Para quem perdeu os primeiros capítulos do MEU LIVRO, "FUTEBOL: - TopicsExpress



          

Para quem perdeu os primeiros capítulos do MEU LIVRO, "FUTEBOL: NA SAÚDE E NA DOENÇA", de Maurício Rossi, AQUI ESTÃO OS 4 PRIMEIROS DESSA HISTÓRIA. BOA LEITURA. Primeiro Capítulo O ano era 1969. O mês, dezembro. O dia, 21. Exatos seis meses antes da conquista do Trimundial da Seleção Brasileira. Eram quase três horas, quando um menino pesando cerca de 3 kg chegou ao mundo. O Hospital e Maternidade São José do Brás, na Avenida Celso Garcia, no bairro do Belém, foi o local escolhido pela família – por razões óbvias, explicadas adiante neste livro - para o nascimento do bebê. Um garotão, louro, olhos azuis, saúde perfeita, mas que um dia, lá na frente, ela seria afetada. Assim, eu começava meu caminho pela Terra. Meus três primeiros anos de vida foram vividos com meu pai, Moacyr, minha mãe, Suely, e meu irmão, dois anos e sete meses mais velho, Marcelo. Todos numa ampla casa, no bairro do Ibirapuera, em São Paulo. Aliás, no local onde estava a bucólica casa, localiza-se hoje o Shopping Ibirapuera. No terreno, além da casa térrea alugada por meu pai, havia outras que faziam parte do espaço que abriga um dos maiores shoppings do Brasil. Meu pai era responsável pela tesouraria da empresa em que trabalhava, precisava dar apenas alguns passos para chegar ao serviço, a Fiação Indiana, bem colada à casa da família Araújo. Sim, Rossi é sobrenome de minha mãe. E eu o adotei. Achei mais simpático do que Araújo. Que me perdoe meu avô, também Moacyr. Os aviões voando baixinho, bem próximo do extenso quintal, onde minha mãe estendia a roupa. Pertinho dali fica o aeroporto de Congonhas. Brincar com a altura pela qual as aeronaves sobrevoavam a residência era muito comum. "A gente pegava uma vassoura para tentar alcançar os aviões", diz sorrindo, dona Suely, minha mãe, hoje com 68 anos. Na época, dona Suely e seu Moacyr, ou Ciso, como é chamado por minha mãe e por muitos amigos até hoje, já faziam outros planos. Um deles era voltar para o bairro do Belém, na Zona Leste da capital paulista. Isso explica os motivos da opção do Hospital São José do Brás para o meu nascimento. Foi naquele bairro que meus pais foram criados. Os dois de famílias muito humildes. Mas um outro objetivo traçado era ter mais um filho. Este viria em junho de 1972. Mais um com o nome iniciado pela letra M. O caçula, raspa de panela, Mauro, ficou pouco tempo na casa do Ibirapuera. Quando ele tinha 6 meses, fomos para a Zona Leste, onde até pouco tempo atrás ele morou com meus pais. Na mesma casa, a penúltima do lado direito de quem segue para o final da pequena travessa sem saída. A casa de número 204. Foi nessa “vila” que a linha do cerol enrolada em dois postes para secar por muito pouco não me deixou cego. Nela, os tombos de bicicleta, os tropeções nos chinelos de borracha nas brincadeiras de mãe da rua, as corridas no lasca-romeu, os aniversários com bailinhos e rostinho colado nas músicas lentas. Tudo é revivido como um filme que vem à minha cabeça a cada visita a meus pais. Aliás, dificilmente, passo uma semana sem pisar lá. Quando ainda estava na casa do Ibirapuera, perdi minha avó paterna. Era 1971, dias depois de o São Paulo disputar uma final de campeonato paulista, contra o Palmeiras, no famoso gol de mão de Leivinha, anulado pelo árbitro Armando Marques, vovó Maria foi para um outro plano. Perda irreparável. Mas que em algumas ocasiões pôde ter sido confortada com palavras proferidas por minha tia Walquíria, ou como todos a chamam, tia Kiria. Com uma mediunidade à flor da pele, recebia nas reuniões feitas nas casas dela e de minhas outras tias (meu pai tem 4 irmãs e 2 irmãos) o espírito de minha avó. Ali, foi o meu início no Kardecismo, cuja religião sigo até hoje. A minha fé vem de muito tempo. Capítulo 2 - O início na rua Jupira Com o passar dos anos, em janeiro de 73, nosso destino foi a Rua Jupira. Mooca, Belenzinho, Alto da Mooca, até Quarta Parada as pessoas chegam a citar para o nome do bairro em que fica a casa, desta vez comprada, por meu pai. Muita história foi passada no sobrado, de dois dormitórios, duas salas, dois banheiros, cozinha, lavanderia e garagem para três carros. A casa teve uma grande reforma em 1986, ano da Copa do Mundo do México. Durante as marretadas nas paredes, pisos destruídos, azulejos trocados, uma verdadeira transformação viveu a casa. Para subir ao piso superior da residência, a façanha era feita através de uma simples escada de pedreiro. Uma aventura, mas era engraçado. Conto isso com certa saudade. Porém, minha mãe não relembra com entusiasmo essa passagem, já que reclamava barbaridade da sujeira, do pó que se via no local durante o tempo que durou toda reforma. Mas ainda bem antes da mexida na casa, um ano após a mudança, em 1974, eu já podia perceber a importância do futebol dentro e fora de casa. A primeira decisão de Libertadores que o São Paulo Futebol Clube disputou foi vista por meu pai e, claro, eu estava junto, na então pequenina sala. Doente, aficcionado pelo São Paulo até hoje, meu pai já mostrava aos filhos o que era ser um apaixonado pelo time. Embora, nem ele saiba explicar, nunca vestiu uma camisa do clube. Confesso que não me lembro de nada daquela final, mas segundo ele, no último jogo, que definiu o título a favor do Independiente, da Argentina, o sofá que ainda está na minha memória recebeu uma grande pesada de raiva dada pelo “velho”, na ocasião com 32 anos de idade. O jogo que definiu esse campeonato foi disputado na cidade de Santiago, no Chile, já que teve que ser disputado um terceiro duelo. A partida estava 1 a 0 para o time argentino, quando o São Paulo teve um pênalti a favor e a chance de empatar o jogo. Mas Zé Carlos Serrão, que dirigiu muitos clubes brasileiros, principalmente do interior paulista, desperdiçou a cobrança, batendo nas mãos do goleiro. Para tristeza de meu pai, a taça ficou com a equipe de Avellaneda. Ainda em 74, uma outra lembrança futebolística. Na Copa do Mundo, realizada na Alemanha, eu com apenas 4 anos e meio de idade, lembro-me de uma bandeira quadriculada confeccionada, nas cores verde e amarela, na máquina de costura que ficava no quartinho do fundo. O autor foi o Zé. Uma das pessoas que mais curti na vida. Um tio, primo, amigo, companheiro. A cada vez que a campainha de casa era tocada, abríamos a janela para ver quem era. Quando a gente avistava o Zé, era uma alegria imensa. As lágrimas que escorrem dos meus olhos são inevitáveis quando o assunto é José Raphael Andreoni, o Zé. Casado com Magdalena, prima de minha mãe, era um cara divertido à beça. Torcedor do Corinthians, Zé faleceu no ano de 1998, quando eu atravessava, certamente, a pior fase da vida. Mas que será contada adiante neste livro. Capítulo 3 – Eu vi Pelé No ano seguinte a esse Mundial, a primeira final de campeonato paulista que vi in loco. Fui levado, com apenas 5 anos de vida, por meu pai para assistir a São Paulo e Portuguesa, no Morumbi. Mas, talvez, meu primeiro jogo em um estádio de futebol não tenha sido do meu clube do coração, pois, em 1974, Santos e Portuguesa jogaram no Pacaembu e fui junto com meu pai e tios. Nessa partida, Pelé marcou mais um lindo gol na carreira. Ele recebeu, matou no peito e, sem deixar a bola cair, virou para o gol de pé esquerdo. E detalhe: o Santos estava de camisa listrada, enquanto a Lusa jogou de branco. Eu me lembro que fomos em bom número ao Pacaembu. Todos estávamos na casa de meus avós, na rua 21 de abril, no bairro do Belém. Era palmeirense, corintiano e são paulino para ver o Rei santista. E depois, muitos anos mais tarde, pude ver Pelé, pessoalmente, em duas ocasiões curiosíssimas. A primeira, em 1995, quando eu trabalhava no São Paulo Futebol Clube. Os detalhes desse prazeroso trabalho contarei mais adiante. Mas nesse dia, quando o São Paulo apresentava ao mundo, mas que até hoje nunca vingou, o projeto Morumbi Século 21. Pelé chegava ao evento cercado por várias pessoas e seus assessores. Eu o fiquei olhando como uma criança que se depara com um Papai Noel, coisa assim. O Rei se aproximou para assinar o livro de presença na festa. Eu peguei a caneta, que ele usou, e assinei logo abaixo o meu nome, na lista. Parecia um sonho. Eu ao lado de Pelé. Numa outra ocasião, quando eu trabalhava no site Pele Net, em 2001, o maior jogador do mundo de todos os tempos entrou no prédio, que ficava na avenida Brigadeiro Faria Lima, e foi visitar a redação em que eu frequentei por alguns meses. Mas um susto enorme marcou aquele dia. Vários repórteres, e é sempre assim quando Pelé está em algum evento, estavam na cola do Rei. Quando ele entrou no elevador para deixar a redação, alguns repórteres entraram junto, e o aparelho desceu, pelo menos, um metro e parou. Todos saíram, rapidamente. Inclusive, Pelé. A rua 21 de abril, de onde saí para ver Pelé jogar, para mim, é repleta de recordações. No quintal da casa 1457, as boladas, os chutes fortes do tio Caio (irmão de minha avó Amélia) e de tio Manoel (outro irmão de minha avó) com uma bolinha de plástico vermelha não têm como esquecê-los. Meus gambitos ardiam com as batidas no improvisado gol do quintal. Lá, ao lado de minha avó, vivia a poucos metros a irmã dela, tia Rosa, mãe de Magdalena, e corintiana. Ela e tio Piano (nome dele era Ulpiano) moravam numa casinha apertadinha, mas que sobrava espaço para o amor. Eu adorava a água que ela servia numa moringa (recipiente de barro para conservar água gelada). A poucos quilômetros de lá, situa-se a rua Jupira, onde desde muito cedo vi a casa de meus pais ser invadida por amigos e tios são-paulinos para festejar ou lamentar cada vitória ou tropeço do meu time, de meus irmãos e do meu pai. O São Paulo sempre esteve, por muitas vezes, acima de tudo. Se o clima não estava bom por algum motivo, uma vitória do Tricolor já dava outro ânimo para a família. Minha mãe nunca foi muito de sofrer pelo São Paulo. Claro, sofria nas derrotas, porque tinha que ver o sofrimento de marido e filhos. Na verdade, ela veio de família corintiana. O irmão dela, Amadeu, meu tio, é doente pelo alvinegro do Parque São Jorge. Minha avó Amélia, um doce de pessoa, e que partiu para outro plano em 2009, aos 89 anos, também torcia pelo time do filho, assim como meu avô, Alfredo, que mora no céu desde 2003, quando estava prestes a completar 85 anos, também não era muito do futebol. A preferência dele era pelos cavalos. Adorava o Jockey Club. No dia 15 de maio, dia da morte de “Alfredinho”, assim carinhosamente a gente o tratava, o São Paulo enfrentava o Goiás pela Copa do Brasil. O 1 a 1 eliminou meu time. Mas vou confessar uma coisa: naquele dia, à espera da liberação do corpo de meu avô, no IML (Instituto Médico Legal), fomos para casa assistir ao jogo. Naquele dia, passei, ao lado de Wanderley Nogueira e Fredy Júnior, boa parte dele em Santos, no gramado da Vila Belmiro. Duas entrevistas fez meu mestre Wanderley, com o goleiro Fábio Costa e o volante, Renato. Curiosamente, 15 de maio é quando comemora-se o aniversário de um dos maiores ídolos da história do São Paulo Futebol Clube: Raí. O meia está na minha lista dos principais jogadores do clube. Raí é, para mim, o maior que passou por lá. Por tudo o que fez. Foram gols de todos os jeitos. A personalidade, o carisma tudo ajudou a construir essa história gloriosa. Outras curiosidades do 15 de maio. Dia do casamento de seu Alfredo e dona Amélia. Casaram-se em 1943. Tem mais. Essa lembrada com muita tristeza. Foi em 15 de maio de 1994 que encararei o enterro do meu primo Marcos, filho de Zé e Magdalena. Aos 32 anos, o Marcão foi levado para outro plano. Vítima de HIV, os recursos da época não foram suficientes para evitar o pior. Nesse mesmo dia, Palmeiras e Corinthians jogavam no Pacaembu, com vitória palmeirense por 2 a 1. Estávamos no cemitério do Araçá, que fica bem próximo do estádio. Era o último jogo do campeonato paulista. Dois domingos antes, o Brasil perdia um dos maiores ídolos da história do esporte. No primeiro dia de maio, a morte de Ayrton Senna fez um país inteiro parar e chorar. Eu estava bem próximo ao autódromo de Interlagos. Não, calma!!! Eu sei. A corrida que interrompeu a vida do piloto brasileiro não foi no Brasil, mas, sim, na Itália. Eu vivia pelas redondezas do autódromo paulista porque tinha uma namorada quase vizinha ao local. Naquele dia eu dormia lá e fui acordado pela notícia de que Senna havia batido forte. Logo, veio a confirmação da morte. Foi um baque, porque, apesar de eu não ser nenhum apaixonado por automobilismo, acompanhava as corridas, claro, por causa do Ayrton. Também, nesse mesmo 1º de maio, um grande jogo estava marcado para o Morumbi. Deixei o bairro de Interlagos por volta das 14h30 e dirigi-me ao estádio são-paulino. Milhares de torcedores foram assistir ao clássico no pior clima possível. O Palmeiras venceu por 3 a 2. Um jogão. As duas torcidas levaram bandeiras homenageando o tricampeão, que era corintiano. Capítulo 4 – Os domingos de futebol Mas minhas manhãs de domingo não eram, exclusivamente, reservadas para acompanhar a Fórmula 1. Muito pelo contrário. Durante muitos anos, o destino foi o campo do Guarany do Brás. O futebol de várzea fazia parte da minha rotina. Careca no meio, gramado, mas nem tanto, nas beiradas. O Bugre varzeano nasceu em 31 de maio de 1952. Do Brás, ele leva o nome. Mas joga há muitos anos nesse campo que fica no pé da ponte da Vila Maria. Em muitas ocasiões, as corridas eram vistas, já no final, ou não, na sala da casa de meus avós, pois eram lá, praticamente, todos os domingos, nossos almoços. Muitas vezes sofisticados pela competência de minha tia Neuza, irmã de meu avô. Meu tio Amadeu sempre foi um amante das provas da maior categoria de automobilismo do mundo. Sem falar das emoções que o campeonato italiano trazia, na época, também, com Careca e Maradona desfilando categoria no Napoli. A todo momento penso em meus avós. Em todos eles. Mesmo apesar do pouco convívio que tive com os pais do meu pai. Seu Moacyr, meu avô, foi para o plano espiritual aos 72 anos, no dia 6 de setembro de 1979. O enterro foi no cemitério do Araçá. Eu estava brincando com o Valdir (amigo e primo) na casa dele. Mas meu pai pediu para que eu fosse ao enterro. Uma frase que guardo de meu avô é que eu era o neto que mais gostava. Se era um segredo, já foi falado aqui (risos). Diga-se de passagem, seu Moacyr deixou uma grande herança para a família. Afinal, o São Paulo Futebol Clube era uma das paixões de meu avô. Foi um dos fundadores do clube do Morumbi. Em 1995, quando trabalhava no São Paulo, como estagiário do departamento de Marketing, vi o primeiro livro de Ata de reunião em que aparece a assinatura dele. Foi uma emoção muito forte. Ver a assinatura de meu avô, as letrinhas escritas por ele, Moacyr Rello de Araújo, mexeu comigo. Ele viu o São Paulo nascer. Só posso ter muito orgulho disso. Meu pai conta que o pai dele levava a renda do jogo para casa e ia acertar as contas no dia seguinte. O carinho que tinha por meus avós maternos era algo indescritível. As lembranças, melhores possíveis, machucam a alma. Saudade que vem desde a época em que moravam na casa da rua 21 de abril. Depois, mudaram-se para a casa de meus pais, na Jupira, passando depois a morar em outras casas pela região. Uma das recordações, na casa de meus avós, aconteceu no sobrado da rua Carmela Puglia, no Belém, onde uma cena não sai da memória. Meu tio, Amadeu, assistiu comigo, na época com 10 anos, à boa parte de uma partida entre São Paulo e Strikers. Era um jogo amistoso nos Estados Unidos. Ele deixou a sala da casa para ir ao quarto, no andar superior, para dormir, quando o Tricolor Paulista perdia por 3 a 0. No final, o São Paulo, com Serginho Chulapa, empatou o jogo por 3 a 3. Fui bater na porta do quarto e, claro, ele nem respondeu (risos). Nessa mesma casa, eu “sofri” com o tio Antonio. Na verdade, ele era tio de minha mãe. Palmeirense, ouviu um jogo entre Palmeiras e São Paulo junto comigo na apertada cozinha. O time do tio Antonio venceu por 3 a 0, em jogo realizado no Pacaembu, em 1981. Eu me lembro que quem fez o último gol daquela partida foi o Romeu Cambalhota, que jogou pelo Corinthians, e que, também, fazia eu sofrer quando estava no outro rival. Por algum motivo, não pude ir com meu pai ao estádio naquele dia. O radinho já fazia parte de minha vida. Eu posso me lembrar da cena como se fosse hoje. O aparelho ligado sobre a geladeira, dividindo espaço com um belo pinguim que a enfeitava. Um outro Choque-Rei, assim apelidado o clássico São Paulo e Palmeiras, eu perdi. Não fui ao Morumbi. Era um duelo realizado três anos antes daquele, quando Milton Cruz, hoje auxiliar-técnico do São Paulo, fez o gol do Tricolor, enquanto Beto Fuscão empatou para o Verdão. Naquele dia, por estar com sarampo, fui “enganado” por meu pai e fiquei em casa. Mais uma vez o companheiro foi o rádio. Aliás, as visitas, anos mais tarde, ao CT da Barra Funda, fizeram eu ter uma boa relação com o Milton. Ele até me deu uma camisa vermelha da comissão técnica. Guardo com muito carinho. Ele a tirou do corpo e disse: é tua. Em 1982, Neusa, a Neusinha, irmã de meu avô, fazia a alegria da casa. Ela que morava com o pai Amadeu, meu bisavô, era a mais nova integrante da família. Ou seja, por uma causa triste, a morte de meu “biso”, em abril de 82, Neusa juntou-se ao trio Alfredo, Amélia e Amadeu e viveu junto com todos até abril de 2003, quando um problema renal a atacou e ela foi para o plano de cima, após tratamento e transplante, mas que por uma infecção hospitalar a tirou desta vida. Já fazia 6 anos que eu tinha passado pelo maior drama da minha vida: um câncer linfático. Até por isso, por saber o quanto é importante ter alguém ao lado numa hora dessas, fui por muitas vezes o responsável pelas caronas a “Neusinha” para a clínica de hemodiálise, ao lado do Shopping Paulista. Exemplo de força de vontade, ela estudou e formou-se em direito pela Universidade Mackenzie, aos 50 anos de idade, o que lhe deu muito mais cancha para a função que exercia no fórum central de São Paulo. Minha tia Neusa chegou a morar na rua Emílio Mallet, no Tatuapé. Um apartamento amplo, gostoso, alugado de Zé Rubens, marido de Nilza, prima irmã de minha mãe. Foi nesse local que vi a eliminação da Seleção Brasileira, em 82, na Copa do Mundo, para a Itália. Um jogo marcado para a história, de triste lembrança para o brasileiro, naqueles 3 a 2 do dia 5 de julho, no estádio Sarriá, na Espanha. Eu era muito pequeno, mas foi nesse período que o futebol mexeu mais com minha vida. Acho que é aí que a criança começa a entender o que é esse esporte. E, na ocasião, pude sentir a dor da eliminação do Brasil para o time do carrasco Paolo que tem o mesmo sobrenome que eu. Fiquei mais triste ainda porque o goleiro, Waldir Peres, era meu ídolo. O técnico da Seleção Brasileira era, justamente, Telê Santana, que dez anos depois, daria a maior emoção no futebol a mim e a minha família. O treinador havia chegado em 1990. Um dos piores anos da história do time do Morumbi. Uma péssima campanha no Campeonato Paulista fez o time cair para a série B da competição no ano seguinte. Na verdade, o time chegou a jogar um outro módulo, mas como já estava no regulamento, caso se classificasse para as finais, entraria para disputar com os melhores do módulo principal. Foi o que aconteceu. O São Paulo virou o jogo. Chegou nas finais de 91 e levou o título. Mas, na verdade, o Paulistão de 90 foi uma verdadeira tragédia para o São Paulo. O sentimento foi de descenso. Uma partida na repescagem, em Campinas, contra o Guarani, foi a “despedida” da primeira divisão. Fui para o Brinco de Ouro na esperança de que o São Paulo iria conseguir escapar. Mas não deu. Perdeu de 1 a 0. Fui de ônibus com o Lourival, um rapaz que tinha um braço só e trabalhava na loja do meu pai. Detalhe: era corintiano e voltou de Campinas rindo de mim (risos). Gostaram? Esperem o quinto capítulo. Logo, logo vou colocar. Boa leitura. E fotos dessa trajetória estão sendo disponibilizadas aos poucos, também. Grande abraço. Até a próxima.
Posted on: Mon, 24 Jun 2013 20:47:14 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015