Parece que a visibilidade que a arte urbana tem alcançado nos - TopicsExpress



          

Parece que a visibilidade que a arte urbana tem alcançado nos últimos tempos está a incomodar de sobremaneira os políticos portugueses. Em Campolide, um enorme mural com a figura do ex-ministro Miguel Relvas, carregado de canudos e encimado pelos símbolos da Maçonaria, apareceu recentemente pintado de preto. Esta situação é referida na notícia do Público mas parece-me de especial importância não a deixarmos passar despercebida. Foi um ato de clara censura, feito pela calada da noite, e prova a incomodidade dos políticos face à crítica social e política que muitos writers têm adotado nos últimos tempos. Mas esta é a génese e a essência do graffiti! Por isso mesmo esta lei parece-me bastante caricata, pois tenta ilegalizar algo que é intrinsecamente ilegal. Esta lei revela desconhecer em absoluto as origens do Graffiti (recomenda-se ao legislador a leitura do livro Mapping the terrain: new genre public art, de Susanne Lacy) e por isso comete um tremendo erro que, em teoria, visa limitar a liberdade de expressão. Digo em teoria porque na prática tudo permanecerá mais ou menos na mesma: os writers irão continuar a desenhar os seus murais (mais ou menos políticos, mais ou menos artísticos, mais ou menos visíveis) e dificilmente serão apanhados pela polícia (excepto em flagrante delito), ou então terá de haver um forte contingente policial especialmente afeto a este tipo de "crime". Há medida que ia lendo esta notícia do Público uma imagem foi-se construindo na minha cabeça: o ex-ministro Relvas, a meio da noite e de cara tapada, com uma lata de tinta preta e trincha em punho a tapar o graffiti onde aparecia todo finório e, quando terminou essa tarefa, pegou no telemóvel e ligou para o seu ex-colega de governo e perguntou: "então essa lei saí ou não?" (claro que tudo isto acompanhado de um banda sonora a condizer...)
Posted on: Mon, 24 Jun 2013 08:34:20 +0000

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