"Quando vires o mar, saibas que virei sal. Treino novamente para o adeus, que é uma lição que esqueço sempre que o amor faz a viagem de volta. O amor que passa nunca existiu. Não diga mais nada, entendi. Preciso agora cuidar das palavras para que percam esse mofo acumulado pelo fim. Tomaste o amor sem dar nada em troca. Levaste-o para longe, ave migratória. Mesmo por um instante, quando voltas realimentas o que perdi para sempre. Passaste por mim como um vento vindo de longe. Espero que retorne na curva da noite. Tenho um amor que não existe, que desistiu de esperar. Sou um navio sem porto de chegar. Me devolveste o que jamais tive. Essas paredes de mel na minha fantasia. Descobri tardiamente: não me queres mais. Tens o corpo suave como coberta de lã. Em ti me embrulho até amanhecer. Melhor dizer só o mínimo para que o encontro não perca sua forma de magia. Estive isolado numa ilha cercada por inúmeras distâncias. Mas vi o barco navegado por ti, peregrino. Diga o nome do anjo que te enviou, graça noturna. Teu vício é a sedução sem vínculo. Resisti até o último assédio. Depois fui capturado por tua rede invisível."
Posted on: Thu, 18 Jul 2013 23:39:22 +0000