"Preso naquele ano, no fim do Congresso de Ibiúna, Dirceu - TopicsExpress



          

"Preso naquele ano, no fim do Congresso de Ibiúna, Dirceu planejava fugir da prisão porque tinha “medo da tortura,” escreve Cabral, o corajoso. Pelo método da banalização do mal, o livro vai chegando aonde pretende. Ameniza a brutalidade da ditadura, num esforço necessário para reduzir o valor de quem ousou mobilizar-se contra ela. Ao falar em “medo da tortura” o livro assume um ponto de vista conhecido e lamentável. A prática da tortura, no mundo inteiro, tem um discurso estabelecido para tentar justificar-se. Situados na posição confortável de um interrogatório, torturadores profissionais preferem explicar confissões obtidas por uma suposta falta de caráter de suas vítimas, pelo “medo”, pela “covardia,” e não pela ação dos choques elétricos no pau de arara. Numa tentativa de explicar um comportamento desumano, querem fazer seus contemporâneos acreditarem que, antes de vencer suas vítimas pela dor física, haviam sido capazes de derrotá-las no plano moral. Conforme esta fabricação imoral, a covardia das vítimas era mais importante do que a dor que efetivamente sentiam."
Posted on: Thu, 22 Aug 2013 04:12:43 +0000

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