REPRESENTAÇÃO POLÍTICA - UM POUCO DE LUCIDEZ SEMPR É BOM... Tenho acompanhado pela mídia, há tempo, a explosão de uma raiva reprimida contra políticos, de um modo geral. O foco principal dessa raiva sempre é o Congreso Nacional. Há piadas por todo canto: vamos explodir, vamos matar todos etc. O que vou falar aqui, antes que receba mensagens nesse sentido, não significa que concorde com corrupção e roubalheira. Não é isso. Mas um pouco de lucidez é importante. Se fizermos um cálculo aproximado dos cargos eletivos do Brasil, de Presidente da Repúlica a Vereadores, nós, brasileiros, elegemos, em média, 80.000 representantes, tomando como média as Câmaras Municipais com um mínimo de 9 Vereadores e as Assembleias Legislativas com uma média de 30 deputados. Não estou falando dos cargos comissionados (ministros, assessores, secretários estaduais, secretários municipais etc.). Esses também são indispensáveis à gestão pública (não estou discutindo quantidade). Então, fazendo um arredondamento, podemos dizer que mais ou menos 100.000 pessoas deixam seu afazeres particulares, sua advocacia, sua clínica médica, suas empresas, para ingressarem na chamada "vida pública", bem diferente da "vida privada" a que todos nós temos direito. Um advogado que deixe sua banca por quatro anos (deputado) ou 8 anos (senador), dificilmente recuperará seu mercado. Idem para médicos, contadores, psicológos etc. Na verdade, o que nós, de um modo geral, queremos é levar nossa vidinha calma e tranquila, com uma carreir sólida, e esperamos que esse OUTROS 100.000 cuidem da coisa pública sem garantia alguma, pois reeleição é sempre incerta. É da nossa índole: não gostamos nem de reunião de condomínio, quanto mais de participação política. Estou percebendo que, em breve, retroagiremos aos tempos da monarquia, em que só votavam e eram votados os que tinham propriedade (a chamada "lei da mandioca"). Em breve, nossa representação parlamentar será composta apenas de artistas famosos, jogadores de futebol aposentados, empresários ricos e servidores públicos licenciados para cargos eletivos, contando tempo de serviço para aposentadoria. Nada contra esse tipo de representação, mas ela não é a mais autêntica. É preciso que as classes populares sejam estimuladas a participar da representação política. Então, minha gente, o que percebo, é que, como a história é cíclica, a vontade nacional é voltarmos a uma ditadura sangrenta para concluirmos que...precisamos de um parlamento, como os ingleses descobriram na Idade Média, como forma de conter o despotismo dos soberanos. Aliás, quem mais tem contribuído para a destruição do Parlamento é o Poder Executivo, que só sabe governar por Medidas Provisórias, tirando soluções mágicas e pirotécnicas da cartola (plebiscito, constituinte exclusiva, estudantes de medicina atendendo o povo pobre...). Se o Executivo respeitasse o regime democrático, enviaria todas essas ideias ao parlamento, que é o foro adequado para se discutirem as grandes questões nacionais. Não se iludam com a Dona Dilma: reforma política é cortina de fumaça para esconder sua incompetência. Há vários países da Europa que já usam voto distrital, voto em lista fechada etc., e nem por isso deixam de estar em crise. Portanto, a lucidez neste momento é fundamental. O sistema político não está bom? Vamos tentar melhorá-lo e não nos esquecermos de que temos um documento na gaveta chamado TÍTULO DE ELEITOR, usado a cada dois anos. As gerações mais novas não sabem o que é viver num país sem ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. Sempre é bom perguntar aos mais velhos...
Posted on: Thu, 11 Jul 2013 13:07:12 +0000
Trending Topics
Recently Viewed Topics
© 2015