Perto e longe – um modo de ver e sentir. Se eu tivesse de falar, - TopicsExpress



          

Perto e longe – um modo de ver e sentir. Se eu tivesse de falar, por experiência, do tempo “da Gloriosa” ditadura militar, não teria nada para dizer. Em cidades pequenas de todo o Brasil, distantes dos centros de decisão, ela não se fez sentir. A vidinha continuava tranquila com as pessoas trabalhando, se divertindo, criando os filhos, amando. O que acontecia nos grandes centros do Brasil poderia estar acontecendo no Ceilão, de tão distante que isso nos parecia. Poucos tinham TV e as notícias vinham via rádio. O fato de que os meios de comunicação fossem censurados não era importante, desde que houvesse boa música e notícias da cidade – casamentos, batizados, enterros. Meu Pai, um sujeito culto, instruído, politizado e comunista nos explicava o que estava acontecendo “naquele outro Brasil”. E não posso dizer que falava bem daquele regime que havia tirado das cabeças pensantes – literatos, compositores, filósofos, cientistas, a liberdade de se exprimirem. Com a redemocratização o povo voltou a poder votar para escolher seus governantes, mas Papai dizia que todos os partidos então existentes eram “filhotes da ditadura”, ou seja, aqueles que eram elegíveis eram os mesmos que já estavam lá antes. A mídia e as pessoas reconquistaram seu direito de expressão, sua liberdade de ir e vir. Mas, para nós, da pequena Jaraguá do Sul (SC), nada disso foi perceptível. As mudanças só foram sentidas nos livros escolares, na didática. E a vidinha continuou tranquila. Sob esta visão, creio não errar muito se disser que para a população das muitas mil cidadezinhas e vilas deste Brasil, quem governa – pessoa ou partido - não é importante, desde que não tenham suas vidas perturbadas, que tenham escola, comida e hospital. Liberdade de expressão, comércio exterior, orçamento, spread, commodities e balança comercial, são vocábulos quase, se não totalmente, desconhecidos e sem nenhum valor prático para estas pessoas, pois não sabem a influência que todas estas palavras têm no seu presente e no futuro das próximas gerações. E assim a vidinha continua tranquila com as pessoas trabalhando, se divertindo, criando os filhos, amando. O que acontece nas cidades maiores é algo muito distante da sua realidade. Poderia até ser em Andrômeda....se soubessem onde é.
Posted on: Sun, 23 Jun 2013 14:38:43 +0000

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