PONTO DE REFLEXÃO Vida Estamos acostumados a reclamar de coisas simples do cotidiano, de pequenos aborrecimentos, de situações que nos desagradam, contudo, não nos damos conta de que existe um bem que é precioso e a sua simples existência já é motivo para nos regozijarmos e agradecermos a Deus diariamente. Trata-se da vida. Não é segredo para ninguém que na minha profissão de promotor de justiça o que mais me agrada é trabalhar no Tribunal do Júri, função que exerço há quase dezenove anos e, nos últimos quatro, com exclusividade nesta área. Além da questão atinente ao exercício do uso da linguagem, de técnicas de oratória, de didática – já que, por vezes, é necessário explicar aos jurados sobre assuntos técnicos relacionados ao direito – tenho comigo que o que mais me atrai é justamente a relevância dos casos que são julgados, pois em todos eles o bem jurídico tutelado é a vida. A própria Constituição Federal, em seu artigo 5º, quando elenca os valores pelos quais ela iria se pautar coloca em primeiro lugar a vida, depois é que vem a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade. No júri, são julgados os crimes dolosos contra a vida, que são, sem dúvida alguma, os mais graves, já que todos os outros bens podem ser restituídos. A vida, não. Quando um réu é condenado por homicídio ou qualquer outro delito doloso contra a vida, o que se está dizendo é que a sociedade não aceita este tipo de conduta. Se o bem não pode ser restituído, a condenação, ao menos, serve de consolo para os familiares da vítima e a sensação de que a justiça foi feita. Não quero comentar coisas relacionadas ao direito, já que a coluna mudou o seu foco há certo tempo, porém isto que foi colocado acima serve de mote para refletirmos sobre a vida e como, muitas vezes, não sabemos lhe dar a devida valoração. Todos devem conhecer alguém que reclama de tudo e de todos, jamais está satisfeito, sua conversa é sempre desagradável, nunca está contente, é uma verdadeira hiena lamuriante, lembrando uma personagem de desenho animado conhecida como Hardy Har Har. Contudo, por vezes, estas pessoas têm saúde de ferro, não precisam ir ao médico, vivem muito tempo e não se dão conta de que todos os problemas que enfrentam são simples, muitas vezes gerados por elas mesmas. Não percebem que Deus foi generoso com elas dando-lhes saúde perfeita e a possibilidade de escrever o próprio destino. Esta é uma grande verdade. Somos nós que escrevemos o nosso próprio destino. Muitas vezes, a vida nos leva a caminhos que jamais imaginamos, porém, se formos observar bem, são as coisas que fazemos ou deixamos de fazer que selam o nosso presente e o nosso futuro. A maior parte dos nossos problemas é gerada por nós mesmos, pela maneira pela qual nos conduzimos. Já foi dito aqui que o problema tem a dimensão que damos a ele. Há paraplégicos que são felizes, sorriem para as pessoas que estão em sua volta, dão o devido valor para o único bem que ainda lhes resta, que é a vida. Há indivíduos que têm de tudo: beleza, saúde, dinheiro, família estruturada e, no entanto, são verdadeiros Hardy Har Har, só sabem desvelar lamúrias. Por que temos de reclamar da nossa vida se o que acontece com ela é, via de regra, produto daquilo que fazemos? Deveríamos reconhecer os nossos erros, fazer de tudo para corrigi-los e jamais reclamar das coisas desagradáveis que nós mesmos geramos direta ou indiretamente. Por vezes, somos cegos. Não percebemos que os problemas, por mais difíceis que sejam, acabam passando e a vida, após a tormenta, volta à normalidade. O que não podemos deixar de ver é que nos foi concedido um dom maior, acima de todos os outros, pelo qual devemos agradecer todos os dias. Somos nós mesmos que ofuscamos as nossas vistas quando colocamos um determinado problema acima de tudo. Acima de tudo, em nossa existência só existe uma coisa: a vida, que nos foi dada por Deus e que somente por Ele pode ser retirada. André Luiz Bogado Cunha - [email protected] - (Edição de 04-10-2013)
Posted on: Sat, 05 Oct 2013 03:13:40 +0000
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