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QUAL O SENTIDO DO SEU TRABALHO?????? Giannetti: “Nem tudo o que importa em economia pode ser medido numericamente” Entrar em contato com mentes brilhantes é um privilégio que merece ser compartilhado. Dias atrás, durante um seminário sobre inovação organizado pela Abril, acompanhei uma palestra do economista e filósofo Eduardo Giannetti e tive a oportunidade de fazer algumas perguntas. Professor do Insper – Instituto de Ensino e Pesquisa, em São Paulo e autor de vários artigos e Iivros, Giannetti considera muito difícil estabelecer maneiras de medir felicidade da forma como hoje se medem as receitas na economia. Mesmo assim, chama atenção para o valor do sentimento de felicidade no trabalho. Um dos temas de seu interesse, frequentemente citado, é o do trabalho alienado, descrito por Marx. Pergunto-lhe se existe uma relação direta entre felicidade – ou um sentimento de satisfação – e a capacidade de inovação. Como ver isso no ambiente de trabalho? REMUNERAÇÃO ALÉM DO SALÁRIO Gianetti: “Reter talentos e pessoas criativas depende muito de essa pessoa estar em um espaço em que ela se sente bem. Se está naquela situação do trabalho alienado do Marx, ela não vai querer ficar muito tempo nesse lugar, inclusive porque ela não tem opções. Criar um ambiente de trabalho no qual a pessoa se sinta feliz e perceba algum sentido de realização no que ela faz, é uma remuneração, eu diria, tão importante quanto, a partir de um certo nível de renda, receber mais renumeração. Até um certo nível de renda, você pode fazer praticamente qualquer coisa para ter a sua renda, para garantir o básico, qualquer um de nós vai aceitar. A partir de um certo nível de renda, outras coisas, não tão diretamente mensuráveis, passam a contar mais. O que faz sentido pra mim? Me dá um sentimento de realização? É prazeroso? Eu me sinto bem nisso, acordo disposto para fazer isso ou é uma luta todos os dias para eu chegar lá? Tenho controle do meu tempo?”. TEMPO, RECURSO NĀO RENOVÁVEL “Eu imagino que, a partir de um certo nível de renda, o controle que você tem do seu tempo vale mais do que ter mais renda; porque esse é um budget inescapável, o dia tem 24 horas para todo mundo, não importa o quão rico você seja. E talvez, quanto mais rico você é, mais atormentante seja o budget restrito do tempo, porque você tem muitas opções; hoje eu vou para Paris ou eu vou andar de veleiro? (risos). O uso do tempo é uma coisa que me interessa muito: como é que se distribui o tempo nas nossas vidas e o controle que você tem sobre o tempo restrito, inevitavelmente no budget do dia que você dispõe. Então, eu acho que nós estamos buscando métricas. Nós sabemos os defeitos das métricas que ali estão, especialmente a monetária, que está se revelando cada vez mais deficiente para muita coisa. Mas, encontrar algo com essa objetividade, esse compartilhamento não dá para ter dúvida nessa métrica, nas outras todas tem margem para muita dúvida e percepção; é muito complicado. Tinha um físico que dizia: ‘A Física gosta da medida, tudo o que importa no final é medida. A economia não é a Física’. Então, nem tudo que importa na economia, dá para medir numericamente”. Creio que há um ótimo tema a ser aprofundado nessa questão do uso do tempo, que alguém já definiu como o mais precioso entre todos os recursos não renováveis. Questão que, aliás, faz parte do rol de temas abordados nos métodos propostos para mensuração de Felicidade Interna Bruta a partir do modelo do Butão, hoje discutido internacionalmente. Espero poder voltar a falar com Giannetti a respeito desses temas levantados por alguns de seus colegas economistas sobre métricas de felicidade. Por enquanto, o que dá para saber é que ele não acredita que essas discussões estejam avançadas. “Existe uma preocupação em encontrar maneiras mais inteligentes de avaliar resultados do que a restrita métrica monetária. Mas há muita dificuldade de encontrar alternativas que não sejam totalmente subjetivas, ou declarações que não há como comparar, que não pertencem ao mesmo domínio comparável”. Voltaremos ao assunto – e ao professor Giannetti.
Posted on: Sun, 30 Jun 2013 00:53:02 +0000

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