POR QUE ESCREVO NO FACEBOOK domingo, 25 de agosto de 2013 (Artigo - TopicsExpress



          

POR QUE ESCREVO NO FACEBOOK domingo, 25 de agosto de 2013 (Artigo do Prof.: Luiz Cláudio Jubilato) Uma ex-aluna, que não vejo há anos, me perguntou: “Por que o senhor escreve no facebook, professor? No facebook, as pessoas só leem textos curtos. Isso quando leem! O pessoal está mais interessado em joguinhos ou postar coisas idiotas sobre a própria intimidade. Por que o senhor não escreve um livro?” Primeiro: Adorei o contato com uma pessoa tão distante no tempo e no espaço, afinal uma vez aluna, sempre aluna. Contudo, disse-lhe que achei a opinião algo limitada. Para mim, um pontos centrais é o caráter democrático do Facebook. Cada um posta o que bem entende, o que considera mais importante para si. Quem não gostar de qualquer post, pode se manifestar livremente. Nada é imposto. O Facebook pode vir a se tornar um grande centro de debate intelectual? Até pode. Mas, não é essa a proposta. Se não fossem as redes sociais, os protestos talvez nem acontecessem de forma tão significativa e não haveria tantas discussões e informações sobre elas. Há pontos negativos? Claro, porém ser herói ou vilão é apenas questão de ponto pode vista. Segundo: Eu e o Rodrigo, ex-aluno e parceiro, bancamos a publicação de um livro com meus poemas e belíssimas gravuras dele. Acreditamos que confeccionáramos uma obra prima. Ela até provocou uma análise muito sensível e inteligente da jornalista Vanessa Maranha (Comércio da Franca, 13 de dezembro de 2008) e comentários elogiosos e gentis do Dr. Brasil Salomão (jornal A Cidade), advogado renomado. São as duas pessoas que, com certeza, leram “Imaginô, Criô, Circulô”. Como não conseguimos vendê-lo nas livrarias, passamos a dá-lo de “presente” para alguns “eleitos” ou participarmos de campanhas de distribuição gratuita. Um espertinho, agraciado com ele, numa campanha de circulação gratuita, tentou vendê-lo pela metade do preço da livraria num sebo de Batatais. Se deu mal, está lá encalhado. Se “de escritor e louco todo mundo tem um pouco”, já demos a nossa contribuição à perpetuação do ditado. E chega. Esses fatos até me deram um mote para escrever um artigo: “Quem lê poesia?”. Por sinal, poucas pessoas leram o artigo também. Terceiro: As pessoas escrevem para serem lidas e eu não sou diferente. Vaidade? Necessidade? Terapia…? A resposta para essas questões não as tenho prontas, tenho algumas poucas suposições. Aprendi à custa de uma total mudança de vida que, quem quiser fazer terapia, que vá a um psicólogo ou a um psiquiatra. Escrever pode ser, entre outras coisas, por dor, medo ou prazer. Para fazer terapia, jamais. Como sou movido a desafios, quem sabe não seja pela vontade visceral de lutar com as palavras no ringue no qual se transforma uma tela em branco tal como uma página de papel? Talvez seja pelo simples fato de sentir com os dedos, ossos, pele, olhos e mente, que ainda estou vivo. Talvez seja o velho hábito de ser mais provocador que professor. Vá saber?! Escrever é doloroso, refazer o texto um trabalho suado, desgastante, por isso, em cada escritor, há certo sadismo em provocar o leitor e masoquismo para, além de enfrentar as palavras, submeter-se ao crivo impiedoso dele. Quarto: O autor de um livro constrói um texto individual, uma ideia fechada, apesar de suscitar milhares de outras ideias no leitor. Na maioria das vezes, os que se aventuram a mergulhar numa obra, não têm outra opção a não ser guardar para si suas impressões. Não têm com quem dividi-las. No facebook, o texto é uma obra aberta, coletiva, compartilhada. O texto anda. Há textos meus em provas de concursos, em sites de universidades, em blogs que jamais vi. Um foi parar numa igreja em Apodi, no Acre. Não tenho a mínima ideia onde fica Apodi e muito menos por que o meu texto foi para lá. Há alguns que tenho certeza de que não fui eu que escrevi. Em outros apagaram o meu nome e assumiram autoria. Então, devem provocar algo em alguém, para fazer isso. Quinto: Minhas idéias não cabem numa lata de sardinha, por isso minha ponderações são longas, doa a quem doer. Não me preocupo com agradar quem quer que seja. Não tenho coragem de redigir sobre um tema sobre o qual não pesquisei à exaustão. Nada contra, mas não escreveria sobre vampiros nem bruxinhos. Meu novo livro seria também distribuído entre os amigos, as editoras precisam sobreviver. Sempre agradeço aos que têm a paciência de ler minhas crônicas e meus artigos. Procuro responder a cada um que se predispõe a comentá-los, afinal a contribuição é crucial para os próximos. Aprendi que, quando alguém conversa com você, merece total atenção. Desses comentários muitas vezes nasce o próximo texto. É isso. Espero que sempre tenham prazer nas leituras. No fim de tudo isso, para mim, vale a pena escrever aqui.
Posted on: Sun, 25 Aug 2013 23:33:01 +0000

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