Pedroc49 | On 30, Jan 2013 A SITUAÇÃO PADRÃO Infelizmente, - TopicsExpress



          

Pedroc49 | On 30, Jan 2013 A SITUAÇÃO PADRÃO Infelizmente, todos os dias, milhares de Portugueses tentam “fugir” de um barco que parece se afundar. Muitos deles tomam o rumo do que pensam ser um “Eldorado”: a Suíça. Desesperados e sem estratégia acabam muitas vezes pior ainda do que quando estavam em Portugal. Afinal miséria há em todo o lado e não será por mudarem de país que ela fica necessariamente para trás. Na Suíça existem portugueses que vêem com a “força toda”, muitos com promessas de trabalho (nunca venham sem contrato assinado!!!) e a acabam a dormir no carro, alguns regressama Portugal, outros, muitas vezes por vergonha de voltar ou por não terem alternativas, vivem da solidariedade prestada pelas instituições sociais e dormem em bunkers suíços… onde têm comida e cama para dormir, mas emprego… nem vê-lo. Muitos portugueses vêm iludidos, porque vêem o amigo emigrante regressar a Portugal num grande carro, e pensam que ele tem uma grande vida na Suíça. Na maior parte das vezes não passa de uma ilusão, afinal o nível de vida na Suíça é tão elevado (e tão caro), que ao ir a Portugal de férias, parecerá rico. E muitas vezes age como tal… Ora, o que falta dizer é que a maior parte deles vive em quartos e executa trabalhos pouco qualificados, como limpezas, obras, etc… E vivem, eles também, em condições muitas vezes piores do que tinham em Portugal. No entanto têm a vantagem de conseguir poupar algum dinheiro e fazer um brilharete quando vão a casa. Depois há os que, com mais sorte e habilitações, conseguem ter trabalhos qualificados temporários, onde ganham de facto muito dinheiro. Todavia, estes estão sempre em risco de o contrato não ser renovado: são os chamados saltitões, que saltam de contrato temporário em contrato temporário, ganham de facto muito dinheiro e porventura mais durante um ano nestas condições do que em 5 em Portugal. Só que o tempo vai passando e, inevitavelmente, um dia o contrato acaba. Os que são realmente bons acabam por ser integrados, os outros acabam por ter que regressar. Na realidade os Portugueses que têm trabalhos fixos na Suíça são ainda uma minoria. Existem presentemente mais de 200.000 desempregados entre a comunidade portuguesa, que permanece na Suíça, na esperança de arranjar um emprego. Claro está que os que já cá estão têm a vantagem de poderem mais facilmente arranjar um, porque já tem a autorização de residência, requisito fundamental. Porque os que não o têm, trabalham ilegalmente (a “negro” como se diz na Suiça) e em condições muito inferiores aos trabalhadores legais (e, claro, também com salários muito inferiores). Finalmente existem aqueles que estão no limbo. Não têm autorização de residência e também ninguém lhes passa um, porque os empregadores suíços preferem contratar os que já têm aquela autorização. São situações precárias, que todos devem evitar. A OUTRA QUESTÃO: A MENTALIDADE Os portugueses são pouco independentes e estão constantemente a pedir ajuda. Vejo diariamente nos grupos do facebook (ou até mesmo neste portal) pedidos de ajuda para arranjar emprego. Na Suíça a tendência é ninguém ajudar ninguém. E ainda menos os portugueses que vêem os conterrâneos que querem para cá vir como possível concorrência, e temem assim pelos seus empregos. Claro que há sempre excepções. A verdade é que o mercado de trabalho na Suíça funciona em moldes totalmente diferentes do mercado de trabalho em Portugal. Veja-se que a maior parte dos lugares de decisão e poder estão ocupados não por portugueses mas por suíços. E normalmente os portugueses estão na base da “cadeia alimentar”, ou seja, têm pouco poder e são “comidos” por todos. Assim, por norma, os “bons” trabalhos são preferencialmente para os suíços. Aliás, a taxa de desemprego na Suíça é actualmente de 3,3% e, destes, apenas 1% são suíços. À PROCURA DO PERFIL Existem, depois, outros factores. 75% da Suíça fala alemão ou, pior ainda, dialecto suíço que é mais incompreensível, e que até os próprios alemães têm dificuldade em compreender. Desenganem-se os que pensam que, por falarem bem inglês, conseguem trabalho em qualquer lado. Nada mais errado… Mesmo nos trabalhos menos qualificados, entre um candidato que fale alemão e um que fale inglês, a escolha será sempre para o que fale alemão. E acreditem que candidatos há muitos… Ou seja, o primeiro requisito, o mais importante em qualquer currículo para emprego na Suíca, é sem dúvida falar alemão. Pelo menos o suficiente para poderem compreender as ordens que vos são dadas… Acreditem não há nada mais frustrante para um chefe do que dar ordens e ficarem a olhar, sem perceber o que fazer. Nas multinacionais terão de facto hipótese de falar apenas inglês, mas aqui ocorre um outro problema: normalmente têm concorrência feroz de ingleses, alemães, americanos e indianos hiper-especializados, que fazem com que muito dos nossos currículos pareçam uma anedota por comparação. No outro extremo, os Portugueses acham que ser polivalente é uma mais-valia. Colocam anúncios, com uma noção desesperada, onde dizem “sou polivalente, faço tudo”. Meus caros, esta será a pior abordagem que podem ter. O “faz tudo” pode funcionar em Portugal, onde é uma vantagem para os empregadores terem um funcionário que faz o trabalho de três e ganha por um. Na Suíça, país rico e organizado, isto simplesmente não funciona. Os suíços “compram” o melhor e o mais especializado, algo que normalmente o polivalente, por natureza, não é. Logo é um caminho errado apostar nesta vertente. E desiludam-se os que vêem na perspectiva de conseguir algo como, por exemplo, a jardinagem. Até para isto é preciso especialização e apresentar a frequência de cursos, onde precisam demonstrar saber tudo sobre plantas até à exaustão. Este exemplo é bem real, não o inventei. Em suma, têm que demonstrar ser os melhores, porque quem “compra” pode dar-se ao luxo de escolher e porque, de facto, existe muita mão-de-obra disponível e ansiosa por trabalhar. Os portugueses com mais hipóteses são os que têm experiência, porque os que já trabalhavam numa certa área profissional serão os que certamente vão conseguir mais facilmente o emprego. Porque na Suíça ninguém vai perder tempo a ensinar-vos seja o que for, simplesmente não faz parte da sua cultura. Afinal este é um país maioritariamente protestante, cuja filosofia é “Deus ajuda os que trabalham para isso”. SUGESTÕES E POSTURA Ao procurarem emprego Suíça alemã as coisas têm que ser feitas com estratégia. Deixo-vos algumas sugestões, baseadas na minha experiência. NO INÍCIO - Juntar o máximo dinheiro possível (sei que isto é difícil mas os sacrifícios terão que começar em Portugal para depois se conseguir mais sucesso). - Dependendo do orçamento, alugar um quarto. Existem muitos portugueses que se juntam e alugam casas, ou se não pelo menos quartos. No entanto preparem no mínimo 400 CHF/mês (340 Euros) para um quarto. - Começar a aprender alemão, se possível ainda em Portugal. Em casos mais prementes podem vir logo e então inscreverem-se numa escola para aprender alemão. A escola “Migros” tem os cursos mais baratos. - Ao mesmo tempo inscreverem-se nas agências de emprego. Existem muitas, pelo que podem passar mais de uma semana a enviar currículos. MAIS TARDE - Quando dominarem melhor o alemão, e se começarem a sentir mais confiantes, podem começar a “fugir” das comunidades portuguesas e tentar conhecer alguns suíços, o que é muito difícil mas consegue-se. Para isto é fundamental mostrarem que sabem falar alemão e que estão a fazer um esforço para se integrarem. Os suiços são muito activos e praticam imenso desporto regularmente, pelo que tentem juntar-se a grupos de desporto (futebol, jogging, etc), no meu caso pessoal já jogava ténis em Portugal, e continuo a jogar ténis aqui, por acaso tive sorte porque ténis é o desporto rei na Suiça, mas também existem imensas infraestruturas para desporto em geral, por exemplo para o futebol, existem campos espalhados por todo o lado, muito mais que em Portugal,acredito que muitos não terão dificuldade em integrar equipas de futebol. A maior parte dos emigrantes portugueses não fala alemão de modo regular, mesmo os que já cá estão há 20 anos, e vivem isolados entre a comunidade lusófona – excepção feita à nova geração de portugueses já nascidos na Suíça. - Não se dirijam pessoalmente aos sítios para procurarem emprego. Mais uma vez relembro que as coisas não funcionam como em Portugal, e que isso é visto como acto de desespero. Os Suíços são muito formais e consideram tais actos uma intrusão. Só se devem deslocar após entrevista marcada. - Nunca se atrasem! Um atraso significa quase automaticamente a perda das hipóteses. Os suíços são, regra geral, super-pontuais e intolerantes com atrasos, pelo que as “normais” tolerâncias de 5-15 minutos de Portugal não se aplicam aqui. O procedimento normal para um suiço é chegar 5 minutos antes da hora. Claro que podem chegar antes, mas não se anunciem e esperem até atingirem aquela margem. Porém, se chegarem atrasados o melhor é nem aparecerem porque só vão perder tempo (mesmo que sejam recebidos e entrevistados com um sorriso, já estarão “condenados à nascença”). - Na entrevista, quando vos oferecem algo para beber, aceitem. O contrário é considerado falta de educação, e também não comecem a beber sem esperar pelo anfitrião e fazerem um brinde. Acreditem, os suíços estão muito atentos a todos estes pormenores que para nós terão, porventura, muito menos significado. NO EMPREGO Depois de passadas estas fases ver-se-ão num período de 3 meses de experiência. É aqui que muitos têm tendência a relaxar um pouco. Nada mais perigoso e errado. Durante este período podem ser excluídos a qualquer momento! - Chegar sempre a horas, e sair sempre um pouco mais tarde (10-15 minutos) se puderem, isto porque normalmente os suíços saem às 17h00 (dependendo do trabalho e horário) e não fazem horas extra. Podem sair quando o chefe sair. - Não ficarem doentes. Esta é difícil, mas uma falta durante este período é sempre encarada com suspeição, principalmente porque ainda ninguém vos conhece. É preferível fazerem um sacrifício e irem ao trabalho porque, se estiverem muito mal, o próprio chefe vos mandará para casa. - Falar abertamente dos vossos planos, quando questionados, e tentarem demonstrar que o objectivo é permanecer na Suíça e integrarem-se. Os suíços não gostam de estrangeiros que vêm só para trabalhar e ganhar dinheiro e depois se vão novamente embora. Daí a maior parte dos estrangeiros ser vista como oportunista pela comunidade suíça. Em conclusão, Se trabalharem bem serão certamente recompensados, o nível de exigência suíço é grande mas, com empenho e determinação, consegue-se!!! No fim, para se ter sucesso na Suíça, é preciso uma verdadeira mudança de mentalidade face ao padrão que temos em Portugal. Com uma mente aberta e uma vontade de adaptação à diferença terão reais possibilidades vencerem num País exigente e competitivo. Venham preparados.
Posted on: Tue, 24 Sep 2013 14:51:35 +0000

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