Rio de Janeiro - Brasil - 29.09.2013 Depoimento de uma professora - TopicsExpress



          

Rio de Janeiro - Brasil - 29.09.2013 Depoimento de uma professora que estava na resistência externa: "Companheiros, Cheguei em casa há meia hora e estou bem, apesar de ter enfrentado uma absurda violência policial! Estávamos em frente à entrada esquerda da Câmara dos Vereadores nos manifestando, como temos feito durante toda a semana, quando as tropas policiais se aproximaram. Eu estava bem no portão de entrada com outros companheiros, quando os policiais vieram e, sem pedir licença, disseram "sai!", me empurrando. Eram muitos. Após algum tempo de resistência de nossa parte, e após terem dado entrada a cerca de quatro de seus comandantes, eles se deslocaram para a entrada lateral direita. Vários manifestantes foram se dirigindo para o local aos poucos, sem saber que o pior ainda estava para acontecer. Auxiliados pela truculência da Tropa de Choque, os PMs forçaram a entrada sobre uma corrente humana de manifestantes destemidos. Não exitaram em usar spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo, sem que nenhum profissional da educação tenha provocado. Estávamos lá para garantir a ocupação e a integridade de nossos companheiros. Na pressão da polícia que tentava passar por cima de todos, fui imprensada na parede por escudos, cassetetes e criaturas desumanizadas; atacada com spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo. A sensação do spay de pimenta foi violenta. Sofro de bronquite e tive a sensação de que não conseguiria respirar por mais tempo. As bombas foram também assustadoras e seu gás faz arder a garganta, os olhos e o rosto horrivelmente! Meus olhos ficaram vermelhos e meu rosto molhado. Eram água, leite de magnésia (que uma companheira com um dos olhares mais ternos que já vi na vida me entregou) e lágrimas. Ainda estou com a sensação de ardência no rosto e o cheiro do gás talvez venha me assombrar nos meus pesadelos. O pior pesadelo: ver meus companheiros de luta, que estavam ocupando, serem removidos violentamente, com o mesmo gás de pimenta que usaram em nós, lá de fora, e ainda com choques, que derrubaram vários no chão. Um deles desmaiou. Outro sumiu. Ao final da remoção impiedosa e cruel, fomos todos para a delegacia mais próxima prestar queixa dos ferimentos e do abuso de autoridade por parte da polícia. E o mais importante, saber de nossos companheiros machucados. Mas fica aqui uma reflexão, em meio a tantas outras que ainda virão, quando o cansaço for embora: vamos à polícia registrar o que a própria polícia fez conosco? A polícia nos protege dela mesma? Contradições de uma sociedade onde tudo pode para preservar os tentáculos brutais do capital. Ou até que as ruas, os black blocks, os anarquistas, os socialistas, os ninjas e agora também os profissionais da educação e todos os indignados resolvam virar a mesa. Então, o pesadelo será do opressor e não mais do oprimido. Jamais desistirei de lutar por isso!"
Posted on: Sun, 29 Sep 2013 07:29:13 +0000

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