Parte da minha entrevista para a Jéssica Michels, no projeto Maio - TopicsExpress



          

Parte da minha entrevista para a Jéssica Michels, no projeto Maio em Mulheres, aprovado pela banca de Jornalismo da IELUSC, a qual ocorreu e comemoramos na última quarta-feira (07/08), agora inscrito e concorrendo ao CARMEM: “Quando eu me formei em Letras, já tinha essa construção feminista, mas não muito teórica. Eu já me definia como feminista, já tinha algumas concepções bem formadas contra muitas coisas que percebia como demonstrações do machismo em nossa sociedade. Uma das coisas que eu sempre tive muito claro era quanto à questão da patrilinearidade, quase que automática no patriarcado. Vivemos em uma sociedade em que muitas mulheres ainda, por desconhecimento de seus direitos ou em nome de uma tradição patriarcal, adotam o sobrenome de seus maridos ao fim dos seus, quando não suprimem inteiramente seu nome de família. E quando se trata de filhos é ainda pior, porque a patrilinearidade é adotada como regra. Embora estejam previstas por lei outras possibilidades, raramente as mulheres e/ou casais cogitam que o nome da mulher possa ser o único a ser legado a criança, ou ao menos ser o último (geralmente o nome da criança ainda vem constituído conforme dita o modelo patriarcal, de modo que o sobrenome do pai é o que acaba vigorando e sendo perpetuado). Um pouquinho de estudo sobre a história da família e da propriedade nos ensina que colocar o sobrenome do homem era uma forma de assegurar-se da sua propriedade sobre esposa, filhas e filhos, e, por vezes, especialmente no caso dos portugueses, sobre seus escravos. Meu ponto é que acho importantíssimo que a patrilinearidade não seja regra, deixe de ser imposição de uma sociedade patriarcal, e que a questão da escolha do sobrenome a vigorar (como único ou último) seja, quando se trata de casais, uma escolha consensual entre ambos. Enfim, voltando ao assunto anterior, meu contato acadêmico com o feminismo começou com a literatura americana e inglesa através de uma indicação de uma professora feminista que trabalhava muito com as questões de gênero. Apaixonei-me por algumas poetas americanas, como Adrienne Rich, e a partir deste momento, comecei uma busca teórica feminista mais aprofundada. Desenvolvi também, na ocasião, um trabalho voltado para a literatura infanto-juvenil sobre a questão da representação da mulher na literatura pós-70 dirigida a este público, quando a mulher começa a ocupar o lugar de protagonista e inclusive a romper com os estereótipos femininos perpetuados; mobilizou-me aí a importância que essa projeção das personagens pode ter na construção das identidades das crianças, especificamente no que se refere às questões de gênero. Essa percepção/inquietação me levou a buscar livros que mostrassem outra visão de ‘ser menina’, e em que elas fossem as protagonistas.” Jackie
Posted on: Sat, 10 Aug 2013 21:10:48 +0000

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