Para compreendermos os conflitos psicológicos tão profundamente - TopicsExpress



          

Para compreendermos os conflitos psicológicos tão profundamente arraigados em nossa essência, não devemos considerá-los de maneira puramente verbal ou intelectual. Matrix nos mostra através de seu personagem “Mouse” – o arquétipo do Intelecto – que não podemos resolver nossos conflitos psicológicos através do intelecto. O intelecto é capaz de explanar problemas, conflitos, mas a explicação, por mais erudita, por mais sutil que seja, não representa a realidade. De nada serve explicar para um homem faminto as qualidades protéicas, os nutrientes de uma iguaria, de um complexo alimentar; isso para ele não tem nenhuma serventia para saciar sua fome de alimento sólido. Se queremos compreender nossos conflitos psicológicos, temos de apreciá-los não intelectualmente, porém real e totalmente. Somente com o silenciar, simbolizado pela “morte” do intelecto é que podemos nos empenhar a fundo e nos libertarmos das redes do pensamento condicionado que tenta destruir a mente e o coração. Matrix, através de seu personagem Mouse, nos mostra que se queremos entender a finalidade da vida, não podemos nos conformar com as explicações intelectuais que criam uma finalidade ideológica, com a qual muitos de nós procuram viver. Para muitos, quanto mais urgente se torna o problema psicológico, tanto mais tratam de fugir do mesmo através de uma certa explicação ideológica criada pelo intelecto e, nessa armadilha, ficam aprisionados. Matrix mostra que as tentativas de fuga criadas pelo intelecto acabam sempre em becos sem saída com suas janelas falsas. Se queremos compreender a nós mesmos, a confiabilidade no intelecto precisa morrer. Somente as pessoas realmente sérias conseguem sair da armadilha da dissertação verbal e intelectual de um problema e enfrentar-se com ele com a totalidade do seu ser. Pela palavra sério entendemos a capacidade de “deixar para traz” a intelectualização e examinar o problema até o fim e resolvê-lo. Resolvê-lo, não conforme as inclinações pessoais ou o temperamento de cada um, ou sob pressão do ambiente, porém, deixando tudo isso para traz e investigando até o fim da verdade relativa a uma dada questão. No entanto, essa seriedade parece um tanto vaga. Para resolver nossos conflitos psicológicos, temos de ser sérios e possuir também certa capacidade de percebimento, de atenção, uma vez que ninguém pode resolvê-los por nós. Evidentemente que todas as criações do intelecto – religiões, sistemas de crenças, organizações – nenhuma delas podem nos ajudar; são coisas obviamente sem significado, totalmente adolescentes. Pode-se observar em todo o mundo que a chamada nova geração está deixando de lado essas futilidades românticas, características da adolescência, criadas pelo intelecto – igrejas, deuses, templos, rituais, mantras etc. Para o homem sério, as autoridades psicológicas criadas pelo intelecto perderam toda a importância. Neo entra em pânico e pensa em retroceder Matrix nos mostra que não se pode confiar em ninguém, nem em Salvadores, nem em Mestres. E, somente após termos rejeitado realmente, totalmente, todos os livros, filosofias, santos, anarquistas é que podemos nos ver frente a frente com nós mesmos, e pela primeira vez nos ver tal como somos. Isso é um fato um tanto assustador e, por vezes, desanimador. Nesta altura, sempre ocorre uma forte tendência de retroceder para a velha estagnação. Somente as pessoas realmente sérias são capazes de atravessar esse portal e seguir em frente, rumo ao desconhecido de si mesmo. Não há criação alguma do intelecto capaz de solucionar nossos conflitos psicológicos; não há filosofia, literatura, dogmas, ou rituais capazes de solucioná-los. A tendência de retrocesso fica bem evidenciada no diálogo entre Morfeu e Neo, logo após o “surto de pânico”, onde Neo chega até a vomitar. Outra cena em Matrix que retrata a tendência para o retrocesso para o velho padrão condicionado é aquela em que Cypher almoça com a gente Smith. Agora, vejamos o diálogo que ocorre nesta cena entre Morfeu e Neo: Neo: Eu não posso voltar, posso? Morfeu: Não. Mas, se você pudesse você realmente iria querer? Eu te devo desculpas. Temos uma regra: nunca libertamos uma mente após ela atingir certa idade. É perigoso. A mente tem problemas em esquecer. Eu já vi acontecer e sinto muito. Eu fiz o que fiz porque fui obrigado. Quando a Matrix foi construída, havia um homem nascido nela que tinha a habilidade de mudar o que ele quisesse para refazer a Matrix a seu modo. Foi ele que libertou o primeiro de nós e nos mostrou a Verdade. Enquanto a Matrix existir a raça humana nunca será livre. Quando ele morreu o Oráculo profetizou sua volta e que sua chegada coroaria a destruição da Matrix, o fim da guerra e a liberdade para o nosso povo. E por isso nós passamos a vida fazendo buscas pela Matrix procurando por ele. Eu fiz o que fiz porque acredito que a busca terminou. Descanse um pouco, você vai precisar. Neo: Para que? Morfeu: Para o seu treinamento. (...) Quanto mais séria a pessoa e quanto mais urgente o problema, essa própria urgência recusa a autoridade, o governo do intelecto que tão facilmente aceitamos. Em questões psicológicas, nada se pode compreender intelectualmente; poderemos ouvir palavras, explicações, descobrir causas, mas isso não traz compreensão. Na observação de nós mesmos, a compreensão só pode se verificar quando a mente, que inclui o cérebro, está totalmente atenta, silenciosa. A compreensão de um problema psicológico se verifica sem a reação condicionada do pensamento. Compreensão é ação imediata.
Posted on: Wed, 10 Jul 2013 13:22:34 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015