depressa, venham ver. _Chegamos correndo e vimos uma armadilha, com um belo coelho, que se debatia incansavelmente à procura da liberdade. Peguei o pobrezinho, tire-o da armadilha, mostrei-o para as crianças, que acompanhavam tudo com curiosidade. Maria Clara, ofegante, com seu pequeno coração em festa, disse-me: _Papai podemos ficar com ele? Eu cuido dele. Os meninos prometiam que o limpariam, que cuidaria dele como maior carinho. _Papai, podemos ficar com ele? _Diante daqueles olhinho esperançosos, jamais poderia dizer não. Pensei por mais alguns minutos depois respondi: _Filhos, acho que podem. As crianças gritaram de alegria, Quando serenou a euforia, comentei: _ É Suélen, as crianças tiveram sorte, ganharam um animalzinho lindo para brincar. Falta de sorte foi para este lugar; depois de perder este bichinho, perderá toda a magia. _Você não acha? Entendendo minha intenção, Suélen disse: _ As outras crianças que vierem passear aqui não terão a mesma sorte nossa, de conhecer este belo animal. Sem ele, a natureza perderá parte de seu brilho e a família deste animal sentirá sua falta. Eles talvez perderão a felicidade, assim como perderia a nossa, se nos fosse tirado um de nossos filhos. Saímos dali e fizemos de conta que não tínhamos nem ligado. Maria Clara chamou-nos de novo e disse: _Vamos soltar o coelhinho, o lugar dele é junto ao seus. Soltaram, então, o bicho que, em pouco tempo, desapareceu na mata. Nessa hora, pude perceber que as crianças se sentiram úteis e felizes porque haviam dado vida, não só àquele bicho, mas a toda a sua família. Suélen e eu voltamos para perto do lago. Ela respondeu à pergunta que eu a fizera, anteriormente: _Quando eu subir naquela serra, junto com vocês quatro, e, lá de cima, juntos, abraçados, assistirmos ao pôr do sol, isto para mim será a certeza de minha mais completa felicidade. Foram dois dias de lazer, onde aprendemos mutuamente, que, com amor, seriamos capazes de enfrentar qualquer obstáculo. Felizes, voltamos para casa. As crianças correrão para contar todas as suas aventuras para seus coleguinhas. O telefone de minha casa começou a tocar. Suélen foi atendê-lo. Percebi que Suélen emudeceu. Ficou tão pálida que nos assustou. De repente, começou a chorar. Peguei o telefone. Do outro lado, alguém soluçava, desesperado. Depois de alguns segundos, consegui soltar a voz, dizendo: _ Ele morreu, Ele morreu. Era Jacó, um alcoólatra, que, também, como eu, devia sua vida ao bom velhinho. _ Doutor Pedro Otávio morreu. Santo Deus, o que faremos de nossas vidas? disse ele, e continuou; _ O que vamos fazer com todos aqueles alcoólatras, que tem como único apoio, o nosso bom velhinho? Não existe na cidade outro medico capaz de cuidar de alcoólatra com carinho e amor. Não recebia um tostão sequer de nossos irmãos bêbados. Choramos juntos um bom tempo, desliguei meu telefone e, como robô, fomos á casa do amigo e bom samaritano. Fiquei muito abalado com a morte de meu amigo. Ele era meu confessor. Criou-se uma grande lacuna em minha alma. Apesar de todo o sofrimento, não desesperei. Contava sempre com a ajuda das crianças e de Suélen. Várias frases ditas pelo bom velhinho, jamais esquecerei. Dizia ele:_ “O bom é inimigo do melhor. Não se entregue, pois dias melhores virão. Tudo na vida é acessório: carro, dinheiro, casa, o que temos que preservar, a todo custo, é a própria vida. Vivendo sóbrios podemos conseguir verdadeiros milagres. Vá devagar, amigo, mas vá. Somos tão importantes pra Deus, que somos únicos Viva e deixe viver. Sábio, é aquele que aprende com a experiência alheia, tolo, é o que aprende com a dele própria.” Meu Deus, se eu fosse escrever todas as frases que ele nos passou, certamente encheria várias folhas. Como disse o poeta: “A Saudade é a presença dos ausente.” Com este pensamento, sente que ele sempre estará presente em nossas vidas. PARTE 6 “Devemos nos preparar a cada dia, para as coisas boas e más”. O diretor da nossa empresa estava com a saúde bastante abalada. Ele veio a nós, pedindo que elegêssemos, dentre nós, aquele que seria seu sucessor. Meu amigo Ricardo seria, talvez, o indicado. Era jovem, talentoso, ambicioso e justo. Além do mais, todos o respeitavam. A doença não deu chance ao velho amigo e diretor; ele morreu meses depois, deixando uma grande saudade. Como era previsto, Ricardo assumiu o seu lugar. Sendo ele uma pessoa justa e honesta, colocou meu nome junto à diretoria pedindo a eles que me promovessem, assumindo, assim o seu antigo cargo. Foi logo aceito. Assim, consegui mais uma promoção em minha vida. A alegria em minha casa foi geral, meu salário dobrou, tornei-me importante na empresa. O Natal se aproximava. Ricardo resolveu fazer uma grande festa de confraternização. Convidou todos os amigos, colegas de trabalho e parentes. Contratou bufê, uma pequena orquestra, iluminou toda a casa, comprou presentes, para os filhos dos funcionários. Era uma grande festa, tudo foi devidamente planejado, para que o espírito de Natal reinasse em cada coração. Suélen, as crianças e eu fomos à festa. Estávamos felizes e deslumbrado com tamanho requinte. Houve, troca de presentes, abraços fraterno. A pequena orquestra emocionava a todos com suas músicas natalinas. Meia-noite. Ricardo estourou o champanhe, enchendo todas as taças, para, juntos, brindarmos. Recusei o brinde com champanhe, o murmúrio foi geral. Alguns perguntavam:_ Que mal pode haver, em uma só taça, de uma bebida tão fraca? Insistiram tanto, que peguei minha taça com o coração apertado. Com medo, pude lembrar-me do bom velhinho:_ Filho, uma vez alcoólatra, sempre alcoólatra. Qualquer alcoólatra consegue evitar o primeiro gole, mais nenhum consegue evitar o segundo, o terceiro!!! Com medo de fazer feio, medo das críticas, peguei minha taça. Nesta hora, fui aplaudido. Eu só ouvi aquelas sonoras palavras: “é isso aí, cara”. Brindamos, eu bebi em um só gole. Dizem que: “Em cada gole de bebida alcoólica, existe, lagrimas de esposas, e sorriso de filhos.” A bebida era muito boa; assim eu busquei outra, mais outra, daí em diante, não foi preciso oferecer, eu mesmo tomei a liberdade de me servir e bebi a noite toda. Dia seguinte, pouco me lembrava da noite anterior. Olhei para o outro lado da cama, ali estava Suélen, chorando copiosamente. Perguntei o que houve ela relutou em falar. Com minha insistência, começou a falar, num soluço de fazer pena. Ela disse:_ Você não se lembra de nada, nem do vexame que nos fez passar; você falou milhares de besteiras, cantou no palco, caindo sobre os instrumentos, depois, urinou na roupa. Tentei conversar com você, mas, para fazer graça, jogou-me dentro da piscina. Os meninos, desesperados, com vergonha, não conseguiram nem mesmo trazer os seus presentes. Você tem consciência do Natal que você nos proporcionou ? _Meu amor, me perdoe. Falava com o rosto entre as mãos, com uma vontade enorme de que o chão se abrisse e eu caísse lá dentro, assim, não teria que encarar as pessoas. _O que vou fazer de minha vida? Como vou encarar você, meus filhos e meus colegas? Meu Deus, ajude-me, esta não é a vida que escolhi para minha família. Os dias passaram a duras penas, fui obrigado a encarar, um por um. Uns riam de mim, outros me gozavam; houve pessoas que acharam o fato normal. Seguiram-se os dias, o ambiente em minha casa ainda estava tenso e eu começava a entrar em depressão. Certo dia, quando saía de meu trabalho, encontrei um velho amigo de infância, Geraldo Ele estava todo sujo, mal cheiroso. Era, realmente, um mendigo. Constrangido, resignado, contou-me toda a sua triste história; verdadeira ou não, isto pouco importava. Eu estava tão carente de amizade, que o convidei a tomar um drinque; foi o mesmo que oferecer lingüiça a um cachorro faminto. Travava-se, naquele momento, uma terrível batalha, entre o bem e o mal. _Será que eu bebo? Pensava. Prometi à minha esposa que jamais voltaria a beber. Enquanto o garçom servia a bebida, eu buscava justificar o meu comportamento. Não me apercebera, entretanto, de que me tornara, naquele momento, o maior advogado da bebida alcoólica. Bebemos um litro de conhaque; pedi mais um litro de aguardente, e saímos pelas ruas abraçados, com um litro na mão, rindo como dois tolos, ou dois bêbados. Fomos, madrugada a dentro, em busca de meu doce e infeliz lar. Quando chegamos, Suélen veio nos receber aflita. Havia ligado para a polícia, hospital, até mesmo para o I.M.L, à minha procura. Eu não estava valendo a sua preocupação. Esperava que Suélen nos recebesse com um largo sorriso, pois, afinal de contas, era eu que sustentava a casa. Também fora eu que a desencalhara, na verdade, pensava eu, ela esta é pegando o boi de ter se casado comigo. Suélen, depois de servir-nos o jatar, embora com o coração partido pela tristeza, arrumou a cama de meu amigo, depois voltou para ajudar- me a tomar banho. Jesus, como sofre a mulher de alcoólatra! Dizem que, “casar com um alcoólatra, é matricular-se no inferno”. Ao acordar de manhã, é que pude compreender o significado. desse ditado. Com o quarto mal cheiroso e todo vomitado, ali estava Suélen, de joelhos ao chão, tentava limpá-lo, rapidamente, para que as crianças não percebesse o estado deplorável que eu havia chegado. Mais uma vez, prometi a ela, nunca mais beber. Deus era testemunha, do quanto estava sendo honesto, só que promessa de cachaceiro não dura o dia inteiro. Dias, meses e anos se passaram, e nossas vidas tornavam-se mais difíceis; meu alcoolismo furtava nossas alegrias. Certa manhã, quando cheguei para trabalhar, fui chamado à sessão pessoal. Chegando lá, recebi minha carta de demissão, por justa causa. Tentei reverter a situação, humilhei-me, implorei compreensão, mas nada adiantou. Não restando outra saída, com meu orgulho ferido, gritei bem alto mandado pegar aquela empresa enfiar naquele lugar. Continua...
Posted on: Thu, 29 Aug 2013 16:12:52 +0000

Trending Topics



strong for 3 years now, if not longer!!! The
I actually find it offensive that the Voting Rights Act is

Recently Viewed Topics




© 2015