Pura Ironia Passei por ti, mais não eras que uma desconhecida. Perdida nas memórias de uma conhecida deixada de o ser. Na verdade, nunca estivemos na mesma encruzilhada. Fomos sempre um paralelo impossível de se tocar. Duas imagens sem expressão focada, apagadas na ausência de qualquer razão. Hoje quando passas, ficas-me por um esbater ténue, quase invisível, onde o meu intuir não tem voz para cantar. Nem uma franja de sentimento se perde na presença que um dia quiseste ser, uma entrada em mim feita caminho. Pautaste-te pelo vazio já habitado de um sentir só meu. Não trouxeste sequer uma leve brisa capaz de me despertar um levantar de olhos. Não há partida na chegada isenta de verdade. Foste sem nunca teres sido, uma forma de contra-senso de transparente aparição. Talvez por isso, não tenho nem nunca terei saudades tuas. Por pura ironia, sinto diariamente saudades de tudo o que fui nesse tempo. Onde em coincidência pensas, erradamente, ter vivido.
Posted on: Thu, 05 Sep 2013 05:06:33 +0000
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