Professor: herói ou vilão? Senhor Pedro Maia, finalmente uma - TopicsExpress



          

Professor: herói ou vilão? Senhor Pedro Maia, finalmente uma voz se ergueu em defesa dos professores! Ouso também reafirmar que o vilão da Educação não é o professor. É a falta de educação. A realidade indisciplinar é caótica. Se o professor chama a atenção do aluno, enfrenta o dedo desse aluno diante de seu nariz, a crítica da Supervisão Pedagógica e o rótulo de “sem domínio”, pois não consegue manter a ordem em aula, embora o aluno esteja armado com deboches ou estiletes. Os professores não comentam suas dificuldades nem entre si, por receio desse anátema. O coordenador de disciplina só pode tentar um diálogo infrutífero, sendo, em resposta, agredido com unhadas, dentadas, lâminas. Se leva o problema à diretoria, cargo normalmente alcançado por indicação política, ouve que o problema é dele e que não deseja ser incomodada. O coordenador se vê impotente diante de alunos armados ou que arriam as calças no corredor e soltam fétidos torpedos para demonstrar seu escárnio a qualquer norma. Se chama a polícia escolar, a diretoria, aos gritos, ameaça–o de processo administrativo, uma vez que esse profissional “incompetente” está pondo a público as mazelas da sua administração. O professor, impossibilitado de qualquer atitude, enfrenta uma verdadeira batalha. A Supervisão Pedagógica limita-se a fiscalizar o cumprimento da grade curricular e a exigir que o professor mantenha sua sala em impecável tranquilidade. A situação fica mais grave, pois nenhum aluno pode ser reprovado. Encontram se alunos que não leem a mais rudimentar frase, cursando a quarta série. A responsabilidade de alfabetizar é repassada, conforme declara a escola, para os pais. O professor é obrigado a forjar notas para aprovar aquele mesmo aluno que desrespeitou tudo e todos e não apresentou nenhuma das atividades solicitadas. O aluno percebe isso e tira proveito. Ele precisa transformar a obrigação de estar na escola em algo prazeroso. Esse é o momento de brincar e de extravasar sua agressividade e falta de educação. Pressionados, humilhados, ameaçados, engessados, professores e coordenadores não contam com o menor respaldo em nenhuma instância. O professor é sempre o bandido da história. Ninguém percebe seu heroísmo diário. Atribuem se as mazelas escolares à sua incompetência para controlar a turma, ao seu despreparo intelectual, ao seu trabalho malfeito devido ao salário irrisório. Ele foi treinado em cursos de pós-graduação e mestrados. Estuda psicologia, psicopedagogia, assina revistas, participa de reuniões de pais... mas não é policial e nem recebe treinamento de agente judiciário para dominar turmas de quarenta crianças e adolescentes sem a menor noção de limites. A diretoria deveria estabelecer regras disciplinares. A Supervisão deveria oferecer mais apoio pedagógico. Os pais deveriam impor limites aos seus filhos. A escola é um barco que precisa de que diretores, supervisores, coordenadores, professores, famílias, remem na mesma direção. Enquanto isso não acontece, deixo os meus respeitos e minha admiração por esses profissionais que jamais são chamados de doutores, mesmo quando o são e que precisam levar pó de café para as escolas, se quiserem tomar um cafezinho. Meus respeitos a esses profissionais, que mesmo trabalhando em tão adversas condições, buscam colocar no coração e na mente da juventude os valores morais, intelectuais e humanos que a sociedade espera de um cidadão mas que nega a esse mesmo professor. Parabéns, professor! Sheidi Alcoforado é professora de Língua Portuguesa.
Posted on: Sun, 17 Nov 2013 21:06:15 +0000

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