Relato de um dos advogados presentes na manifestação hoje: "Sou - TopicsExpress



          

Relato de um dos advogados presentes na manifestação hoje: "Sou advogado e estava participando do plantão do grupo Habeas Corpus RJ, apoiado pela OAB e CAARJ, na manifestação em frente ao palácio hoje. Refugiei-me na clinica logo que os manifestantes foram atacados pela primeira vez (eles revidaram com fogos, bombas e pedras). Fui sufocado levemente pelo gás. Quando acabou a confusão por ali, resolvi dar uma grande volta na área buscando a manifestação e prisões para informar aos meus colegas na central. Vi policiais em motocicletas atirando bomba na Rua Marques de Abrantes em quem os vaiasse. Vi o blindado circulando pelas cercanias bem como o caminhão com jato d´agua. Fui ao Largo do Machado mas não havia confusão. Recebi uma ligação me alertando de concentração na praça São Salvador. A essa altura, já havia reencontrado meu amigo fotógrafo. Andamos até a praça e realmente havia bastante gente (uns apenas bebendo e conversando, outros se preparando para voltar). Por isso, voltamos para a frente do Palácio Guanabara e encontramos uma massa de gente protestando mas não fecharam o trafego de veículos. Me perdi do meu amigo que precisa registrar os momentos e eu apenas observava, mantendo distancia que eu considerava segura. Encontrei um colega do plantão e resolvemos encontrar uma outra colega na clínica em frente ao Palácio. Reparamos que a PM estava se movimentando e fechou o trânsito novamente. Precisei ir ao banheiro (dentro da clínica) rapidamente mas quando estava lá dentro, bateram na porta. Saí o mais rápido que podia. Andei rapidamente em direção à porta de vidro da clínica para ver o que estava acontecendo, certo que ali estaríamos todos salvos. Foi quando uma grande quantidade de pessoas veio em direção à clínica, causando um efeito funil na porta. Eu estava na porta, ao lado, deixando as pessoas entrarem. A PM atirava balas de borracha e bombas. Pude pegar uma bala no chão. Já havia gás. Quando praticamente todas as pessoas entraram, um rapaz estava sentado na cadeira ao lado da porta. Falei pra ele sair porque aquela porta fatalmente seria estourada. Ele se levantou vagarosamente e então a porta explodiu. Acho que uma garota estava entrando na hora. Começou a chover bomba de gás. Resolvi subir a escada e o pânico era generalizado. Os enfermeiros tentavam impedir-nos de subir mas o gás os alcançou e todos foram buscar refúgio. Comecei a passar mal e entrei em um banheiro. Não conseguia enxergar nem respirar. Meu rosto ardia. Alguém me ajudou. Disse para eu não usar água. Fiquei sentado no banheiro até me recuperar. Tentei filmar o máximo possível. Quando melhorei, comecei a gravar o que estava acontecendo. Muita fumaça dentro da clínica, no segundo andar. Resolvi andar pela clínica para registrar e verificar se já poderia sair. Acho que jogaram outra bomba porque eu voltei a passar muito mal mas consegui correr as cegas para o corredor que eu estava antes. Nos quartos havia velhinhos, enfermos, todos assustados. Até onde vi, ninguém entrou nos quartos. Eu estava muito mal e não enxergava nem respirava. Todos no chão. Fui ajudado novamente. Acho que me deram um banho de vinagre. Minha gravata estava toda molhada. Foi quando chegou um homem, não sei se policial ou segurança, expulsando as pessoas, com a fala muito grosseira. Eu disse que não ia sair, pois quando havia tentado, sofri com os efeitos do gás. Ele me puxou dizendo que estava me ajudando a levantar. Filmei a cara dele. Acho que no meu delírio disse que era da OAB (não sou membro de comissão). Já havia vários membros da tropa de Choque da PM no segundo andar. Até onde vi, não maltrataram ninguém. Não sei se foi porque me viram com o broche da OAB. Desci, não me revistaram mas todos os outros foram revistados. Pessoas na porta me contaram que foram ameaçadas e estavam com medo de sair dali.Outras, também com medo pois havia muitos policiais nos cercando, machucadas, queriam fazer registro de ocorrência. Eu estava muito grogue e não conseguia raciocinar. Avisei aos meus colegas que precisava de ajuda e eu mesmo ainda passava mal. Vários colegas advogados, inclusive membros de comissões da OAB, em pouco tempo chegaram e tomaram as rédeas, entrando em contato com o comandante geral da PM, que garantiu que não haveria nenhuma perseguição. Após muito tempo, o grupo saiu. Eu acompanhei com meu amigo fotógrafo, que apareceu após a confusão, e, no meio do caminho, exausto, resolvi ir pra casa de carona com ele. Vou postar os vídeos. Este é o resumo do que passei hoje."
Posted on: Fri, 12 Jul 2013 04:34:55 +0000

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