Racismo institucionalizado. Há assuntos que, quando somos jovens, nos chamam a atenção, mas apenas momentaneamente. Depois os assuntos diários – filhos, casa, trabalho, ocupam nossa mente colocando o que acontece no mundo em um cantinho da memória onde fica até ser tracionado novamente por algum fato ocorrido. Toda esta introdução é para falar de racismo. Não deste racismo cotidiano, mas sim daquele institucionalizado. Precisei sair do Brasil para me defrontar com movimentos políticos organizados e legalizados que são, ostensivamente, contra imigrantes de qualquer tipo principalmente se estes vêm da Africa e tem a pele escura. Vamos ao caso concreto. A Ministra da Integração, Cécile Kyenge é nata no Congo e veio para a Itália quando criança, fugindo da guerra civil. É negra como carvão, baixinha, com rosto redondo e olhar paciente. Defende a integração dos imigrantes ao Estado Italiano e, portanto, uma mudança da lei que, em palavras simples, diz: “filho de imigrante que nasce na Itália não é italiano.” Ou seja, a criança não tem nacionalidade que só adquirirá aos 18 anos se entrar com um pedido formal. Não tem identidade, mas um registro provisório. Não pode votar e nem tirar passaporte. Se quiser trabalhar, precisa de um Permesso di soggiorno que deve ser renovado a cada dois anos. Contra esta exclusão social batalha a Sra Kyenge e é por este motivo que um senador da Lega Nord a chamou de “orangotango” em uma cerimônia oficial; surgiram cartazes de “Volte para o Congo, Kyenge”; e, para fechar com chave de ouro, nesta semana, em uma reunião festiva do Partido Democrático alguém lhe atirou duas bananas enquanto discursava. Deste episódio ela se saiu brilhantemente dizendo: “Com tantas pessoas passando fome e com o país nesta crise, é um crime desperdiçar comida desta forma”. E continuou seu discurso. Com tudo que observo da Itália - suas leis sociais retrógradas, incluindo às relativas à família; seus políticos - mafiosos condenados legislando sobre economia e seu racismo explícito - institucionalizado e legalizado, penso que o Brasil nem é tão mau assim.
Posted on: Sun, 28 Jul 2013 09:25:09 +0000
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