Para meu agrado, mas para quem tinha esperança que o DOURADO - TopicsExpress



          

Para meu agrado, mas para quem tinha esperança que o DOURADO teria a pesca liberada na bacia do Rio Urugua segue abaixo última avaliação ambiental da espécie: Salminus brasiliensis ocorre no Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai e Bolívia, nos rios da bacia platina, incluindo o rio Uruguai, e sistemas adjacentes, incluindo o sistema da laguna dos Patos, além da bacia do rio Madeira. Habita a calha de rios médios a grandes, sendo considerado migrador de longas distâncias (mais de 500 km). A espécie realiza migração reprodutiva ascendente na estação chuvosa, entre os meses de setembro e dezembro, dependendo desses deslocamentos para completar seu ciclo reprodutivo e se perpetuar. Atualmente, a principal ameaça à espécie são os represamentos hidrelétricos que, além de interromperem as suas rotas migratórias, alteram o regime hídrico natural, transformando ambientes lóticos em lênticos e modificando a dinâmica sazonal de cheias do rio, as quais servem de impulso para o início da reprodução da espécie. Sistemas de transposição (como escadas de peixes, por exemplo) têm-se mostrado ineficientes para a manutenção das rotas migratórias (tanto ascendentes quanto descendentes) do dourado. As ameaças provocadas pelos barramentos incluem também a alteração na turbidez da água e a perda de habitats marginais e riachos tributários, fatores extremamente importantes para a proteção e crescimento de ovos e larvas da espécie. A poluição das águas, o desmatamento da vegetação ciliar, a mineração nas margens de rios, o repovoamento com matrizes geneticamente inadequadas, a pesca predatória clandestina e a fiscalização deficiente dessas atividades representam ameaças adicionais às populações da espécie. Nas drenagens da laguna dos Patos, o declínio acentuado das populações de dourado é evidente, tendo sido, no passado, uma espécie abundante e comumente pescada, e sendo, atualmente, uma espécie extremamente rara. Com base no declínio na sua área de extensão e na qualidade de seus habitats, bem como em níveis reais e potenciais de exploração, estima-se que a população de S. brasiliensis do sistema da laguna dos Patos tenha declinado em cerca de 50% nos últimos 30 anos (correspondendo a três gerações da espécie). Por esses motivos, a população de S. brasiliensis do sistema da laguna dos Patos foi enquadrada na categoria Em Perigo (EN) pelo critério A2cd. Tendo em vista o isolamento desse sistema hidrográfico, não há fluxo gênico com populações de outras bacias e o ajuste à avaliação regional não alterou a categoria da espécie. O curso do rio Uruguai e de seus principais afluentes atualmente encontra-se fragmentado pela implementação de uma sequência de barragens e reservatórios. Apesar de o dourado ser declarado espécie ameaçada desde 2002 e, com isso, ter sua pesca proibida, a situação de conservação da espécie não melhorou significativamente devido à construção de novos barramentos no rio Uruguai e nos seus tributários. Embora cardumes da espécie possam ser observados e eventualmente capturados, esses encontram-se confinados a determinados trechos do rio livres de barramento, que nem sempre oferecem condições plenas para a reprodução, desenvolvimento e perpetuação da espécie. Considerando que o dourado necessita de trechos livres de rio, os habitats disponíveis para a espécie no sistema do rio Uruguai são restritos. A análise histórica indica que a área de ocupação original do dourado na bacia do rio Uruguai é de 1307,8 km² e cerca de 18,6% (-243,1 km²) dessa área já foi perdida pela conversão de trechos de rio em reservatórios e pelos trechos de rios remanescentes entre reservatórios cujo tamanho foi considerado insuficiente para manutenção de populações persistentes a longo prazo. Com a perspectiva futura de construção de novas hidrelétricas (Garabi, Panambi, Itapiranga e Pai-Querê), esse percentual de perda deve chegar a 46,9% (-613,36 km²), restando apenas 53,1% (694,44 km²) de área disponível para o dourado na bacia. Essa situação é ainda agravada pela severa fragmentação entre os habitats disponíveis e pelo declínio na área de ocupação e na qualidade do habitat, justamente devido à presença das barragens, dos reservatórios e das alterações por eles ocasionadas. Em razão da sua área de ocupação severamente fragmentada e menor do que 2.000 km², e do declínio na qualidade do habitat, bem como da redução da população projetada em mais de 30% com base no declínio da área de ocupação em 30 anos (correspondendo a três gerações da espécie), a população de S. brasiliensis do sistema do rio Uruguai foi enquadrada na categoria Vulnerável (VU) pelos critérios A4c+B2ab(ii,iii). O ajuste à avaliação regional não alterou a categoria da espécie, tendo em vista que o fluxo gênico e a imigração de populações do rio Paraná são pequenos devido ao isolamento parcial do sistema do rio Uruguai acima da represa de Salto Grande e os poucos tributários da margem argentina foram considerados insuficientes para propiciar imigração significativa para os trechos brasileiros.
Posted on: Mon, 08 Jul 2013 20:19:21 +0000

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