Renan Calheiros e Dilma Rousseff afirmam ter captado o clamor das - TopicsExpress



          

Renan Calheiros e Dilma Rousseff afirmam ter captado o clamor das ruas, e dizem que colocarão em prática o passe livre. Estranhamente, é exatamente aquilo por quê o MPL luta. O mesmo MPL que, ao se deparar com faixas de "Fora, Dilma" na Paulista, parte para a agressão, chamando esses manifestantes de fascistas. Ora, mas pedir o impeachment de um governante é um direito constitucional, então o que estão dizendo? Os membros do MPL se dizem tão politizados... Será que em 10 anos de luta eles ainda não aprenderam o que é o fascismo? Enfim, incoerências dos membros do MPL a parte, vamos pensar nas propostas dos nossos desgovernos para a questão do transporte público. Quando cedeu aos clamor "das ruas", Fernando Haddad e Geraldo Alckmin disseram que abaixariam o valor da passagem, mas isso implicaria em cortar outros investimentos, porque segundo Alckmin, as empresas não tinham como arcar com isso (Fonte: ultimosegundo.ig.br/brasil/sp/2013-06-19/haddad-e-alckmin-anunciam-reducao-no-preco-da-passagem-em-sao-paulo.html). O governo Dilma Rousseff afirma que priorizará o transporte público, o que me leva à seguinte pergunta: por que, então, eles insistem em manter a redução do IPI para automóveis? Isso gerará renúncia fiscal de 2,2 bilhões de reais de abril a dezembro (Fonte: agenciabrasil.ebc.br/noticia/2013-03-31/ipi-reduzido-para-automoveis-e-caminhoes-e-prorrogado-ate-31-de-dezembro). Se o governo federal defende estar lutando para nos fornecer um serviço de qualidade, e se ele diz estar priorizando o transporte coletivo, porque manter essa redução fiscal, que vai no sentido oposto? Isso é altamente incoerente. Por que não cancelar a redução do IPI, e usar esses recursos adicionais para subsidiar o transporte público, do qual se beneficiam muito mais pessoas? Pessoas, e não empresas. As empresas de ônibus, por exemplo, trabalham com uma margem de lucro bem interessante, tendo subido 248% no último ano (Fonte: www1.folha.uol.br/cotidiano/2013/07/1314067-lucro-das-empresas-de-onibus-de-sao-paulo-cresce-247-em-um-ano.shtml). Fica no ar a pergunta: por que será que governo de nenhum âmbito ousa mexer nesse lucro? Fernando Haddad chegou a comentar algo sobre abrir as contas das empresas de ônibus, para acalmar os ânimos do povo, e o MPL, tão politizado e agressivo como foi até 20 de junho (quando afirmou que sairia das ruas por causa dos tais fascistas que haviam tomado conta dos protestos) não voltou a questionar o prefeito. Será que tem algo a ver com o fato de Lucas Monteiro, um dos líderes do MPL, estar se candidatando a vereador pelo mesmo partido do prefeito de São Paulo? Será que o MPL mantém os mesmos ideais de antes da explosão das manifestações Brasil afora? Certamente, o MPL lutou por uma causa nobre: o bloqueio do aumento da passagem em São Paulo, mas em momento algum questionou a causa dessa injustiça: jamais colocou em pauta qualquer reforma política. Os líderes do MPL argumentariam que sua luta é puramente por uma sociedade igualitária. Acontece que uma sociedade igualitária jamais será alcançada enquanto empresas puderem financiar campanhas eleitorais, sobretudo em um país em que a vitória nas urnas é diretamente proporcional ao gasto em campanha. Não coincidentemente, empresas que financiam campanhas eleitorais têm aval para praticar aumentos acima da inflação (Fonte sobre planos de saúde: www2.uol.br/canalexecutivo/notas11/210320111.htm), ou pelo menos o aval para não investir quanto deveria na qualidade do serviço prestado (Fonte: transporte: advivo.br/blog/luisnassif/o-transporte-publico-e-o-financiamento-de-campanha). Por que o MPL não luta contra isso? Abaixar a passagem beneficiará a quem exatamente se, conforme exposto no segundo parágrafo, o modo como isso foi feito implicará necessariamente no corte de investimentos? É isso que o MPL quer, ou simplesmente exposição na mídia e promoção de seus líderes? Por que não lutam contra a raiz do problema? Milhões de brasileiros saíram em defesa do MPL após ação violenta da PMSP, e o fizeram porque acharam que estavam sendo representados. Agora, o MPL deixou a questão do transporte para focar em ataques contra o governo do Estado (PSDB). Há uma forte tendência partidária nesse grupo que se dizia apartidário. O PSDB tem que ser investigado, sim, e punido, conforme provas de desvios de verbas públicas vierem à tona. Provas, assim como as do mensalão. Os mensaleiros já foram julgados e condenados. O que será que o MPL tem a dizer sobre isso? Se eles são contra a corrupção, por que o mensalão não se enquadra na categoria? Eu estive na Paulista e vi o mesmo membro do MPL que chamava os manifestantes pacíficos de fascistas, brigar contra aqueles que pediam a prisão dos mensaleiros (isso foi devidamente filmado, é claro). Não conheço nenhum movimento apartidário que se coloque tão ativa e agressivamente contra a prisão de corruptos de um partido, mas saiam do propósito principal de seu movimento (PL = Passe Livre), para brigar pela condenação de corruptos de outro partido. Difícil engolir a incoerência desse grupo claramente partidário que é o MPL. Insisto: uma sociedade igualitária (bandeira do MPL) passa necessariamente pela extinção do financiamento de campanhas. Curiosamente, o deputado Candido Vaccarezza (PT-SP) está tentando aprovar uma minirreforma política, que eliminará a necessidade de aprovação das contas eleitorais, além de não mais requerer comprovação das despesas de natureza pessoal dos candidatos, propostas "de viés autoritário, centralizador e antiético", segundo Luíza Erundina (PSB-SP), e um passo largo no sentido contrário à democracia (Fonte: www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/448328-MINIRREFORMA-ELEITORAL-PODE-SER-VOTADA-EM-AGOSTO,-MAS-AINDA-NAO-HA-CONSENSO.html), apesar de Vaccarezza afirmar que o intuito é tornar as eleições "mais democráticas": lindas palavras para uma péssima intenção. Dilma e o Congresso Nacional, cuja maioria é da base aliada, afirmam estar empenhados em dar ao povo o que ele vem pedindo nas ruas, mas um claro pedido que vem se destacando é o fim do financiamento de campanhas eleitorais, inclusive entre eleitores da base aliada. O governo está fazendo o contrário: chegam perto de atacar os problemas que o povo brasileiro quer ver resolvidos, mas atrelam isso a um plebiscito inviável e custoso para o contribuinte. Já ao fazer propostas contrárias à voz das ruas, tentam fazê-lo com propaganda enganosa e por baixo do pano.
Posted on: Tue, 06 Aug 2013 16:57:40 +0000

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