Por Iyewatobi Eniola Orilempe Relação de Consumo Religiosa. O - TopicsExpress



          

Por Iyewatobi Eniola Orilempe Relação de Consumo Religiosa. O Brasil possui sua estrutura econômica pautada no consumismo. Muitas das vezes, nem mesmo as representações do Sagrado ficam imunes à lógica do mercado. Atualmente nos deparamos com o homo religiosus contemporâneo que direciona seus esforços para se relacionar com o Sagrado e com suas representações. Toda essa demanda fortalece a constituição de um mercado de consumo especializado na oferta de bens simbólicos da religião. E a busca por esses bens religiosos tem por finalidade a satisfação dos interesses do fiel consumidor. Podemos definir os bens simbólicos da religião como sendo os produtos e serviços religiosos oferecidos no campo religioso, capazes de permitir pontos de contato com o sagrado. São muitas vezes bens corriqueiros que, por vários atos litúrgicos recebem atributos especiais que os identificam com o sagrado. Toda a sociedade brasileira é conhecida pela produção em alta escala de produtos e serviços. E no campo religioso não é diferente. As instituições religiosas se ocupam também em conceber produtos e serviços simbólicos da religião a fim de atender as possíveis demandas de seu público alvo (fiel consumidor). E no mercado religioso também encontramos os modismos com vista a manter ou multiplicar o seu capital simbólico (capacidade da Organização Religiosa de criar, recriar e difundir os bens simbólicos da religião). O exercício da necessária liberdade da atividade religiosa em nosso país quebrou com os monopólios religiosos anteriormente instalados. Por outro lado, propiciou a desenfreada proliferação de instâncias promotoras do sagrado, estabelecendo uma competitividade entre diversas organizações religiosas de nosso País. A competição está atrelada a formação do maior número de seguidores. Nesse sentido, a organização religiosa passa a se preocupar em agradar o fiel consumidor, sob pena de perdê-lo para o concorrente que apresentar ambientes e práticas litúrgicas mais agradáveis aos seus interesses. Nos ambientes religiosos as mensagens passam a ser articuladas cuidadosamente para atrair um número cada vez maior de fiéis consumidores, deixando de lado a real e necessária interpretação das orientações devidas a cada um dos seguimentos religiosos. A sociedade brasileira, antes mesmo de formar cidadãos, preocupa-se em formar consumidores. O mesmo se da no campo religioso. O mercado de consumo religioso tem suas estratégias para cativar o fiel consumidor, produzindo-lhes inclusive, pseudonecessidades de consumo, que em sua esmagadora maioria se encontram em posição de vulnerabilidade, seja ela econômica (frente às grandes potencias econômicas que se tornam facilmente algumas instituições religiosas), técnica (incapacidade de produção de bens simbólicos da religião) e/ou teológica (basta verificar a dificuldade para sustentar pontos doutrinários de sua prática religiosa, mesmo que participe do mercado religioso há muito tempo). Assim, e deixando de lado, no momento, as implicações legais que essa relação de consumo instituída estabelece, é possível afirmar que as deturpações religiosas ocorridas em nosso meio e mais recentemente atingindo também o culto a Ifá aqui no Brasil - e possivelmente em diversos outros locais do planeta - se deve principalmente à essa relação de consumo que pertence à nossa cultura, que em última instância, visa estender o mercado com a atração de novos fiéis consumidores, deixado de lado seus conceitos, preceitos, dogmas, e até mesmo a própria identidade cultural, para agradar e atender as expectativas de possíveis novos seguidores, atendendo assim à lógica de mercado consumerista que faz parte da cultura brasileira.
Posted on: Sat, 22 Jun 2013 05:05:16 +0000

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