Paulo César Araujo no Roda Viva me faz pensar, de novo, no embróglio das biografias não autorizadas...estou acabando a de Catarina, a última imperatriz da Rússia. Seu autor, Robert K. Massie, mete a cara na vida dessa mulheraça e dá nome a todos os bois que partilharam seu leito e ficaram milionários com o affair real. Ela teve 3 filhos, nenhum deles do marido, o imperador bobão de quem roubou descaradamente a coroa. Imagino os herdeiros da família berrando contra essa indiscrição! Massie simplesmente arrasa com Pedro III, o tal marido que não prestava pra nada. E Catarina...ah, Catarina, além de inteligentíssima, era fogosa e não vivia sem amor. Mas o livro, um tijolo de 620 páginas, muito além de se fixar em fofocas sobre sua fabulosa corte, utiliza a vida da czarina, de quem já estou tão fã quanto de Antonieta, para, deliciosamente, retratar a Rússia do final do séc. XVIII. É uma verdadeira viagem por Moscou e São Petersburgo, por uma sociedade mantida por um regime vil de servidão, por tantas guerras e revoluções e, claro, por inúmeros bailes, foguetórios, corrupção, religião e filosofia. Enfim, isso tudo pra dizer que se Paula Lavigne e CIA fossem russos e tivessem o sangue de Catarina correndo nas veias, nos obrigariam a acreditar que ela, a czarina, tinha se mantido fiel a seu marido poltrão e que foi alçada à condição de Imperatriz da Rússia por obra e graça de Deus Todo Poderoso. Ou, então, dá-lhe alguns milhares de rublos para que a História escrita nos mostrasse que, afinal, não há nada de tão original assim entre nós, humanos (ô, raça!). (E olha que nem falei da biografia do Mick Jagger, uma verdadeira coletânea de indiscrições contemporâneas...)
Posted on: Tue, 29 Oct 2013 02:21:02 +0000
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