Poema inédito, Seis Noites, de Ronald Augusto. Seis - TopicsExpress



          

Poema inédito, Seis Noites, de Ronald Augusto. Seis Noites vai um caminhão (umas luzes) pela rua debaixo mas não é dele o arruar que escuto em meio ao escuro o que se destaca embora de mistura é o das ondas enormes que engordam a noite enquanto esmurram a praia invisível em claro rendidos ferros figuras a carvão céu quieto pesadelo de dínamos noturnos vem alguém por onde o caminhão mas o pavimento civil impõe um solado átono aos passos do bebum que retorna suspeitoso como se calçasse as chinelas de outrem vozerio de vazio verde-negro o abala-insetos as frestas da porta os ângulos do banheiro baratas aranhas escaravelhos a ver os maiores indivíduos do conjunto solertes junto ao soçobrar de insalubres escarcéus humanos de costas de flanco de boca para o chão embrulhados em sono de enterrado vivo e cheio de dedos nódulos paga ao ansioso focinhar em fossos de um côvado de lado defraudados aos mais eguns ossos brancos apagados feito a noite não aquela maior mas esta símile de langston hughes não aquele maior mas este hughes breve objeto verbal símile de mim olhos brancos assoprados a cegueira rubra de aderaldo a cifra do hades nas ranhuras de sua mão trava-vias noctâmbula gravura em metal negrume pelágico tumba de marinheiros fenícios sem prerrogativa de ultima verba carcaças enxotadas até a costa por delfins lanterna à deriva em espuma nadir sem termo o noturno azul-marinho ao redor da luz fungível que encima o poste de concreto vai um caminhão preenchendo a rua debaixo nenhum trem a rasgar a escuridão em duas bagas a noitada ruinosa investe contra o mato atrás da casa esse corpo fechado se ensombra de verde-escuro à hora da encruza a premeditação do despacho sangue de vários transes vertido em tacho bojudo que o bebum zebum bebe a maldizer como se um muxoxo a fístula entre a hora grande e o orum manto aleixo paramento arengolé belo que nem a noite ou bem assim o povo de hughes símile de mim sob o umbráculo indesejado das gentes indormidas tamborilar de animaizinhos granulosos no recuo do matagal coisinhas cascas-finas ao pé de fungos recôndidos panglossia de bebum egum sepulcro do boitempo a aragem morna espana um punhado de jacintos retinta clareira negativa jungida ao pano sujo das ondas às margens da rua debaixo o remoinho que o caminhão um tufo fino de asma na escuridade enxame de exus o marchetado alvinegro dos sapatos executando o miudinho arremates de vermelho sobre o couro duro símile da noite no encerro do bosque retumba a pele de juta do boi umbroso amigado com o amuo do bebum (que alcançou se safar das estranhas chinelas) e cujos sobrepassos obrigam o caminhão que vai pela rua debaixo a corrigir seu curso na calada no claustro do vilarejo constelado entre dois morros numinosos e à beira do negror do revolto mar grande enquanto o estrídulo chuvisco incha o brejo o martelar do tanoeiro sobrenada nem funesto nem menos distante [Gamboa, SC, 22/jan; 27/jan/2014] Ronald Augusto Alex Simoes Paula Santos Mel Adún Livia Natália Alex Ratts Maiana Lima Camila de Moraes Ari Sacramento Mathias Ariel Jaimes Ricardo Aleixo Jorge Augusto Ana Maria Gonçalves Sílvio Oliveira Claudia Santos Daiane Silva
Posted on: Sat, 27 Sep 2014 13:24:07 +0000

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