Quando você bota os pés na faculdade de humanas, a primeira - TopicsExpress



          

Quando você bota os pés na faculdade de humanas, a primeira coisinha que te ensinam é que não existe uma verdade, mas que existem várias verdades. Muito bem! Ao longo do tempo e vivência você percebe que não é bem assim que as coisas funcionam. De fato, existem duas verdades: a verdade do bem e a verdade do mal. Vamos aos exemplos: a verdade do bem é fazer greve sempre, estar em todas assembleias estudantis; a verdade do mal consiste em se dar ao direito de fazer um contraponto ao movimento estudantil; a verdade do bem é ser ateu ou, pelo menos, não ser cristão, não ter fé em Cristo; a verdade do mal é ser cristão (porque o Estado é Laico, a cachorra é Laica, etc); a verdade do bem é ser blablaANO, a verdade do mal é ser blobloANO (Hegeliano, Corintiano, Agostiniano, Freireano, depende do seu ponto de vista). Eis o maniqueísmo. Ora, ponho-me a perguntar como é que podemos tentar ocasionar algum tipo de emancipação social, pregar algum tipo de tolerância se não fazemos isto entre nós mesmos. É um escândalo que no seio de uma faculdade de ciências humanas nos ponhamos a nos auto-destruir e depois tentemos ocasionar alguma transformação no mundo. Mais do que isso, me pergunto: o que é que fizemos da fenomenologia de Husserl, da experiência fenomenológica de cada indivíduo e sua opção por uma verdade, a partir daí? Ah, claro, é que Husserl nem é lido por alguns da Filosofia, que não devem considerá-lo literatura filosófica. Acho que é melhor explicitar ainda mais o que estou querendo dizer: uma coisa é conviver com a verdade do outro, pacificamente, outra coisa é rechaçar o outro de determinado meio, por ter a verdade que tem, é tentar massacrar e ridicularizar este outro. Como poderia terminar isto que escrevo sem dar o belo exemplo de hoje mesmo? (ou ontem pois passa da meia noite) numa aula qualquer de uma sala qualquer de uma universidade qualquer, com o professor X. Ah, magnifico professor X! Belo exemplo de falta de ética e incitação à intolerância este seu: na ausência de um aluno, falar o nome dele, ridicularizar, distorcer e descontextualizar sua fala, feita anteriormente num seminário. Muito bem professor X! Ah, mas o que importa de verdade (verdade boa ou má?) é que o senhor, seu professor, fez piada com o nome (e com a verdade) do seu aluno e a sala riu-se de sua piada. Meus parabéns! Hoje o sr. contribuiu para um mundo melhor (ou para um ego melhor? o seu próprio), pois ao expor socialmente seu aluno (na ausência dele) este causará reações -com sua futura presença física, ao andar pelo pátio do campus- nos demais colegas: quem sabe risos ou cochichos. Bem, agora estamos mais unidos para transformar o mundo não é? Uma verdade do bem de um lado, outra verdade do bem de outro, cada uma se opondo à sua correspondente verdade do mal. "Não era essa tal de universidade de humanas que esclarecia as pessoas e as tornava mais tolerantes?" "Bem, acho que isso é ilusão, cara alma!".
Posted on: Wed, 07 Aug 2013 03:27:43 +0000

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