Relatório da ONU sobre a felicidade global. Sozinha em - TopicsExpress



          

Relatório da ONU sobre a felicidade global. Sozinha em campo Brasil S.A - Antônio Machado Correio Braziliense - 11/09/2013 Sozinha em campo, atuando no gol, na defesa, no ataque, às vezes até como juiz, com o respaldo de uma torcida que se diz satisfeita, segundo o recém-lançado Relatório da Felicidade Global, das Nações Unidas, e sem adversários ostensivos nem que seja para mostrar que suam a camisa, a presidente Dilma Rousseff está outra vez em alta. Ela começa a recuperar a popularidade perdida para a inflação e o mal-estar difuso da sociedade, expostos pelos grandes protestos de junho. Mas, sobretudo, Dilma perdia para seu perfil centralizador, que a faz responsável pelos acertos e erros do governo, levando os auxiliares a se sentirem desobrigados de dar o melhor de si. Esse traço de sua personalidade ela não modificou. Mas mudou a sua soberba em relação aos partidos aliados, tratando-os com pouco mais de atenção, e deu ouvidos ao ex-presidente Lula e ao marqueteiro de sua campanha à reeleição, João Santana, para sair mais do palácio. O resultado, que já aparecera nas últimas pesquisas do Datafolha e do Ibope, desponta agora na sondagem encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) ao instituto MDA, realizada de 31 de agosto a 4 de setembro. Em síntese, hoje, 38,1% dos ouvidos avaliam positivamente o governo (contra 31,3% em julho e o recorde de 54,2% no inicio de junho, na base da MDA), e 21,9% o desaprovam (29,5% em junho). A nota “regular” oscilou de 38,7% para 39,7%. Com o governo mais bem julgado, é natural que a nota do desempenho pessoal da presidente também tenha subido — de 49,3% em julho para 58%, mas distante do máximo de 73,7% antes dos protestos de junho. O senador Clésio Andrade (PMDB-MG), presidente da CNT, arriscou uns palpites sobre a recuperação da nota de Dilma, segundo a amostra do eleitorado ouvida pela MDA. O programa para levar médicos a cidades desassistidas de atendimento à saúde foi o principal fator, disse. A contratação de médicos estrangeiros, como apurou a MDA, já conta com 73,9% de aprovação. Os contrários são 23,8%. E 49,6% acreditam que o programa Mais Médicos possa resolver os problemas da saúde. A economia, porém, continua a preocupar 52,8% dos ouvidos, sendo que 75,9% não acreditam que a inflação esteja controlada. E 40,5% deles acham que a economia esteja estagnada. Só 14,6% a veem crescendo. Sem ideias e na defesa Os resultados da economia são difíceis de encobrir, repercutindo sobre todas as classes de instrução e de renda, ao contrário dos serviços públicos, cuja qualidade ruim é percebida mais por quem depende, por exemplo, da rede de saúde servida pelo Estado. É o que faz ações tópicas como dos médicos cubanos serem logo reconhecidas. Como a oposição não elabora propostas alternativas aos programas sociais, fixando-se em criticar a condução da economia, sobretudo os resultados da inflação, sem também dizer o que faria diferente, Dilma e seu governo jogam contra si mesmos. E buscam recuperar pela narrativa as frustrações. O saldo final lhe tem favorecido devido à incapacidade de a oposição desconstruir o que faz o governo e por recuar para a defesa toda vez que os atuais níveis de emprego e de renda, a universalização da rede social etc. são comparados pelo PT aos anos pré-Lula, lembrados pelo ajuste fiscal feito pelo PSDB. 24º mais feliz do mundo O confronto com o passado recente, de inflação endêmica, salários baixos, emprego escasso, crédito seletivo, rede de proteção social limitada, acesso difícil à escola, talvez seja o que explica o país ocupar a 24ª colocação no ranking da felicidade global — o segundo patrocinado pelas Nações Unidas, combinando indicadores, tais como a renda per capita e a expectativa de vida, com a avaliação sobre a satisfação das pessoas apurada em consultas diretas, considerando a liberdade de escolha e as percepções de corrupção e generosidade. Cada um dos 156 países pesquisados recebeu uma pontuação até 10, variando da máxima, 7,693, atribuída à Dinamarca, à mínima, 2,963, do Togo. A do Brasil foi de 6,849 — logo acima da França, 25º mais feliz, da Alemanha (26º), do Chile (28º) e da Argentina (29º). Os cinco países mais felizes, além da Dinamarca, são Noruega, Suíça, Holanda e Suécia. Os EUA são o 17º; Japão, 43º; China, 93º. E a felicidade aumentou Também chama atenção no Relatório da Felicidade Global de 2013, o que na verdade é uma média de dados apurados entre 2010 e 2012, o crescimento da satisfação dos brasileiros, comparada ao resultado da primeira pesquisa, entre 2005 e 2007. O país foi o 28º entre os que tiveram maior aumento entre os dois períodos. Onde mais cresceu foi em Angola, onde borbulha a riqueza do petróleo, seguida de uma ditadura de décadas, o Zimbábue. Paradoxal? Tanto quanto, talvez, a Venezuela estar na 20ª posição do ranking geral. A explicação é que a atenção, por mínima que seja, aos mais pobres, distende tensões e melhora as expectativas. É uma questão pouco estudada no Brasil. Mundo está menos amargo A boa notícia do relatório das Nações Unidas é que a percepção de felicidade cresceu em 60 entre 130 países com dados comparáveis. A ruim é que ela piorou em outros 41, ou por razões objetivas, tipo o Egito e a Grécia, ou de sentimento, como entre os países da Zona do Euro menos abalados pela crise europeia e desconfiados do futuro. Em termos globais, o indicador de felicidade teve maiores avanços na África subsaariana e na América Latina. Dois terços dos países do Sul da Ásia tiverem diminuição. Na Europa, a felicidade cresceu em seis dos 17 países da união monetária e recuou em sete, entre os quais Portugal, Itália, Espanha e Grécia. Como sugere o estudo, a felicidade não é apenas desejável como um objetivo final, mas por razões efetivas. As pessoas felizes, diz o estudo, são muito mais produtivas e eficientes, além de contribuir mais para a sociedade.
Posted on: Thu, 12 Sep 2013 03:35:50 +0000

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