Prometi ao meu amigo Flávio Cireno que comentaria. E lá - TopicsExpress



          

Prometi ao meu amigo Flávio Cireno que comentaria. E lá vai: Segundo a propaganda oficial do governo, pelo menos vinte milhões de pessoas entraram na classe média desde que o PT assumiu em 2002. Pessoas que compraram “seu carrinho”, emassaram pela primeira vez as paredes de sua casa, puseram tanque de granilite, compraram celular que fotografa, etc. Em virtude da pobreza conceitual da classificação do IPEA, a imprensa não divulga que a “nova classe média” tende a adorar brilho, bijuteria, barulho, perfume forte, etc., exatamente como os outros 60 milhões que ainda não “subiram o degrau” na escada do sucesso à brasileira, e continuam oficialmente pobres e suburbanos. Gaby Amarantos e Ana Paula Valadão, a profana e a santa, estão muito próximas; são na verdade são dois lados da mesma moeda. Classe social não se define apenas pela renda, mas por uma série de atributos simbólicos e cognitivos. O texto em anexo corrobora a hipótese de perseverança do abismo social do Brasil, revela uma atitude “neopreconceituosa” de muitos que têm analisado as “tendências” do estilo de vida do brasileiro, e parecem fazer questão de privar os mais pobres (ou seria mais “bregas”?), do conforto imaginário de ter aquilo que se imaginava que, antes de Lula, só “o povo chique” poderia usufruir. Gente, nada mais cafona (ou seria hype?) que esse esforço oligárquico de classificar o gosto das pessoas, principalmente daquelas pessoas que estão ocupadas demais em ganhar a vida para poder se preocupar com vanguardas em arquitetura de interiores (ou seria “living”?). Esse povo do “living” não se entende, mas é rápido para achincalhar o povo que só quer “seguir a tendência”. Alguém pode argumentar que o porcelanato evita a derrubada de árvores, ao que o outro falará que só usa madeira legal, de remoção, ao que um terceiro colocará uma pimentinha ideológica (toda pessoa “cool” é politizada, já reparou?) e acusará os pisos de madeira de remoção de serem elitistas (já que são pouquíssimas as edificações antigas que têm ripas de mogno e tacos de peroba rosa). Por fim, alguém alegará que o uso desse material, ainda que de remoção, parece com o comércio de marfins de elefante apreendidos pela polícia florestal, e acusará os seus usuários de hipócritas, ferindo os brios dos debatedores.... Gente: as pessoas vivem do melhor jeito possível. Confesso que poucas obras de arte me causam mais emoção que uma cama tubular verde brilhante, com a cabeceira de latão amarelo-brilhante, novinha em folha, no centro de um quarto todo revestido de cerâmica (inclusive nas paredes...) na casa de uma avó que sustenta a neta sozinha com sua pensão do INSS... Esse tipo de “reflexão” do artigo da FSP , - supostamente cult (ou clean?) – está carregada de um preconceito terrível contra a “estética” da “nova classe média”. Classe que, curiosamente, os entendidos juram de paixão que é a coisa mais linda do mundo, mas que não conhecem, não entendem, e de quem – sinceramente – não gostam!
Posted on: Tue, 06 Aug 2013 19:26:49 +0000

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