Que fim levou a casa?Se nos centramos na literatura brasileira dos - TopicsExpress



          

Que fim levou a casa?Se nos centramos na literatura brasileira dos últimos trinta anos, a casa ainda aparece com força, numa grande tradição brasileira dos romances dilacerados de decadência de famílias patriarcais, Passando para um universo mais urbano e contemporâneo, ecoando talvez as narrativas vitoriosas, em termos de crítica e público, que se centram sobretudo no espaço público, nas cidades em tensão, violentas, parece que o espaço privado, a casa, se vê como lugar de passagem para o trabalho. A casa fica cada vez mais impessoal, povoada pela televisão, solidão e violência. Nem mais como refúgio parece a casa exercer um fascínio, parece até mais prisão. A casa que já rendeu grandes romances e filmes recua como fonte de devaneio e beleza. O que restaria da casa? Muito se falou de uma narrativa feminina que resgata a casa como espaço de resistência, mundo afetivo em oposição ao mundo masculino do trabalho, impessoal, capitalista. Mas no pós-feminismo a quem pode interessar hoje os silêncios da casa, quem pode se enriquecer com seus cantos, cada vez mais iluminados e pouco misteriosos? Sem pretender ser exaustivo no delineamento desta linhagem que retrata a casa marcada pela delicadeza e pela leveza, penso em dois romances particularmente, que na sua discrição parecem falar de uma falta nos nossos imaginários, mas talvez sejam tão impactantes, na sua modéstia e despretensão, na beleza que emerge das pequenas situações, de seus personagens frágeis e banais, de seus cotidianos: Sinfonia em Branco de Adriana Lisboa e Cinco Estações do Amor de João Almino.
Posted on: Fri, 01 Nov 2013 11:32:08 +0000

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