PREPARAÇÃO FÍSICA PARA ATLETAS DE JIU-JITSU - UMA BREVE - TopicsExpress



          

PREPARAÇÃO FÍSICA PARA ATLETAS DE JIU-JITSU - UMA BREVE REFLEXÃO Por: Raphael Benassi Diretor da BSFEC Especialista em Treinamento Desportivo e Fisiologia do Exercício – UCB. Membro do Grupo de Pesquisa em Fisiologia e Metabolismo – UFRRJ. PREPARAÇÃO FÍSICA ESPECÍFICA OU MODISMO? Nos dias atuais o “boom” dos eventos de luta em todo o mundo leva cada vez mais profissionais de Educação Física a buscarem meios técnicos para aplicação de treinamentos cada vez mais eficientes e diferenciados, que buscam aprimorar a aptidão física de seus atletas, fato que pode ser o diferencial na disputa de um título. Infelizmente muitos profissionais esquecem (ou deixam de lado) alguns princípios científicos primordiais para a elaboração de programas de treinamento. São os Princípios do Treinamento (Individualidade Biológica, Especificidade, Adaptação, Sobrecarga, Supercompensação, Interdependência Volume x Intensidade e Continuidade), sem falar sobre a correta periodização que proporciona o perfeito controle de todo o treinamento de um atleta. Vale ressaltar que qualquer planejamento físico deverá estar embasado nos referidos princípios que, se não forem respeitados, poderão arruinar todo o trabalho desenvolvido ou, até mesmo, lesionar o atleta. Observamos atualmente, em veículos de comunicação digital (Facebook, Orkut, Youtube, Blogs, etc.), muitos profissionais apresentando vídeos com atletas realizando diversos tipos de exercícios e “acrobacias” com sobrecarga dizendo ser um tipo de “Treinamento Funcional” voltado para lutas, outros com atletas subindo morros sustentando cargas absurdas, levantando barras e halteres de forma desordenada e sem sentido, sem falar em trabalhos sem monitoramento de frequência cardíaca (o que eu acho uma verdadeira LOUCURA), tornando-o quase um “tiro no escuro”... Como profissional da área, mais especificamente como preparador físico da área, fico muito preocupado com o que tenho visto e, mais ainda, com as pessoas que estão sendo enganadas por esses "falsos profissionais", pois, como o ditado popular mesmo diz, "O BARATO PODE SAIR CARO". CIÊNCIA NO ESPORTE (E DO ESPORTE) SEMPRE! Primeiramente, nós profissionais que trabalhamos com atletas de alto desempenho, temos que ter um senso crítico apurado. Saber o “por quê” e o “para quê” de um trabalho. Segundo, temos que ter embasamento técnico para elaboração de um programa e, de preferência, ter vivenciado / vivenciar e conhecer muito bem a atividade que estamos trabalhando. Terceiro, temos que ter conhecimentos básicos de Biomecânica e Fisiologia do Exercício, para assim podermos analisar movimentos específicos e otimizá-los e em quarto e último lugar, temos que ter BOM SENSO! Conhecer seu atleta é muito importante. Conhecer seu tipo de jogo, suas deficiências, suas qualidades, etc. Proporcionar a ele sempre um trabalho objetivo e eficiente. Buscar sempre o melhor e com qualidade. A utilização de instrumentos de controle de treinamento é primordial! Não consigo entender mesmo como podemos treinar alguém sem uma planilha com toda a organização os treinos, sem um monitor cardíaco, sem avaliações periódicas, resumidamente, sem nenhum tipo de controle. Como saber o que treinar assim? Como quantificar os ganhos e as perdas? Como saber se seu atleta está ou não dentro dos parâmetros necessários para um perfeito rendimento? Lembro-me até hoje dos treinamentos que fazia com o Atleta Claudio Barbosa (GFTeam), que no auge dos seus 41 anos, na época, rendia tanto quanto um jovem de 25 anos, tudo isso devido a um treinamento bem amarrado, periodizado e aplicado ao seu estilo de luta, onde trabalhávamos sempre nas zonas de frequência cardíaca objetivadas em cada treino, independente se o mesmo era específico de força ou de resistência aeróbia... Isso gerava um controle total de todo seu rendimento. Lembro-me também do Gabriel Marinho que, após um bom tempo de preparação específica, conseguiu um aumento de força específica considerável que proporcionou um pódio no Brasileiro de Jiu-Jitsu (3º lugar), com ótimo rendimento físico... PERDA DE PESO FORÇADA OU TENTATIVA DE HOMICÍDIO? Esse é um assunto que dá sempre o que falar... Bom, sinceramente na minha opinião, eu acho o que hoje é feito dentro do cenário das lutas pode ser considerado uma insanidade! Por que? Tenho alguns argumentos que podem deixar bem claro minha posição sobre isso... As lutas, principalmente as que exigem grande contato (Judô, Jiu-Jitsu, Luta-Livre, Wrestling, etc), necessitam de cerca de 60% a 70% do uso de força dinâmica e isométrica, o que sugere que uma musculatura bem forte e resistente é primordial para um mínimo de rendimento físico durante um combate. Para tal, é necessário, além de todo o processo de treinamentos específicos (físicos) uma boa hidratação e um acúmulo de nutrientes (a níveis celulares) significativos, proporcionando uma melhor continuidade nas contrações musculares, sua manutenção (tempo de contração), menor produção de radicais livres e, consequentemente, menor níveis de fadiga central e periférica. Quando "cortamos" peso dos nossos atletas, de forma aguda, fazemos com que um processo de choque metabólico ocorra, reduzindo drasticamente os níveis de água e nutrientes. Isso faz com que o organismo, como "arma de defesa", utilize-se de ferramentas "catabólicas" para a manutenção dos estados funcionais, utilizando, por exemplo, da musculatura, o glicogênio estocado como forma de energia (que está baixa devido à dieta e as atividades para baixar o peso), aumentando a produção de glucagon. O glucagon ajuda a manter os níveis de glicose no sangue ao se ligar aos receptores do glucagon nos hepatócitos (células do fígado), fazendo com que o fígado libere glicose - armazenada na forma de glicogênio - através de um processo chamado glicogenólise. Assim que estas reservas acabam, o glucagon faz com que o fígado sintetize glicose adicional através da gliconeogênese. Esta glicose é então lançada na corrente sanguínea. Estes dois mecanismos levam à liberação de glicose pelo fígado, prevenindo o desenvolvimento de uma hipoglicemia. Analisando superficialmente esta situação, ainda podemos destacar que um atleta com níveis de glicose baixos, durante uma luta, ainda promovem grande liberação de amônia, o que também influencia na queda significativa de rendimento. Podemos ainda argumentar dentro da fisiologia sobre a desidratação, que eleva os níveis de sódio, gerando elevação da pressão arterial e sobrecarga renal... Dentro do treinamento, é claro e evidente que não existe progressão nos níveis de força e potência com um atleta subnutrido. Isso é impossível! Bom, mas mesmo sabendo disso tudo, ainda tem gente que defende estes métodos, argumentando que o atleta não está pensando em sua saúde, mas sim no resultado... dizem que conseguem "repor" em um dia tudo o que foi "cortado"... que o atleta estará 100% recuperado em um dia para lutar bem... que é melhor deixá-lo bem acima do peso em "off" para ficar no peso abaixo e mais "forte" no dia da luta... tolice extrema! Com esses argumentos colocados acima, podemos ver que os resultados podem ser seriamente prejudicados por um trabalho mal realizado ou até mesmo levar um atleta a problemas sérios como choques metabólicos ou até mesmo a morte. Eu defendo que um atleta planejado é aquele que está, no máximo, com cerca de 2-3Kg acima do peso, isso em, no máximo, 1,5 mês antes do evento-alvo, o que proporciona ao preparador físico e nutricional um maior tempo e tranquilidade para redução dos níveis de gordura corporal e, consequentemente, o peso do atleta, sem prejudicar os treinamentos de força, ocasionando em um ótimo ganho de performance. Isso sim é o ideal, dentro dos padrões fisiológicos e nutricionais. Respeito muito os profissionais que defendem estes métodos, pois até hoje são usados e muitos atletas conseguem resultados, mas isso tudo, a longo prazo, com certeza não irá gerar efeitos agradáveis tanto nos níveis esportivos quanto os de saúde. UMA SUGESTÃO... Busquem sempre se aprimorar tecnicamente. Participem de cursos, congressos e grupos de estudo voltados à área em que planejam trabalhar. Lembrem-se sempre de que é importantíssimo um bom PLANEJAMENTO para um excelente RESULTADO! Em breve estarei escrevendo sobre Treinamento Cardiorrespiratório voltado ao Jiu-Jitsu. Um abraço a todos! Prof. Raphael Benassi.
Posted on: Sat, 07 Sep 2013 10:39:58 +0000

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