PUNIU-SE O AMOR Veio-me o caso de dois amantes – ela menor (13) de 14 anos, ele maior. Houve conjunção carnal. Para a lei: ‘estupro de vulnerável’ – houve a denominada “violência presumida”. Para o afeto: um ato de amor. (planejavam viver em uma casinha – branca?...). Como censura: oito anos de reclusão. Não quero o debate insípido sobre quando é o amor. Se ele é infantil, maduro, velho, moribundo, maltrapilho, branco, amarelo, negro, incolor... importa que seja o amor somente... (tão pouco me deterei sobre especulações relativas ao “um aproveitador”; “uma menina ingênua” ou um isso ou um aquilo). A “sentença”, de um processo muito bem instruído, inclinou-se pelo amor e absolveu o amante (possivelmente porque, quem julgou inicialmente, pode observar os olhares, as lágrimas, a trêmula voz implorando, a dor da ‘vítima da paixão’ e não duvidou das intensas afeições correspondidas). Contudo, para a instância acima, não mais se discute o caráter ‘relativo’ da violência presumida: é menor de 14? Estupro e pronto e ponto – é a verdade e aceitem sem questionar. Moravam em um lugarejo. Pela manhã, a colorida algazarra dos pássaros. O cheiro da terra; o ruído serpenteante do riacho ao largo. E à noite, a morna luz da lua, é possível, acalentava os longos suspiros dos amantes... Hoje ele está em uma “Ala” ou “Raio” de um presídio. Ela, talvez quem o coração agora vela saudades, não sei. Para os céticos e dogmáticos, aviso que o condenado é primário, trabalhador, com humilde residência fixa e não soube evitar a inebriante face do amor. Ah, ele é pobre... Que lindo gesto o da doutora Juíza – sabia que existiam carinhos e não podia punir o amante... não podia punir o amor...
Posted on: Thu, 03 Oct 2013 06:39:21 +0000
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