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Pessoal! Tenho usado essa teoria a alguns anos no Neemias para explicar alguns comportamentos, lguns vão lembrar, esse artigo explica bem detalhado, pra quem deseja ser uma pessoa livre, vale muito a pena ler! As três faces da vítima (de Lynne Forrest, Traduzido por Tatiana Leão) A maioria de nós reage de maneira inconsciente à vida a partir da posição de vítima. Sempre que nos recusamos a assumir responsabilidade por nós mesmos, escolhemos ser vítimas. Isso faz com que nos sintamos à mercê, traídos e injustiçados, não importa qual seja nossa situação. O processo de vitimização consiste nos três papéis descritos por Stephen Karpman, um professor de Análise Transacional, no que ele chama de “Triângulo do drama”. Tive contato com essa teoria há cerca de trinta anos e, desde então, ela se tornou uma das ferramentas mais importantes na minha vida pessoal e profissional. Quanto mais meu conhecimento acerca do Triângulo do Drama se expandia, mais crescia a minha admiração por este instrumento poderoso e preciso, porém simples. Eu o chamo de “máquina da culpa”, pois por meio dela nós atuamos inconscientemente em nossos ciclos viciosos, gerando culpa. Toda interação disfuncional acontece dentro do Triângulo do Drama! Enquanto não nos conscientizamos dessa dinâmica, não conseguimos transformá-la. Até que a transformemos, não conseguimos seguir em frente em nossa jornada para a reconquista de nosso patrimônio espiritual. Karpman nomeou os três papéis no Triângulo do Drama como Perseguidor, Salvador e Vítima, e os posicionou em um triângulo invertido que representa as três faces da vítima. Embora somente uma posição seja nomeada Vítima, todas elas se originam e terminam nela. Portanto, todas são paradas no caminho para a vitimização. Cada um de nós tem mais familiaridade com um papel, que chamo de posição inicial. Nós aprendemos nossa posição inicial dentro da nossa família. Embora cada um de nós tenha um papel com o qual nos identificamos mais, também atuamos em outros papéis, dando a volta no triângulo, algumas vezes em questão de minutos ou até mesmo segundos, várias vezes por dia. É muito difícil enxergar a nós mesmos (e aos outros) como vítimas quando estamos em uma posição de assistência ou culpabilização. De qualquer maneira, o Salvador e o Perseguidor são os dois extremos opostos da Vítima. Isto ocorre porque todos os papéis levarão, em um momento ou outro, novamente ao papel de vítima. É inevitável. É possível perceber que tanto o Perseguidor quanto o Salvador estão nos vértices superiores do triângulo. Sempre que assumimos alguma dessas posições, nós acreditamos estar levando vantagem. De qualquer uma das duas posições, nós nos colocamos como melhores, mais fortes, mais inteligentes ou mais equilibrados do que a vítima. Mais cedo ou mais tarde, a vítima, que se encontra em posição inferior, desenvolve uma “dor no pescoço” de tanto ser forçada a olhar para cima, metaforicamente falando. Sentindo-se inferiorizado, surge o ressentimento, seguido invariavelmente de alguma forma de retaliação. É nesse ponto que a vítima passa a ocupar o papel de perseguidor. Remanescente de uma dança das cadeiras sem música, todos os jogadores mudam de posição uma hora ou outra. Um exemplo: Papai chega em casa e encontra Mamãe dando uma grande bronca no Júnior e fazendo ameaças, como “Arrume já esse quarto ou...”. Ele imediatamente salva o menino: “Mamãe, dê um tempo ao garoto”, diz ele. Muitas possibilidades podem ocorrer em seguida. Talvez Mamãe, sentindo-se vitimizada por Papai, vire-se contra ele, colocando-o automaticamente no papel de vítima. Eles podem dar algumas voltas no triângulo tendo Júnior como coadjuvante. Talvez Júnior se una ao Papai em uma perseguição: “Vamos ficar contra a Mamãe!”, e então eles reproduzem o triângulo por outro ângulo. Júnior pode virar a casaca contra Papai, salvando a Mamãe: “Fica na sua, Papai! Eu não preciso da sua ajuda!” E assim vai, com inúmeras possibilidades, mas sempre dando a volta no triângulo. Para muitas famílias, essa é a única maneira pela qual conseguem se comunicar. Todos nós temos uma posição inicial no Triângulo do Drama. A posição inicial não é somente aquela na qual nos encontramos com mais frequência, mas também o papel pelo qual nos definimos; uma parte muito extensa da nossa identidade. Cada posição inicial tem a sua própria maneira de ver e reagir ao mundo. Cada posição inicial se origina de um tema familiar recorrente e se move em volta do triângulo de maneira particular. Por exemplo: embora algumas vezes nos encontremos na posição de vítima do triângulo, a posição de Salvador (daqui por diante as posições iniciais terão a primeira letra em maiúsculas, para diferenciá-las do movimento ao longo de um dos papéis) se movimenta nas posições de vítima e perseguidor de maneira muito diferente dos Perseguidores ou Vítimas primordiais. O Salvador se torna vítima vestindo a carapuça de mártir (“Depois de tudo que eu fiz por você...”), enquanto o Perseguidor se vitimiza como forma de justificar vingança (“Se não fosse por você, eu não teria tido que...”). Enquanto o Salvador persegue privando a vítima de seus cuidados e atenção, um Perseguidor salva de maneira quase tão dolorosa quanto seu modo de ataque. E uma pessoa cuja posição inicial é a de Vítima é perpetuamente digna de pena e incapaz. Até sua maneira de salvar é inferior! (“Você é o único que pode me ajudar, porque é tão talentoso, inteligente ou algo assim!”) Nossas posições principais geralmente se formam na infância. Por exemplo: se um dos pais é superprotetor e faz de tudo por um filho, essa criança pode crescer sentindo-se incapaz de tomar conta de si própria. Isso as coloca no papel de Vítima por toda a vida. De maneira oposta, ela pode acabar sentindo raiva e tornando-se vingativa quando outras pessoas não tomam conta dela, adotando assim a posição inicial de Perseguidor. Há muitas variações e cada caso deve ser considerado de maneira individual. Nós não somente atuamos nesses papéis triangularmente distorcidos em nossas relações diárias com outras pessoas, mas também internamente. Nós damos a volta no triângulo em nossa mente tão rapidamente quanto o fazemos em relação ao mundo exterior. Nós caímos em nossa própria armadilha com um diálogo interno desonesto e disfuncional. Por exemplo: podemos nos cobrar de maneira exagerada por não concluir um projeto. Talvez nos vejamos como sendo preguiçosos, inadequados ou defeituosos, o que causa uma espiral de sentimentos de raiva e auto-desvalorização. Internamente, nos acovardamos por esta voz perseguidora, com medo de que ela esteja realmente certa. Você consegue perceber a interação perseguidor/vítima nesse exemplo? Assim que começamos a nos culpar ou nos insultar, geramos uma vítima. E, nesse caso, nós mesmos somos essa vítima! Isso pode continuar por minutos, horas ou dias, mas uma voz em nós virá para nos salvar, mais cedo ou mais tarde. Como estamos nos sentindo mal e precisamos de alívio, começamos a criar desculpas: “Bem, eu teria conseguido terminar aquele projeto se não fosse por causa de...”, poderíamos dizer. E assim nos colocaríamos na posição de salvadores. Algumas vezes salvamos a nós mesmos (e aos outros) negando o que sabemos, em uma tática do tipo “Se eu olhar para o outro lado e fingir que isto não está acontecendo, deixará de acontecer”. Esses dramas internos perpetuam ciclos viciosos de espirais de culpa e autocomiseração. Da mesma maneira pela qual um gerador produz energia, o Triângulo do Drama gera culpa. Seja pela interação interna ou pela comunicação externa, circular pelo triângulo mantém as mensagens distorcidas em fluxo. O Triângulo do Drama se torna a nossa máquina de culpa pessoal. A boa notícia é que nós podemos fazer algo a respeito dela. Só precisamos aprender como desligá-la para conseguirmos sair do triângulo. É uma cura simples, apesar de difícil. Antes que possamos sair do triângulo, temos que reconhecer e desejar abrir mão do drama que ele produz. Precisamos, em primeiro lugar, tornar-nos intimamente conhecedores dos preços e barganhas de cada parada no caminho da autovitimização. Isso nos possibilitará não somente reconhecer os vários papéis, mas também avaliar de maneira realista as consequências da atuação em qualquer um deles. Identificar a linguagem e a movimentação de cada papel nos ajuda ainda mais a perceber quando estamos sendo envolvidos por outras pessoas em um triângulo. Com essa consciência, podemos escolher se queremos ou não dançar a música vergonhosa da vítima. Com isso em mente, vamos analisar cada papel detalhadamente. SALVADOR O papel de Salvador é o princípio da sombra maternal. É a reação tipicamente codependente a que chamamos de “sufocante”. É uma versão distorcida do aspecto feminino que deseja nutrir e proteger. O Salvador é o facilitador, protetor, mediador; aquele que deseja “consertar” os problemas. Obviamente, antes que o Salvador possa remediar um problema, é necessário que exista um problema. Parte do problema da salvação é que ela vem de uma necessidade inconsciente de sentir-se importante ou estabelecer-se como aquele que resgata. Cuidar dos outros é a única maneira que um Salvador conhece de estabelecer ligações e sentir que tem valor. Salvadores geralmente cresceram em famílias onde eram inferiorizados e humilhados por terem necessidades. Eles aprenderam, então, a negar essas necessidades, cuidando dos outros em vez disso. Isso faz com que seja essencial ter quem dependa deles. Muitas vezes os Salvadores operam na esperança de que, se eles cuidarem bem o suficiente de outras pessoas, terão sua vez de serem cuidados. Infelizmente, isso raramente ocorre. Em geral, a decepção resultante causa um empurrão para a depressão. A martirização e a depressão marcam a fase de vitimização de um Salvador ao redor do triângulo. É nesse ponto que se pode ouvi-los dizer coisas como “É isto que eu ganho depois de tudo que fiz por você”, “Não importa o quanto eu faça, nunca é suficiente” ou “Se você realmente me amasse, me apoiaria mais”. O maior medo de um Salvador é que ninguém se importe com eles. Eles compensam essa ansiedade afirmando seu posicionamento de estar sempre disponível para outras pessoas, incentivando a dependência. Ser indispensável torna-se a forma primordial de evitar o abandono e oferece a validação a suas ações que tanto desejam. Os Salvadores não se dão conta da dependência castradora que alimentam quando cuidam daqueles que dependem dele. Por meio dessas táticas, eles comunicam mensagens incapacitantes. Todos os envolvidos acabam por se convencer de que a Vítima é incapaz, inadequada ou defeituosa, reforçando assim a necessidade de cuidado constante. O trabalho do Salvador se torna, então, cuidar da Vítima, “para seu próprio bem”, é claro. Ter uma Vítima de quem cuidar é essencial para que o Salvador mantenha a ilusão de ser superior e independente. Isso significa que sempre haverá pelo menos uma pessoa no cerne da vida de cada Salvador que é doente, frágil, inapta e que necessita dos seus cuidados. Beatriz cresceu vendo sua mãe como indefesa e impotente. Desde cedo, ela se sentia muito responsável por cuidar da sua mãe fragilizada. Seu próprio bem-estar dependia disso! De outra maneira, como uma criança pequena como ela poderia continuar? No entanto, com o passar dos anos ela mal conseguia conter o ódio que sentia por sua mãe por ser tão carente e fraca. Como alguém na posição inicial de Salvadora, ela fez tudo o que pode para ajudar sua mãe, somente para sentir-se cada vez mais anulada (vítima) pois nada do que fazia funcionava. Inevitavelmente, o ressentimento tomava conta dela, levando-a a tratar sua mãe com desprezo (perseguidora). Tudo isto se tornou seu padrão principal de interação, não somente com sua mãe, mas em todas suas relações. Quando eu a conheci, ela estava emocional, física e espiritualmente exausta de ter passado a vida tomando conta de uma pessoa doente e dependente após a outra. PERSEGUIDOR Como os outros papéis, o Perseguidor se baseia na culpa. É o tipo de raiva encharcado de culpa resultante do crescimento sobrecarregado de desprezo. Os Perseguidores há muito reprimiram suas convicções de autodesvalorização, mascarando-os com ódio indignado e uma atitude de desprezo. Assim como o Salvador é o princípio da sombra materna, esse papel é o princípio da sombra paterna. A função benéfica do pai é proteger e cuidar da sua família. O papel do Perseguidor é a perversão desta energia, que tenta “reformar” por meio da força. Esse papel é desempenhado por pessoas que aprenderam a ter suas necessidades satisfeitas por meio de métodos autoritários, controladores e até mesmo punitivos. O Perseguidor supera o sentimento de culpa dominando outras pessoas. A dominação torna-se sua maneira preponderante interação. Isso significa que eles têm que estar sempre certos! As técnicas para isso incluem pregar, culpar, dar lições de moral, interrogar e atacar. Eles acreditam em “ficar quites”, geralmente por meio de atitudes passivoagressivas. Assim como o Salvador deseja ter alguém para consertar, o Perseguidor precisa de alguém para culpar! Os Perseguidores renegam suas fraquezas da mesma maneira que os Salvadores renegam suas necessidades. Seu maior medo é a impotência. Ao negar suas próprias fraquezas, eles têm uma necessidade constante de ter alguém em quem possam projetar suas próprias imperfeições. Tanto os Salvadores quanto os Perseguidores precisam, portanto, de uma Vítima para sustentar seu lugar no triângulo. Os Perseguidores tendem também a compensar seus sentimentos íntimos de pouca valia dando-se ares de grandiosidade. Grandiosidade é inevitavelmente gerada pela culpa. Ela oferece uma compensação e um disfarce para um grande sentimento de inferioridade. A superioridade é atravessar o “menos que” para parecer “mais que”. Lembro-me de um cliente, um médico, que personificava a mentalidade do perseguidor. Ele realmente acreditava que machucar outras pessoas era justificado como uma compensação de sua própria dor. Uma vez, em uma sessão, ele me contou que havia encontrado um paciente no campo de golfe, que teve “a cara-de-pau” de pedir tratamento ali mesmo. “Dá pra acreditar que ele me pediu para tratar seu problema justo no dia da minha folga?”, ele reclamou. “Isso parece bem ousado”, eu respondi, “como você lidou com isso?” “Ah, eu o levei mesmo ao meu consultório, claro... . . e ele levou uma boa injeção de esteróides” ele riu, “mas tenho certeza de que ele nunca mais me pedirá algo assim.” “O que você quer dizer?”, eu disse, sem entender muito bem. “Que ele nunca mais vai se esquecer daquela injeção!” Para o médico, sua ação foi totalmente justificável. Seu paciente havia infringido uma regra pessoal e, portanto, merecia a dor que lhe fora infligida. Este é um ótimo exemplo de como funciona a lógica do Perseguidor. Meu cliente nunca parou para pensar que ele poderia ter simplesmente dito “não”, que ele não precisava ter se sentido vitimizado ou na obrigação de salvar seu paciente. Em sua mente, ele havia sido injustiçado e, portanto, tinha o direito e até mesmo a obrigação de “ficar quite”. É muito difícil para alguém nessa posição assumir a responsabilidade pela forma como machuca outras pessoas. Em sua mente, as pessoas merecem isso! Esses guerreiros tendem a enxergar a si próprios como tendo que lutar contra o mundo para sobreviver! Seu grito de guerra pode muito bem ser “Eu fui injustiçado e alguém tem que pagar!” Sua luta constante é reconquistar aquilo que eles acreditam que lhes foi tirado. VÍTIMA O papel de Vítima é atuado principalmente por pessoas que foram criadas por um Salvador dedicado. Ele é a sombra da criança perfeita, aquela parte de nós que é inocente, vulnerável e carente. Esse eu-criança realmente necessita de apoio e cuidado de vez em quando, mas quando um indivíduo se convence de que nunca conseguirá tomar conta de si mesmo, pode rapidamente se colocar no papel de Vítima. Envolvidas pela ideia de que são intrinsecamente incapazes, as Vítimas adotam a atitude de “Eu não consigo”. Isso se torna o seu maior medo, forçando-os a sempre buscarem alguém que seja “mais capaz” de cuidar deles. As Vítimas negam tanto sua capacidade de resolver problemas quanto seu potencial de geração de energia. Em vez disso, eles tendem a enxergar a si próprias como frágeis demais para encarar a vida. Sentindo-se impotentes, à mercê, maltratadas, intrinsecamente más e erradas, eles se vêem como um “problema insolucionável”. No entanto, isso não as impede de se sentirem altamente ressentidos por sua dependência. As Vítimas acabam por sentirem-se saturadas de estarem em posição inferior e tentam encontrar modos de “ficar quites”. O movimento para a posição de perseguidor geralmente implica em sabotar os esforços para que sejam salvos, bem como outros comportamentos passivo-agressivos. Elas são exímias jogadoras do “Sim, mas...”. Sempre que uma sugestão útil lhes é oferecida, a Vítima responde “Sim, mas isso não vai funcionar porque...”. Elas podem também recorrer ao papel do perseguidor como forma de culpar e manipular outras pessoas a cuidarem delas. A Vítima toma uma dose diária de culpa. Convencida de sua incompetência intrínseca, ela vive em uma espiral de culpa perpétua, que pode inclusive levar à autoflagelação. As eternas Vítimas andam por aí de maneira semelhante ao personagem do desenho Snoopy, Chiqueirinho, sempre cercado por sua nuvem de poeira; no entanto, a Vítima está cercada por uma nuvem de culpa que ela mesma cria. Essa nuvem acaba por se tornar toda sua identidade. Linda era a segunda filha em sua família. Ela teve problemas desde o nascimento. Linda foi uma criança sempre envolvida em confusões de algum tipo. Ela “se virou” academicamente, era problemática e estava sempre doente. Não foi surpresa para ninguém quando ela se envolveu com drogas na adolescência. Sua mãe, Stella, era uma Salvadora durona. Acreditando estar ajudando, Stella socorreu Linda todas as vezes em que ela se meteu em problemas. Ao aliviar as consequências naturais dos atos da filha, Stella privou-a da oportunidade de aprender com suas escolhas ruins. Como resultado, Linda começou a perceber-se como incapaz, tornando-se dependente de outras pessoas para consertar sua vida. As boas intenções de sua mãe tiveram uma mensagem incapacitante para Linda, o que provocou um posicionamento vitalício no papel de Vítima, deixando Linda sempre carente e em busca de um salvador potencial. PROJEÇÃO E SOMBRA DA VITIMIZAÇÃO Conforme os indivíduos tomam consciência e mudam, geralmente mudam suas posições iniciais. Conscientizando-se de uma posição principal, eles podem se comprometer a mudar, mas em vez disso apenas mudar de papel no triângulo. Embora estejam operando de uma perspectiva diferente, eles estão no triângulo de qualquer maneira. Isso acontece com frequência e pode até mesmo ser uma parte essencial do aprendizado do impacto real de viver no triângulo. Posicionar os três papéis em uma linha reta centralizada na Vítima é uma maneira de demonstrar que o Perseguidor e o Salvador são simplesmente dois extremos de vitimização: Perseguidor ------- VÍTIMA ------- Salvador Os três papéis são apenas a expressão perversa de energias positivas que cada um de nós potencialmente carrega, mas renega. A face que atuamos de maneira primordial determina como essas energias são renegadas. A parte Salvadora de nós contém o dom da mediação e da resolução de problemas. Ela pode ser interpretada como um aspecto feminino. Por outro lado, o Perseguidor é a parte de nós que sabe como usar o poder e a positividade. Ela pode ser interpretada como um aspecto masculino. Quando essas qualidades essenciais não são totalmente conhecidas ou vivenciadas, são reprimidas no inconsciente, de onde podem ser expostas na expressão perversa que vemos no Triângulo do Drama. Em outras palavras, como esses aspectos são negados, eles entram em ação de forma inconsciente e irresponsável. Quando suprimimos nossa capacidade de resolver problemas e nosso poder de ação positiva, assumimos a postura de Vítima. Quando nos vemos como os mediadores e responsáveis essenciais, mas negamos a necessidade de cuidarmos de nós mesmos criando limites adequados, acabamos por ocupar a posição de Salvadores. Por outro lado, os Perseguidores ocultaram suas qualidades nutrientes e generosas e, portanto, tendem a resolver seus problemas por meio do ódio, do abuso e do controle. Em essência, a dança da vitimização é uma constante e inconsciente volta à superfície dos aspectos da personalidade que não foram não confrontados e que produzem um drama eterno em nossas vidas. Nós vivemos em uma sociedade baseada na Vítima. Nos EUA, gostamos de pensar que somos Salvadores. Por muitos anos vimos a Rússia como o Perseguidor de países do terceiro mundo, as Vítimas. Acredita-se que, há muitos anos, o presidente da Rússia, Gorbachev, disse ao presidente Bush: “Eu estou prestes a fazer a pior coisa que se pode imaginar, eu vou tirar de vocês o seu inimigo!” Ele era um homem que entendia, de forma inata, a necessidade do nosso país de ter um bode expiatório, nos dando a chance de dizer, “São estes comunistas maus novamente!” Não fosse por isso, os americanos seríamos forçados a assumir a responsabilidade de nossas tendências criminosas. Claro, a Rússia também é criminosa, como pudemos acompanhar pelas ações da KGB, mas a nossa CIA não tem tendências semelhantes? Nossa própria história foi criada sobre perseguições. Alguns anos depois de terem chegado à América, nossos fundadores começaram a subjugar sistematicamente os nativos que viviam no local há séculos! Parece uma tarefa pesada demais para este país ter a consciência de que deve enfrentar as consequências pelo modo como persegue. Em vez disso, nos determinamos a crer na idéia de que nós somos os “salvadores do mundo”. No entanto, é sempre difícil para os Perseguidores se perceberem dessa maneira. É muito mais fácil justificar a perseguição do que admitir o seu comportamento perseguidor. O ciclo funciona da seguinte maneira: “Eu estava somente tentando ajudar (Salvador) e então eles se voltaram contra mim (vítima) e eu tive que me defender (perseguidor)”. A perseguição quase sempre é justificada como uma defesa necessária. É o papel mais frequentemente negado. Afinal, quem quer admitir que usa as outras pessoas de maneira vil? O Salvador, por outro lado, não vê problema em se identificar com o papel de auxiliador. Geralmente ele sente orgulho de sua posição enquanto alguém que cuida e conserta. Eles são socialmente aclamados e recompensados pelos seus “atos altruístas” de salvação. Ele acredita na generosidade de seus cuidados, vendo a si mesmo como alguém sempre pronto a ajudar. O que ele nega são as consequências desastrosas de seus atos incapacitantes. Mas o mais difícil para esse “benfeitor” é perceber como eles próprios acabam se tornando vítimas. É muito difícil para um Salvador ouvir que é vítima, mesmo quando é pego em flagrante reclamando sobre como são destratados! DOR TRIANGULAR Viver no Triângulo do Drama gera infelicidade de muitas maneiras. A principal semelhança é que nenhum dos participantes do triângulo deseja (ou sabe como) assumir responsabilidade. O preço pago é enorme para os três papéis e leva a uma dor emocional, mental e até física. Escapar da responsabilidade e/ou tentar proteger a si mesmo ou a outras pessoas não funciona e, mesmo assim, é o objetivo principal de todos os que caem no triângulo. A verdade é que a maior dor é a angústia gerada quando se tenta evitá-la. Quando tentamos proteger as outras pessoas da verdade, nós subestimamos suas habilidades. Isso é incapacitante e leva a reações negativas de todas as partes. Todos os envolvidos acabam magoados e infelizes. Ninguém sai ganhando. Enquanto envolvermos aos outros e a nós mesmos no Triângulo, nos relegaremos a viver como robôs, no automático. Em vez de levarmos vidas vibrantes de espontaneidade e escolhas, nós nos conformamos em simplesmente sobreviver. Experimentar uma vida completa exige a habilidade de interagirmos com liberdade. Isso é impossível enquanto estivermos envolvidos no Triângulo do Drama. SENTIMENTOS RENEGADOS Muitas vezes encontramos nossa entrada para o triângulo pela porta dos sentimentos renegados. Sempre que negamos os sentimentos das outras pessoas ou os nossos, nos colocamos inevitavelmente em algum dos papéis do triângulo. Nós salvamos as outras pessoas sempre que tentamos fazer com que não se sintam mal (“Eu não posso contar ao Jim o que penso porque isso irá machucá-lo”). E assim reprimimos nossas opiniões, sentimentos e pensamentos como sendo segredos, o que inevitavelmente cria distância. Pais que cresceram sem permissão de conhecer ou expressar sentimentos geralmente negam às suas crianças o mesmo direito. Reprimidas, essas emoções negadas se tornam bolsões secretos de culpa, alienando-nos dos outros e nos sentenciando a uma vida no triângulo. Os sentimentos podem ser intangíveis, mas ainda assim são reais. Sempre que negamos acesso à nossa experiência sentimental, nos colocamos na perspectiva da vítima. Não podemos assumir responsabilidade por sentimentos dos quais não tomamos conhecimento e, portanto, caímos no triângulo. CULPA E CRENÇAS ESSENCIAIS A interação triangular é a forma principal pela qual culpa é gerada. Cada papel se movimenta em volta do triângulo de maneira distinta. Isso ocorre porque cada posição inicial possui seu próprio conjunto de crenças essenciais que tende a posicioná-la em um determinado papel. São estas atitudes inconscientes que criam sentimentos de desvalorização, inadequação e deficiência. O triângulo é a maneira pela qual reforçamos e perpetuamos essas crenças produzidas pela culpa. Os Salvadores, por exemplo, acreditam que suas necessidades são desimportantes e irrelevantes e, portanto, não merecem atenção. A única maneira pela qual conseguem se conectar de maneira genuína com outras pessoas (de forma a ter satisfeita sua necessidade de pertencer e sentir-se importante) é tomando conta de outras pessoas. Os Salvadores se enchem de culpa quando não conseguem cuidar das pessoas. Seu mito principal é: “Se eu cuidar dos outros bem o suficiente, por tempo o suficiente, um dia será a minha vez”. Infelizmente, no triângulo, os Salvadores cuidam de eternas Vítimas que não fazem ideia de como serem presentes para os outros. Isso reforça a crença essencial dos cuidadores (“minhas necessidades não contam”), o que, por sua vez, produz mais culpa por terem necessidades reais. Culpa e vergonha são forças poderosas para a perpetuação do Triângulo. A culpa é usada com frequência pelas Vítimas, em um esforço para forçar seus Salvadores a cuidarem delas (“Se você não cuidar de mim, quem cuidará?”). A crença que gera culpa nas Vítimas é a de que elas não conseguirão tomar conta de suas vidas, e isso as faz sentirem-se incapazes e necessitadas. Os Perseguidores, acreditando que o mundo é perigoso, usam a culpa como ferramenta principal para manter os outros em seu lugar. Seu objetivo principal é sentirem-se seguros, inferiorizando os outros. “Pegarei eles antes que me peguem!” é sua pauta principal. Que maneira melhor há para fazer isso do que julgar, moralizar ou denegrir suas vítimas? DESONESTIDADE Obviamente, quando aprendemos a negar a nossa realidade emocional, a honestidade torna-se impossível. Falar nossa verdade exige primeiro conhecê-la. Quando reagimos de acordo com nossos sentimentos renegados e nossa programação inconsciente, não conseguimos de maneira alguma conhecer nossa própria verdade. Isso significa que existirão objetivos ocultos e desonestidade. Essa é outra peculiaridade importante de todos os envolvidos no triângulo. Somente conhecendo a verdade podemos começar a nos comunicar de maneira sincera. E somente assim será possível sair do triângulo. FRACASSO NA INTIMIDADE Apesar de todos nós desejarmos intensamente nos conectar uns com os outros, muitas pessoas, lá no fundo, têm pavor da intimidade. Deixar alguém nos conhecer verdadeiramente pode ser uma experiência assustadora. A intimidade exige vulnerabilidade e abertura honesta. Acreditar que somos profundamente não-merecedores do amor, deficientes ou inferiores torna muito difícil nos revelarmos. Nós desejamos ser aceitos de maneira incondicional, mas quando não conseguimos aceitar a nós mesmos, é impossível acreditar que alguém realmente possa se envolver conosco. Pensar que precisamos esconder nossa falta de valor faz com que seja imperativo manter distância. Enquanto tivermos de manter segredos e negar nossa verdade, a intimidade será inatingível. A vitimização é uma maneira de garantir a alienação, não somente em relação a outras pessoas, mas também a nós mesmos. SAINDO DO TRIÂNGULO Para sair do Triângulo, precisamos primeiro decidir assumir a responsabilidade por nós mesmos. Em seguida, começamos a nos permitir conhecer e expressar nossos reais sentimentos, mesmo quando fazê-lo for desconfortável ou desagradável. Quando exploramos nossas posições iniciais e suas crenças essenciais, nos tornamos mais hábeis para reconhecer quando alguém está tentando nos empurrar para o triângulo e nos recusamos a permitir esse empurrão. Aprender a conviver com sentimentos de culpa sem agir levado por eles é um grande passo para resistir ao jogo da Vítima. Sentir culpa não necessariamente implica em perdermos nossa integridade. Culpa é uma reação aprendida. Há vezes em que a culpa indica que quebramos as regras de uma família disfuncional. Crenças a nosso respeito e a respeito do mundo que impedem o nosso crescimento pessoal, influenciando-nos desde cedo, acabam por se tornar regras rígidas que precisam ser violadas. Ditados familiares como “Não fale sobre isso”, “Não divida seus sentimentos” ou “É egoísta preocupar-se consigo próprio” têm de ser superados se desejarmos crescer. Podemos esperar e até mesmo celebrar a culpa gerada quando desafiamos essas leis tácitas. Ser honesto consigo próprio e com outras pessoas é a principal maneira de sair do triângulo. Dizer a nossa verdade é a maneira principal de assumir responsabilidade. Precisamos então estar dispostos a tomar as devidas providências para o que quer que seja que essa verdade revele. Para que um Salvador seja honesto, por exemplo, ele tem que confessar seu esforço em manter outras pessoas dependentes dele. Isso significa reconhecer que ser um salvador satisfaz sua necessidade de sentir-se necessário. Dessa maneira, os Salvadores aprendem a reconhecer e abordar suas próprias necessidades. Para alguém preso na posição de Perseguidor, pode parecer extremamente ameaçador ser absolutamente sincero consigo próprio. Fazer isso se assemelha a culpar a si próprio, o que somente intensifica sua condenação interna. Os Perseguidores precisam de uma situação ou pessoa a quem culpar para que possam manter-se raivosos. A raiva os alimenta como um combustível para sua psique que os faz seguir em frente. Essa pode ser a única maneira pela qual conseguem lidar com uma depressão contínua. Os Perseguidores precisam de explosões de ódio como algumas pessoas precisam de um rush de cafeína. É com esse tranco que começa seu dia. Bem como nos outros papéis, para o Perseguidor, assumir as consequências de suas escolhas é a única maneira de sair do Triângulo. É necessário que exista algum tipo de ruptura para que passe a desejar assumir sua parte. Infelizmente, por conta de sua enorme relutância em fazê-lo, pode ser necessário que isso ocorra na forma de uma crise. Ironicamente, a porta de saída do triângulo para todos os envolvidos é a posição de perseguidor. Isso ocorre porque, quando decidimos sair do triângulo, geralmente somos vistos como perseguidores por aqueles que ainda estão nele. Assim que decidimos assumir nossa responsabilidade e dizer a nossa verdade, aqueles que ainda estão no triângulo tendem a nos acusar de vitimizá-los. “Como você pode se recusar a cuidar de mim!”, pode reclamar uma vítima. Ou “O que você quer dizer com ‘não preciso da sua ajuda’?” diz um facilitador, quando sua vítima decide cuidar de si mesma. Em outras palavras, para escapar da vitimização precisamos perseverar ao sermos vistos como “pessoas más”. Isso não é verdade, mas precisamos estar preparados para lidar com o desconforto de sermos encarados dessa maneira. Quando você está preparado para suas responsabilidades, começa a ordenar as causas e sentimentos reais em relação à situação presente. Você se dispões a experimentar seus próprios sentimentos desconfortáveis e deixar com que as outras pessoas façam o mesmo, sem sentir necessidade de resgatá-las. Se as pessoas que você ama e admira também estiverem dispostas a participar nesse processo de auto-realização, a quebra do triângulo será acelerada. Se você estiver pronto para a quebra e eles não, talvez seja necessário estabelecer limites rígidos ou até mesmo cortar relações. Novamente, isso apresenta o risco de ser visto como perseguidor. Como pessoas cuja posição inicial é a de Vítima são identificadas como o problema de suas famílias, é natural que procurem ajuda profissional. No entanto, muitas vezes essas pessoas estão inconscientemente buscando por outro Salvador (algo que, por acaso, abunda no meio profissional de ajuda psicológica). Estas pessoas precisam desafiar a crença arraigada de que não conseguirão seguir sozinhas. Se elas desejarem sair do triângulo, precisam começar a tomar conta de si mesmas em vez de procurar por um salvador externo a elas. Em vez de encararem a si próprias como incapazes, elas precisam reconhecer sua capacidade de resolução de problemas e também de seu potencial de liderança. Podemos concluir que precisamos primeiro nos conscientizar da maneira pela qual atuamos no Triângulo do Drama. Onde quer que haja disfunção, o Triângulo do Drama estará lá. Tornarmo-nos conscientes da nossa posição inicial é o primeiro passo para nos livrarmos de nossos padrões destrutivos de comportamento. Quando damos início ao processo de libertação da nossa inércia ao assumir responsabilidade e dizer a verdade, transformamos nossa vida. Em outras palavras, nós atingimos o nosso Eu Superior e trilhamos o caminho das possibilidades latentes em cada um de nós.
Posted on: Sun, 27 Oct 2013 18:24:16 +0000

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