Parabéns ao Gigante da Pampulha, o Mineirão. 48 anos, de - TopicsExpress



          

Parabéns ao Gigante da Pampulha, o Mineirão. 48 anos, de alegrias incontáveis, mas segue o meu protesto. HISTÓRIA DO FIM DA TERAPIA CHAMADA MINEIRÃO Comecei a trabalhar com 13 anos, eu era um “importante” office boy do terminal rodoviário de Belo Horizonte. E o salário que era uma mixaria, dava para pagar o crediário dos tênis e artigos esportivos, que eu comprava nas lojas Elmo, sim, crediário. Pagava também o lanche lá no colégio Batista, eu estudava a noite, passava o dia inteiro andando pelas ruas de BH, imaginem o tanto que eu comia e o que sobrava do meu rico dinheirinho eu ia para o Mineirão e acreditem, eu ia em todos os jogos. E como era bom ir ao estádio, lá eu deixava minhas magoas, frustrações da pré-adolescência, a raiva dos professores que me davam notas baixas, sempre a culpa eram deles, miseráveis. Numa partida de futebol eu esquecia as brigas dos meus pais, a raiva do colega que me chateava, tudo ficava lá no Mineirão e o melhor se transformava em coisas boas, energia positiva. Lá o branco, negro, amarelo, pardo, pobre, rico se misturavam, todos eram iguais e eu provo o que estou falando. Final da libertadores de 1997, Mineirão lotado. Meu ingresso eu dei jeito de comprar logo, dormi na fila, fui um dos primeiros a adquirir. Cheguei cedo ao Gigante da Pampulha, arrumei um lugar bacana, mas minutos antes de iniciar a decisão, estava tudo lotado, galera espremida. Bom eu queria ver o jogo, fui para geral (quem não sabe o que é geral vai no google pesquisar) e lá tinha gente de todo tipo, os famosos “geraldinos” estavam acompanhados, de mulheres, executivos engravatados, famílias inteiras, uma “mistureba” geral. Todos unidos pelo mesmo objetivo, ser bicampeão da libertadores, ali não existiam diferenças, todos eram “chegados”. Tanto que na hora que o Elivelton balançou as redes, aquele lugar, aquelas milhares de pessoas pareciam ser de uma mesma família. Todos se abraçavam, alguns choravam, outros sorriam. Uma união que talvez só o futebol consiga criar. E graças a Deus eu pude viver essas várias emoções e pode parecer nostalgia, ou papo populista, mas que dó eu tenho dessa turma de hoje. O Mineirão, os nossos estádios por esse Brasil a fora deixaram de ser do povo, o futebol não é mais da galera. Contem-me como um menor aprendiz, o que eu seria na época que eu comecei a trabalhar, conseguiria ganhando o que ganha, comprar tênis, matérias esportivos, lanchar na escola e ainda ir a todos os jogos do seu time de coração? Sem chance. Digo mais, como um pai de família leva o seu filho, se ele tiver dois ai que fodeu tudo mesmo, a jogos do seu time de coração com os valores que são cobrados nos ingressos atualmente, e claro, tem o lanchinho dentro do estádio que esta caro pacas. Segundo meu cunhado, quando ele levou o meu sobrinho ao jogo ele gastou a bagatela de 180 reais, não dá! Se ele levar o garoto a 4 jogos são 720 reais, isso acaba com qualquer orçamento familiar. Elitizaram o esporte mais democrático que existia, entupiram de farinha o nosso feijão tropeiro e ainda sumiram com os ovos, cadê meu sanduba de lombo? Ferraram com os “geraldinos”, aquela família gigantesca não existe mais. Em contra partida as concessionárias dos estádios se entopem de dinheiro, já os clubes, nem tanto. E pior as nossas crianças estão com mais neuroses, termos que alguns anos atrás eu acharia que era alguma gripe, ou até uma roupa, tipo bullying, não existiam, nós resolvíamos as nossas diferenças e quando não dava nós as descarregávamos nos estádios, xingando, comemorando, vibrando, dando um abraço no “brother” do lado, mandando os nossos adversários, somente no campo, claro, para a PQP. Os pais se divertiam com seus filhos, relaxavam com aquela cervejinha, aquele cidadão que estava frustrado, nervoso e de saco cheio de suas tarefas diárias, deixava ali no Mineirão, todas as frustrações, suas decepções e aposto que quando chegava em casa estava renovado e feliz. Dava um longo abraço em sua esposa, fazia um carinho no filho, ou irmão, ou nos pais e ia dormir mais leve. O Mineirão amigo era uma baita terapia e custava apenas 20 reais, para alguns era ainda mais baratinho, apenas 5 reais.
Posted on: Thu, 05 Sep 2013 12:13:27 +0000

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