Por que será que nossos conterrâneos vivem nessa eterna ida e - TopicsExpress



          

Por que será que nossos conterrâneos vivem nessa eterna ida e vinda entre morar fora e viver aqui? Muitos deles estão chegando para a Festa do Caju. Mas acreditem: não é só a Festa tradicional que os trazem de volta. O que os fazem voltar, ainda que por alguns dias, ou para ficar de vez, é uma coisa chamada identidade. Isso mesmo, identidade. É isso que move essa eterna vontade de voltar e estar em Jaçanã. Todo jaçanense que foi embora e que agora vive fora, espalhados pelas cinco regiões do Brasil e até no exterior, saiu para buscar melhores condições de vida, pois não encontraram oportunidades aqui. Às vezes não encontraram porque não tinham instrução suficiente, ou porque a cidade é pequena demais, ou porque não têm padrinhos políticos, ou por tantos outros motivos. Fato é que o movimento migratório é uma realidade jaçanãense desde a sua fundação. Quem não tem um conhecido ou parente que foi embora ou que vive fora? Fato é que todos eles nutrem um mesmo desejo: um dia voltar á terrinha. Há os que negam essa identidade e não dizem de jeito nenhum que são de Jaçanã e que não querem nem ouvir falar no nome da cidade. Esses trazem consigo algum trauma, alguma grave decepção vivida num dado momento por aqui e generalizaram, achando que negar a identidade apaga aquele recorte de uma situação vivida. Mas há também, e felizmente, os que têm orgulho de dizer que são de Jaçanã e que só não vivem aqui porque construíram histórias em outras cidades. Verdade é que a identidade é emblemática. E não tem jeito. Você pode mentir para os outros e até para si mesmo, mas aonde quer que você vá as sua essência jaçanãense vai te acompanhar. A identidade de uma pessoa é como uma tatuagem: é para sempre. É ela que faz suas lembranças remeter às imagens, aos cheiros, aos sabores, aos costumes e às gentes de sua terra. Não adianta mesmo. Você pode até criar raízes em outras regiões, mas foi aqui que você germinou. Foi neste solo que você brotou e, mesmo que não queira, traz consigo a gênese da sua construção humana. E assim são os jaçanãenses que vão e voltam nessa luta eterna pela sobrevivência. Há os que aportam e criam ninhos noutros lugares e há aqueles, a maioria, que não esquentam canto em lugar nenhum porque a identidade grita mais forte no interior de seus corações e eles precisam voltar à fonte de sua criação. Não tem jeito: a identidade é mesmo reveladora e decisiva. Eu mesmo já andei pelo mundo, conheci pessoas e cidades, mas a minha identidade é um órgão vital do meu corpo e é em Jaçanã que está a fonte que o alimenta e o nutre. Posso até voltar a sair daqui, mas sei que voltarei sempre, e sempre, e sempre. Mas como? Viver nesse fim de mundo - alguém deve estar pensando - Eu já disse. A resposta está na identidade. A identidade a gente não escolhe. É ela que escolhe a gente e acontece com todas as pessoas, de todos os lugares. E então, aos jaçanaenses que vêm e que vão, que partem e que estão, o meu eterno abraço: um dos traços fortes da nossa identidade. Não a negue! Viva-a da melhor forma que vocês puderem.
Posted on: Sat, 23 Nov 2013 19:04:19 +0000

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