PRAÇA DA LIBERDADE – Foi inaugurada na manhã de ontem, na confluência da praça da Bandeira com a rua Santo Antônio (atrás da Câmara Municipal), a praça Vlado Herzog. Há exatos 38 anos, Herzog era assassinado pela ditadura militar, sob tortura, numa dependência do do II Exército, em São Paulo. Seu nome numa praça tem significado especial. Foi a partir de sua morte, dada como suicídio pelos militares, que a sociedade civil começou a reagir contra a violência da ditadura. O primeiro grito partiu do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, que organizou, com a decisiva participação do cardeal Paulo Evaristo Arns, um ato ecumênico celebrado or ele, pelo rabino Henry Sobel e pelo pastor James Wright, em memória de Vlado, na catedral da Sé, para onde acorreram 8 mil pessoas, 6 mil das quais não conseguiram entrar no templo e ocuparam parte da praça da Sé. Era o povo começando a ocupar as praças. E mais praças passaram a ser ocupadas desde então. Em 1984, na mesma praça da Sé, 300 mil pessoas se juntaram para exigir eleições diretas. Logo depois, no Anhangabaú, 1 milhão de pessoas faziam a mesma exigência. Em seguida, no Rio de Janeiro, mais um milhão ocupava praças e avenidas.E assim foi em todo o país. Na fala que me coube ontem, lembrei os versos de Castro Alves que disse no ato de sepultamento de Vlado, no cemitério Israelita do Butantã, no dia 27 de outubro de 1975: Senhor Deus dos desgraçados/Dizei-me vós, senhor Deus/se é mentira, se é verdade/Tanto horror perante os céus. Os militares consideraram esses versos subversivos. Fui chamada para dar explicações. Ontem, na praça que leva o nome de Vlado vitorioso, disse outro verso de Castro Alves, certo de que não seria acusado de subversão: A praça é do povo como o céu é do condor. Todos nós desfrutávamos, naquela praça, a liberdade que o país começou a reconquistar a partir do sacrifício de Vlado Herzog.
Posted on: Sat, 26 Oct 2013 03:16:53 +0000
Trending Topics
Recently Viewed Topics
© 2015