Retrato indefinido. Voz é o que trago em mim até os olhos. - TopicsExpress



          

Retrato indefinido. Voz é o que trago em mim até os olhos. Palavras, dizeres, gritos, lamentos, raiva e ódio; guardados a sete chaves como um arsenal bélico, como um veneno altamente letal, como um pavio que se corroí com decorrer do tempo, das horas, minutos, segundos, instantes, sempre. Mudez é que o trago em minha garganta. Não me traga, eu só trago, eu só carrego. Se me exige silêncio, eu grito. Grito porque minhas mãos não ousam contraporem-se ao grito, à fala, à explosão. Grito é o que tenho no peito e me dói. Dói porque o esforço é em vão se os argumentos não queimarem os ouvidos e só a garganta. E não grito, sussurro palavras que gritam. E ferem porque meço. Coloco em meus ouvidos minha boca e escuto o meu grito. Chega à alma. Se a intenção é essa, o vocábulo grita. Corpo É onde gravo a intensidade do meu ser. Onde há o que a acidez da voz esconde e remete ao choro: há marcas no meu rosto e não são por insônia. Há escombros por entre os traços da mudez dos meus olhos; um entalado marcado à força das lágrimas, um traço invisível de um caos insensível. E ainda, como se não bastasse os excessos, há o timbre do grito que não dei, das palavras invertidas, frases divididas e não tão bem ditas como deveriam. Imagem No final de tudo, sou corpo, sou grito, sou choro, sou gozo e voz mesclada ao gemido pelo toque. Eu sou o retrato escondido nos reflexos que o espelho não consegue expressar, mas que é nítido em cada canto que há uma palavra minha combinada. Se você me vê, mas não me lê, aos teus olhos, ainda sou invisível. Carol Souza
Posted on: Thu, 05 Sep 2013 04:17:33 +0000

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