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Por Bruno Gabriel "É incrível como as coisas acontecem em minha vida... Veja o que estou lendo aqui na faculdade..." Motivação no setor público: desafios e reflexões O artigo aborda a questão da motivação no setor público, como ferramenta estratégica e que é desprezada pelos gestores. O leitor, ao ver esse atrativo título, se profissional da área privada, já pensará por que se falar em motivação para aqueles que são noticiados com privilégios e benefícios sem conta (na visão generalizante de algumas reportagens). Se profissional do setor público, pensará ser essa uma questão sem solução, dada as características do setor público. Por conta dessas visões extremistas, o presente artigo busca fazer uma reflexão sobre os desafios da motivação no serviço público. O funcionário público (lato sensu) é uma figura mitificada em nossa cultura, na visão do "barnabé", que produziria pouco e ganharia bem, figurando como causa primária de todos os males da Administração Pública, em uma visão estereotipada e generalista, construída pelos efeitos danosos de alguns profissionais, bem verdade, mas também por medidas intencionais de descrédito, que ignoram os sucessos dessa força de trabalho, nos diversos desafios para prover serviços públicos em um país heterogêneo e de dimensões continentais. Os trabalhadores do setor público, como qualquer outro na atividade laboral, tem tarefas, horários, prazos e ainda que muitos não pensem assim, necessita estar motivado, para que apresente um trabalho de excelência e almeje o aperfeiçoamento contínuo, priorizando a manutenção da sua opção profissional em detrimento de outras oportunidades que vierem a surgir. Dentre as teorias motivacionais que suportarão nossas reflexões, destaca-se a de Victor Vroom (1932-), o qual afirma que a motivação é fruto da crença do indivíduo de que seu esforço na organização vai produzir como resultado aquilo que ele valoriza, na relação da atuação com a respectiva recompensa. A teoria dos fatores higiênicos e motivacionais de Herzberg (1923-2000) indica que o conteúdo do trabalho faz o indivíduo satisfeito e que os fatores ambientais (chefia, salário, instalações), quando deficientes, tornam o profissional insatisfeito, em duas dimensões que não se misturam, na qual o insatisfeito não é o oposto do satisfeito. Afirma ainda que os fatores internos alusivos à relação com a natureza das tarefas são os grandes promotores da motivação. Dessa forma, no que se refere aos entraves para a motivação, tem-se que os anseios normais dos indivíduos-melhorias salariais, promoção funcional, prêmios como viagens e bônus salariais são tratados nos sistemas públicos por meio de tabelas unificadas com melhorias periódicas, situação que rompe essa relação de atuação e recompensa. Essa situação se agrava pelas notórias práticas patrimonialistas, nas quais o apadrinhamento faz com que muitas vezes o critério de atribuição de tarefas seja o esforço e a competência, enquanto o processo de recompensa se vincule a fatores subjetivos, como a amizade e a simpatia. Soma-se a isso a dificuldade inerente à nossa cultura, do homem cordial, de condescendência com a ineficiência e de sobrecarregar o profissional competente, o que incide diretamente na motivação destes no setor público. Por outro lado, quando o gestor público consegue instalar no seu microcosmo um sistema de meritocracia, com critérios objetivos na atribuição de funções comissionadas, bem como na utilização de prêmios de reconhecimento vinculados ao desempenho individual e de equipes, no atingimento de metas e com excelência, esse gestor obtém grandes resultados, ainda que enfrente resistências. Por seu turno, na visão altruísta, o tipo de trabalho do setor público é, de um modo geral, inerentemente gratificante, dada a possibilidade de se vincular o seu resultado a melhoria da vida das pessoas e de contribuir com o social, o que torna o conteúdo do cargo atraente. Tal fato pode fortalecer a motivação, e mais ainda, se for incrementado pela participação nas decisões, atribuição de responsabilidades e apresentação pública de resultados obtidos. Os fatores ambientais, entretanto, são pouco valorizados na gestão pública, de forma que temos a casuística de péssimas instalações em repartições públicas, além da baixa flexibilidade que tem o gestor para mudar seu entorno, ainda que algo sempre possa ser feito. Também existe um preconceito velado com as iniciativas motivadoras nesse sentido, associadas a ser um privilégio, não reconhecendo as peculiaridades organizacionais de instituições públicas e privadas nesse campo motivacional. Como fator que embaraça os processos motivacionais, tem-se também que muitos se alistam nas fileiras dos concursos públicos sonhando com os fatores ambientais, como a carga horária, estabilidade e salário, ignorando o conteúdo do cargo, suas tarefas cotidianas, aquilo o que realmente motiva o servidor. Assim, temos uma armadilha motivacional, com indivíduos não satisfeitos com o trabalho e não insatisfeitos com os benefícios, de forma concomitante, em uma destruidora dicotomia.
Posted on: Tue, 27 Aug 2013 00:35:18 +0000

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