Que fazer? (Por uma Ciência progressista no Brasil) Dos - TopicsExpress



          

Que fazer? (Por uma Ciência progressista no Brasil) Dos delírios de César Candido Portinari Lattes nasce este documento. Sua pretensão não é pequena, pois propõe uma discussão sobre a neutralidade da Ciência no Brasil fugindo dos velhos estereótipos centrados nas dicotomias Pesquisa/Aplicação dos resultados e Ciências Humanas/Ciências Naturais e “Engenharias”. Sua proposta é analisar alguns aspectos da política científica no Brasil que fogem perspectivas humanistas de Candido Portinari e de Cesar Lattes (e Darcy Ribeiro, naturalmente), política esta sendo implantada pela minha geração, qual seja, a geração-filha de Candido Portinari e Cesar Lattes. Abro a discussão no Facebook porque não tenho todas as informações que poderiam fundamentar “cientificamente” os pressupostos elencados a seguir: 1- o QUALIS (inqualificável) é o principal obstáculo para a a manutenção de uma perspectiva progressista presente desde o início do desenvolvimento da Ciência no Brasil até, digamos, o início do século XXI. A partir de 2000, o desprestígio do CNPq como a principal agência financiadora da pesquisa nacional (sem considerar a FAPESP) no Brasil contribuiu para o fortalecimento de uma visão setorial dos critérios empregados pela CAPES para qualificar os periódicos, critérios estes que têm acarretados sérios prejuízos para a avaliação, seja dos Programas de Pós-Graduação, seja dos pesquisadores individualmente; 2- o valor irrisório do edital Universal do CNPq (comparado com o valor total investido em Ciência no Brasil) representa, no momento a essência da política científica no Brasil. Esse valor simbólico, destrói a tradição de um relacionamento “direto” entre os pesquisadores, o corpo técnico-administrativo do CNPq e os Comitês de Assessoramento”, o qual permitia o acompanhamento a longo prazo das contribuições dos pesquisadores individuais ao desenvolvimento científico e tecnológico (e de Inovação, não nos esqueçamos) do Brasil; 3- o número “infinito” de Editais específicos contribui para que grupos qualificados não se envolvam na discussão de uma avaliação global da política científica e na definição de metas prioritárias para o desenvolvimento da pesquisa no Brasil. O mesmo vale para pesquisadores qualificadíssimos que através de um “marketing” muito eficiente são considerados como os principais agentes do desenvolvimento científico e tecnológico (e de Inovação, não nos esqueçamos) do Brasil; 4- o Programa “Ciência sem Fronteiras” que já teve revisto seus objetivos para pior (cancelamento dos investimentos nas áreas das Ciências Humanas) e para pior (exclusão de importantes Centros de Pesquisa europeus porque estavam localizados em Portugal), representa um enorme investimento financeiro que, no meu ponto de vista, seria melhor empregado no aumento do número e do valor das bolsas de Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado e de Iniciação Científica, Tecnológica e de Inovação, bem como no fortalecimento do intercâmbio já existente entre laboratórios nacionais e laboratórios de excelência localizados no Exterior; 5- a modificação da forma de ingresso na carreira de Magistério nas Universidades e Institutos Federais tal que nos Editais conste o diploma de Graduação como única exigência para a inscrição nos Concursos representa (presente e futuro) uma desvalorização da Pós-Graduação no Brasil (das instituições e dos titulados) e uma desqualificação das Universidades Federais pela redução da relação Doutores/Graduados nas mesmas, cuja repercussão na avaliação das IFES pelo MEC deveria ser analisada pela ANDIFES; 6- uma visão “utilitarista” (na falta de termo mais apropriado) da formação dos pesquisadores nos vários níveis de sua formação, tendo como exemplo mais gritante o Programa, jocosamente denominado, das/os “Bem-dotadas/os” (denominação modificada posteriormente), na qual estudantes de Graduação, na prática, deveriam restringir suas atividades culturais (cinema, teatro, literatura) para dedicar-se com mais afinco à sua formação como pesquisador/a. 7- O desmonte de importantes princípios da Reforma Universitária, tais como os Institutos Básicos e a figura/papel do Catedrático. Por um lado, vários Departamentos das Universidades públicas têm feito concursos setorizados para docentes de disciplinas básicas dificultando uma perspectiva multidisciplinar e favorecendo, exclusivamente, o Curso de Graduação do candidato, às expensas de sua formação pós-graduada, ou seja, os docentes estão sendo contratados a partir de uma visão de que sua função principal no Departamento será dar aulas para a Graduação. Por outro lado, o “inbreeding” (ver andrew.cmu.edu/user/fveloso/navelgazing.pdf), principalmente, em Departamentos pequenos tem favorecido a contratação de candidatos recém-doutorados no âmbito dos mesmos, os quais darão continuidade às linhas de pesquisa já existentes, dificultando a incorporação de novas técnicas e metodologias. Peço desculpas pelo envio deste esboço mal-feito que tem como objetivo abrir um debate que permita uma melhor fundamentação teórica e quantitativa (favorável ou desfavorável) das questões mencionadas. Luiz G Gawryszewski Professor aposentado Programa de Pós-Graduação em Neurociências da UFF Bolsista de Produtividade do CNPq
Posted on: Sat, 08 Jun 2013 10:57:45 +0000

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