QUEM OS MÉDICOS CUBANOS ADENTREM AS UNIVERSIDADES! Por André - TopicsExpress



          

QUEM OS MÉDICOS CUBANOS ADENTREM AS UNIVERSIDADES! Por André Luan Nunes Macedo Ir aos rincões com Índices reduzidos de Desenvolvimento Humano já não é um grande problema para os irmãos latino-americanos que chegam de Cuba para exercerem sua profissão médica. Todos eles possuem ampla experiência profissional, pós-graduação e, além disso, passaram por campanhas humanitárias promovidas na África, Ásia e na América Latina. Diante da experiência inconteste desses intelectuais que voltam seus estudos para uma capacitação holística e preventiva, não há dúvidas que a categoria dos médicos brasileiros entrou em pânico com a concorrência dos colegas cubanos. A recepção xenófoba criada pela grande mídia e comprada pelos Conselhos Regionais de Medicina em nosso país é fruto de uma acirrada luta de classes dentro do campo da saúde instaurada pelo programa Mais Médicos do Governo Federal. Tal luta, em nossa opinião, não pode parar somente no tratamento humanitário com o paciente, mas na formação das futuras gerações de médicos nas faculdades de todo o país. A luta de classes possui uma dimensão pedagógica a ser assimilada. Os médicos cubanos vêm para o Brasil para educarem seus pacientes, uma vez que sua prática está intimamente ligada à prevenção de doenças sem o obcecado uso de remédios e da alta tecnologia, utilizada somente em casos mais complexos, como salienta o Dr. Marcelo Coltro. Brasileiro. Coltro é especializado em Medicina da Família e da Comunidade e foi um dos poucos médicos que recebeu com boas vindas os seus companheiros de profissão (ver: viomundo.br/entrevistas/medico-brasileiro-da-as-boas-vindas-aos-cubanos-resgate-do-raciocinio-clinico.html). Diante de uma prática médica subordinada à indústria farmacêutica, intimamente voltada para o uso obsessivo de remédios para o tratamento de pacientes, o médico cubano possui uma prática que subverte os valores impostos pelo poder econômico desta. O simples fato de trazerem a medicina preventiva como uma filosofia de pensamento a ser assimilada pela sociedade brasileira já é uma intervenção pedagógica contra-hegemônica fundamental para refletirmos a saúde em nosso país sem tantas pressões advindas de uma indústria que lucra com a própria doença. Apesar disso, a luta de classes no campo da saúde não pode ser travada somente com o cunho assistencialista, como quer o governo. Seria fundamental articular a vinda desses médicos com a sua visita em nossas universidades, para que brasileiros e cubanos possam trocar experiências e, também, produzirem conhecimento. Os cubanos são intelectuais comprometidos com aspectos da formação médica que foram perdidos no Brasil e que, diante do atual quadro estrutural, precisam retornar. Não podemos esperar o nordeste virar uma São Paulo de tecnologias para cuidarmos de nossos pacientes, como é propagado pelo discurso corporativista dos médicos. É necessário pensar a saúde por outros meios que não somente a utilização de uma tecnologia moderna e, ao mesmo tempo, de alto custo. Muitos de nossos problemas, segundo o dr. Marcelo Veloso Coltro, podem ser resolvidos a partir do “resgate do raciocínio clínico” e do tratamento mais direto com o paciente. Precisamos aprender com esses intelectuais em todas as dimensões do conhecimento produzido na academia, realizando pesquisas, incentivando palestras e aulas regulares nas universidades. Como se sabe, Cuba é referência em tratamento de epidemiologias tropicais e de outras patologias advindas dos níveis de miséria existentes na América Latina. Trocar informações de maneira sistemática, tendo as instituições universitárias como mediadores desse processo é de extrema importância para um país como o nosso, que ainda mata sua população de Dengue e Malária... São desconhecidas as razões pelas quais os médicos cubanos não foram convidados para também realizarem interações e pedagógicas nas universidades. A intervenção nas futuras gerações de médicos pode contribuir para permitir uma escolha entre a prática médica já naturalizada por uma corporação há anos e uma medicina que tem seus elementos basilares pautados no humanismo e na manutenção da vida. Seria muito bom permitir aos alunos essa contradição já no seu espaço de formação. Caso contrário, a vinda dos médicos resultará em completar um simples buraco criado historicamente pelos descasos da classe dominante e não poderá perdurar como deveria nos corações e mentes dos futuros profissionais da saúde do país. O debate travado na sociedade sobre a vinda de nossos irmãos latino-americanos permite transformar não só a saúde, mas também as relações políticas que geram tanta promiscuidade na relação dos médicos brasileiros com o Sistema Único de Saúde e, consequentemente, com seus pacientes. É preciso educá-los com uma medicina anti-mercadológica, acima de tudo. Talvez seja essa a única doença a ser curada no Brasil e no resto do mundo.
Posted on: Wed, 28 Aug 2013 00:26:08 +0000

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