Pior do que lidar com o ego alheio é lidar com a projeção do - TopicsExpress



          

Pior do que lidar com o ego alheio é lidar com a projeção do ego alheio sobre nós. UM DESABAFO -> É preciso um grau muito raso de consciência pra sabermos que o dito outro mede suas ideias sobre nós a partir de si mesmo. O filósofo disse que o homem é a medida de todas as coisas, pois eu digo que não, digo que o ego é a medida da ilusão sobre as coisas. E eu estou muito, muito cansada. Semana passada, um amigo me fez uma crítica muito boa. Disse que eu tentava controlar a recepção das pessoas por aqui. Fiquei uma semana meditando sobre isso e não sinto mais assim no meu peito. O que sinto é honestidade. Tornar minha comunicação uma flecha de convicção sobre meu caminho e pagar o preço de tudo que profiro no mundo. Maturidade basicamente. Também é preciso um grau muito raso de consciência pra sabermos que o facebook é a ferramenta maior de infantilização do indivíduo. Eu preciso do like e do comentário, porque não me basto, sou inseguro, hesitante sobre mim mesmo. Tua projeção sobre mim, independente de positiva ou negativa, altera meu comportamento original. Eu sou uma reação a ti. De mim, nada ficou, apenas minha aceitação ao universo de boicote que construí pra todos nós. Eu alimento essas relações infantis. Eu alimento os mimimis, os “lindas” em fotos de perfil, minha redução de mim a uma imagem insegura e infantil. Este é o facebook que eu vejo. Esta é a sociedade em que vivo. Somos reações. O ego é uma reação. Alguns dizem que esta reação é o impulso. Creio que é bem mais embaixo. Este impulso nada tem de instantâneo. Ele é resultado de medos e traumas mudos, de padrões que geraram a partir de experiências passadas, de ideias dos pais, dos professores, dos amigos, etc. É o medo de perder tudo isso, de perder essa pouca base ilusória/externa que temos, que nos faz reféns da ideia alheia. Nos faz reféns dos elogios, das críticas, de tudo. A verdade é que eu alimento aquele que me trata como criança, que não confia no que eu sou ou no que eu faço, porque eu não confio no que eu sou e no que eu faço – e é por isso que ele tem tanto poder sobre mim. Não mais. Simples assim. E eu estou cada vez mais apavorada – este é o termo mais perfeito – com o que tenho visto ao meu redor. Calo e me afasto. E me afasto. E me afasto mais ainda. Desculpa se não respondo tua mensagem, menino, mas tuas palavras, teu mural, teu comportamento como um todo transbordam insegurança e isso é tudo que eu não quero pro meu mundo. Se é isso que tu tem pra me oferecer, minha solidão é mais amorosa do que tua paixão assustada. Se eu escolhi uma foto pro meu perfil, eu sei que estou bonita na foto. Teu linda não agrega nada. Meus textos não são brincadeiras. Não estou na vida a passeio. É preciso honrar o que digo e o que não digo também. E não é nada fácil pagar o preço do que eu sou ou do que quero ser – mas, no fundo, foi apenas isso que mudou na minha vida. Maturidade. Pagar o preço é maturidade. Os pais dizem que, quando tu pagar tuas contas, tu vai poder fazer tuas escolhas, mas esse pagar é muito maior do que podemos conceber. Eu sei o impacto de um post como “casamento é pouco pra mim” - faz um ano que postei isso, e sustento. E eu pago o preço. Não existe exceção na minha confiança em mim. Eu não posso me trair e não posso trair o que sou, porque, se eu me traio, eu gero rastro de instabilidade e de dor no meu caminho e isso não cabe mais na comunidade da qual eu participo – mesmo que seja uma comunidade de uma mulher só. Pouco importa o número, porque eu sei o quanto de amor existe aqui. Amor e confiança. E é exatamente isso que falta nesse mundo... Que engraçado, não? Por que será que não conseguimos mais confiar nos outros – por mais de um instante...? Talvez, porque estejamos construindo mundos egóicos em que eu sou alterado constantemente por ilusões externas sobre ilusões internas. Minha infantilidade arquiteta um universo de boicote pra que um terceiro venha e me salve com desejinhos bonitinhos. Eu creio ter esse mesmo poder sobre o outro e tento salvá-lo pra receber um troféu de grandeza – e a verdade é que ninguém consegue mais dar um passo sem a autorização do outro. E isso não tem nada a ver com facebook... A diferença é que podemos enxergar isso claramente por aqui. Pra mim, isso sim é ditadura. É minha permissão de que tu tenha esse poder sobre mim. Ainda mais que tu não tem ideia de quem tu é. Tu é uma reação a pessoas que eu sequer conheço. Não. Não mais. Simples assim. Eu cansei. Eu cansei tanto, que mudo minha vida toda. Eu cansei tanto, que mudo todos os nomes, cores, gestos, tons e vozes do meu universo. Cansei tanto, que este post é sobre mim, como todos o são, porque eu sequer sei quem é o outro. Não sei quem é tu. Eu falo abertamente e quem puder que se encaixe. Quem não se encaixar e vier com o padrão complacente, messiânico e infantilizador pra cima de mim receberá a resposta de acordo. Eu sei o que sinto e sei o que sou e tudo que me trair não é bem-vindo no meu universo - nosso. E se tu não consegue confiar que, pela primeira vez, eu sei o que estou fazendo e que isso tudo é o mais radical e amoroso dos gestos, nada poderei fazer – apenas acenar à distância e desejar boa sorte no teu caminho neste mundo tão, tão, tão conhecido por todos. Então assim: - teu achar que eu preciso ou quero tua opinião sobre minha imagem é um insulto a nós dois, porque reduz o amor que existe além do olho (que só existe além do olho) - eu aceitar teu controle sobre mim é traição ao meu caminho de autonomia – nossa liberdade - eu não esclarecer o que sou para o mundo é medo de pagar o preço da minha maturidade e aceitar a prisão “da casa dos pais” dentro de mim pra sempre - eu me manter aprisionada em ideias terceiras é desonrar teu amor por mim e te oferecer nada além de uma reação, algo que qualquer nome poderá ser pra ti – eu não, nunca mais - a todos que entendem o que digo, mesmo que nessa retórica um tanto quanto objetiva demais, que vivem amorosamente pela libertação do olho, da celebração da imagem, que se dedicam ao fim da afetação, nem que seja de um único sorriso ao elogio do outro ao ego, por favor, mantenham-se por perto – porque o mundo vai precisar da gente na sequência. Esse sistema da legitimação externa vai explodir cedo ou tarde – e eu não vou pagar o preço da minha infantilidade. Não. Não mais. Gratidão, fiquem bem. Superem tudo isso. Ultrapassem-se. Amem-se acima de tudo. Amem-se tanto, que até a imagem mais tentadora será traição engraçadinha à magnitude de tudo que somos. Não, obrigada. Passar bem e até mais.
Posted on: Fri, 16 Aug 2013 02:30:15 +0000

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