Portugal entrou numa profunda crise política nos últimos dois - TopicsExpress



          

Portugal entrou numa profunda crise política nos últimos dois dias, quando os ministros das Finanças e dos Negócios Estrangeiros se demitiram no contexto de crescente agitação social contra as medidas de austeridade. Estas demissões comprometem o governo do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que chegou ao poder há apenas dois anos. Enquanto esta situação trouxer alguma instabilidade aos mercados financeiros, Portugal ainda terá algum espaço para respirar antes da crise se tornar perigosa para o resto da zona euro. A instabilidade política em Portugal é o resultado de dois fatores: distúrbios sociais causados pelas medidas de austeridade aplicadas por Lisboa e a luta política interna na coligação governamental. Passos Coelho venceu as eleições gerais portuguesas em Junho de 2011, um mês depois de Lisboa pedir um resgate à União Europeia e do Fundo Monetário Internacional. Durante seu primeiro ano no governo, a coligação governamental enfrentou uma situação política relativamente suave. Isso permitiu aos credores de Lisboa apresentarem Portugal como um caso bem-sucedido de resgate, juntamente com a Irlanda e ao contrário da Grécia… Mas os Portugueses estão cada vez mais cansados dos cortes nos gastos e aumentos de impostos aplicados pelo governo. Portugal está em profunda recessão e sua economia contraiu 3,2 por cento no ano passado, a sua mais nítida queda anual em quatro décadas... A taxa de desemprego foi de 17,6 por cento em maio, o que a tornou a terceira maior na União Europeia, depois da Espanha e da Grécia. Principais sindicatos portugueses realizaram uma greve geral no final de junho, depois de centenas de milhares de pessoas protestarem contra a austeridade em março. Isso levou a tensões dentro da coligação governamental. Aníbal Cavaco Silva está realizando reuniões com os principais partidos políticos do país, enquanto Pedro Passos Coelho insiste que não vai renunciar ao poleiro, mas a hipótese de realização de eleições antecipadas não pode ser descartada. Se isso acontecer, a maioria dos principais partidos em Portugal que são pró-europeus, não irão mudar substancialmente de direção, pelo que um novo governo provavelmente irá solicitar metas de défice mais suaves à União Europeia, algo que é susceptível de ser aceite por Bruxelas, aliás, como a Comissão Europeia apresentou recentemente intenção de relaxar as suas metas aos vários membros da zona do euro, incluindo Portugal. Além disso, a promessa de intervenção nos mercados de dívida, feitas pelo Banco Central Europeu até agora trabalhou para manter os rendimentos dos títulos relativamente calmos, sendo que o pior cenário seria para o BCE ser forçado a honrar a sua promessa e comprar dívida Portuguesa, ou pela troika concedendo a Portugal um segundo resgate… mesmo que tal só venha a acontecer no final de 2013 ou início de 2014. Entretanto os tecnocratas do FMI e da UE são esperados em Lisboa no final deste mês para negociarem a próxima parcela do resgate e um acordo rápido traria a Portugal um pouco de ar fresco para o resto do trimestre. A incerteza política é mais que provável que se mantenha elevada em Portugal durante o segundo semestre do ano. Mas, como o resgate Português só termina em meados de 2014, Lisboa ainda tem algum tempo para tentar acalmar os mercados e evitar um novo pedido de resgate, antes da crise se tornar perigoso para o resto da zona do euro…
Posted on: Sun, 07 Jul 2013 09:24:37 +0000

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