"Roskopf e sua história" Não é exagero dizer que Roskopf é - TopicsExpress



          

"Roskopf e sua história" Não é exagero dizer que Roskopf é sinônimo de relógio de bolso, pelo menos aqui no Brasil. Assim sendo conhecer a história de Georges Frederic Roskopf, o homem que deu nome à marca é muito importante para os colecionadores e apreciadores da relojoaria. Não somente porque é uma história fascinante, mas para se conhecer as variações, diferentes modelos e fabricantes que também produziram relógios sob essa marca e para quem a empresa forneceu mecanismos. Georges Frederic Roskopf (1813-1889) Para muitos colecionar relógios de bolso significa ter peças de alto valor comercial, feitas em ouro, com jóias, com excelente acabamento e muito conceituadas, mas uma coleção de "Roskopfs" ou relógios do tipo Roskopf pode ser muito interessante e historicamente importante, além de ser uma forma mais acessível de iniciar uma coleção. Nos anos de 1860 todos os relógios tinham uma chave para dar corda (Fig.1), os relógios Roskopf já possuíam uma coroa para dar corda, o sistema ficou conhecido como "stem-wound" (Corda por haste, o que hoje se conhece por tige) (Fig.2). Esse foi o início do "Keyless winding" (Corda sem chave). O sistema "Stem-wind" ou "Keyless winding" foi considerado "High tech" na época, e os relógios de Roskopf estavam na vanguarda, à frente de seu tempo. Considerado um brilhante inventor até hoje Georges Frederic Roskopf não foi o primeiro a usar o sistema "stem-winding" em relógios, mas seu sistema era simples, robusto, de produção barata e muito eficiente. O inventor desse sistema foi Jean Adrian Philippe em 1842. Houveram vários protótipos sem sucesso e conseqüentemente várias modificações foram feitas por Philippe nos sistemas de carga, esses bem sucedidos. O sucesso foi tamanho que o Conde Von Patek, da prestigiada empresa Patek, propôs uma parceria a Philippe dando origem à Patek Philippe, mas isso é outra história sobre a qual trataremos num futuro próximo. As modificações feitas no sistema "stem-wind" somadas às invenções patenteadas por Roskopf fizeram seu relógio único, acessível e um sucesso. Esse novo modelo de relógio inspirou toda uma revolução da indústria de relógios na Suíça e, algumas décadas mais tarde, nos Estados Unidos da América. Georges Frederic Roskopf nasceu março de 1813 em Niderwiller, Ducado de Baden, Alemanha, hoje a vila de Niderwiller está situada na província Francesa de Alsace, perto da tríplice fronteira com a Alemanha e Suíça. Em 1829, com 16 anos Georges viajou para La Chaux de Fonds na Suiça onde trabalho por 3 anos como balconista da Mairet & Sandoz, uma empresa que vendia equipamentos e suprimentos para relojoaria, sendo esse seu primeiro contato com a indústria relojoeira. Em 1834, ainda em La Chaux de Fonds, iniciou seu aprendizado como relojoeiro e com apenas um ano de aprendizado desistiu para casar-se com Francoise Lorimier, uma abastada viúva 17 anos mais velha. Ela tinha dois filhos do casamento anterior. Roskopf era um idealista e sonhava em fazer um relógio de qualidade a baixo custo para ser acessível ao trabalhador. Em 1835, financiado por sua esposa, ele iniciou seu próprio negócio na rua Leopold-Robert, nº18, sua empresa comprava componentes de relógios e os montava para venda, esse tipo de empresa era conhecida como "etablisseur". Nesse mesmo ano nasceu seu primeiro filho, Fritz Edouard Roskopf. No ano de 1850 vendeu sua empresa por consireda-la não mais rentável e passou a ser gerente da Guttman Brothers de Warburg, Alemanha, que montava relógios de estilo inglês e os vendia nos mercados da Bélgica e Estados Unidos. Em 1855 Roskkopf fundou outra empresa com seu filho Fritz Edouard e Henry Gindraux chamada ROSKOPF, GINDRAUX & Co. Após dois anos seu filho deixou o negócio para abrir sua própria companhia de relógios e Gindraux se desligou para dirigir uma escola de relojoaria. Em 1860 Roskopf começou a desenhar um relógio que poderia ser vendido a 20 Francos Suíços e ainda assim ser de boa qualidade. Esse relógio foi chamado de "montre proletaire" (Relógio do trabalhador). Esse relógio foi recebido com hostilidade e indiferença pelos fabricantes da época, pois ainda fabricavam seus relógios em indústrias caseira, artesanalmente e para uma elite. Certamente não estavam dispostos a competir com relógios produzidos em massa. Em 1866 Roskopf encomendou duas caixas de "ebauches" (Plataformas de mecanismos compreendendo as platinas e as engrenagens principais sem o sistema de escape, como um chassis de carro que pode receber vários motores e sistemas de transmissão) a Emile Roulet e solicitou a Gustave Rosselet que fizesse o sistema de escape. Ambos declinaram. Em 1867 ele finalmente conseguiu produzir seu relógio. (Figuras 3 e 4) A empresa Malleray Watch Co. forneceu as ebauches e caixas e os outros componentes de diversos outros fabricantes. Os relógios foram montados na França por M. Chatelain. O pedido original para a Malleray foi de 2.000 relógios e no final desse mesmo ano ele já estava em produção. Ao final de três anos seu negócio já havia se expandido em dez vezes solicitando a produção de 20.000 "ebauches". O material escolhido para as caixas do seu primeiro relógio foi o bronze depois passou a utilizar a "prata alemã" ou alpaca Que na verdade não tem nada de prata além da cor, a prata alemã é a mistura de cobre, zinco e níquel. Seu primeiro modelo tinha uma dobradiça no aro do vidro, também conhecido como bezel, que facilitava o acerto das horas. Esse modelo de relógio tinha os ponteiros robustos e firmes para permitir o acerto de horas com a ponta dos dedos. O modelo atendia às especificações determinadas por Roskopf, pois era simples, barato e eficiente. Através da influência e prestígio que a casa Breguet de Paris tinha no mercado de relógios Roskopf conseguiu participar da Exibição Universal de Paris em 1867. Com essa atitude ousada e por alguns considerada até precipitada por parte de Roskopf ele pode competir com outros 152 fabricantes Suíços. Cada um desses participantes trazia o que tinha de melhor e estavam ávidos pelos prêmios, pois os vencedores teriam reconhecimento mundial e conseqüentemente a demanda por seus produtos cresceria na mesma proporção. O lançamento de Roskopf tinha um mecanismo simples, sem refinamentos numa caixa barata, enquanto seus concorrentes expuseram relógios altamente refinados, de alta qualidade, complexos e tudo isso em caixas de ouro, finamente trabalhadas, com pedras e em poucos casos de prata. Os juizes dispunham de 25 medalhas no total, sendo 4 de ouro, 6 de prata e 15 de bronze. Para surpresa de todos, inclusive Roskopf, seu relógio recebeu uma medalha de bronze. A partir desse momento até mesmo a Casa Breguet passou a lhe enviar encomendas. A distinta Casa Borel & Courvoisier também solicitaram encomendas a Roskopf, sem falar das inúmeras encomendas que surgiram de toda a Europa. O relógio se tornou um sucesso imediato. Em 1870 G.F. Roskopf introduziu um novo design que incluía um mecanismo com ajuste das horas, também conseguiu diminuir ainda mais o número de peças, modificou o sistema de escape e melhorou o sistema de corda. Esse relógio, que custava 25 Francos Suíços, tinha sistema de corda na coroa (usado até hoje) e o acerto das horas se dava ao pressionar um botão na lateral da caixa. Esse modelo usava uma melhoria no sistema de corda patenteado por Adrien Philippe (Patek, Philippe) que se chama "free mainspring barrel" (Tambor de corda livre) que consistia basicamente em não "ancorar" a mola da corda com um arrebite ou enganchada no tambor, mas por pressão da própria mola numa pequena depressão, isso possibilitava que a corda escapasse em caso de sobrepressão e virtualmente acabou com o problema de quebra da corda. Pelo uso dessa patente Roskopf pagava um "royalty" a Philippe por cada relógio. Não apenas para o Trabalhador A idéia de um relógio do modelo concebido por Roskopf se tornou muito popular na Suíça e muitas companhias de lá começaram a fabricar cópias timbradas como "Roskopf Sisteme", "Gre. Roskopf" ou "Rosskopf" (com 2 "s") para burlar a marca registrada "Roskopf". Relógios timbrados como "A. Rosskopf", "E. Rosskopf", "G. Rosskopf", "H. Rosskopf" (de Hollstein, Suíça) "J. Rosskopf", e "W. Rosskopf"(marcas registradas pela Vittori & Cie, La Chaux de Fonds) começaram a aparecer por toda a Europa. Sob o pretexto de serem baratos eram totalmente feitos industrialmente e de má qualidade. Embora tivessem o sistema de escape "pin-lever" esses relógios não tinham o sistema patenteado por Roskopf conhecido como "platform-mounted escapement". Em 1872, após o falecimento de sua esposa, Roskopf vendeu sua casa em La Chaux de Fonds e passou seu negócio para Charles Léon Schmid e os irmãos C. and E. Wille, os netos de sua esposa. Apesar de os irmãos Wille não serem seus netos legítimos, Roskopf sentiu que tinha a obrigação de retribuir o generoso investimento na sua idéia e em sua companhia. A nova companhia se chamou Wille Freres, eis o logo abaixo. A empresa recém formada produziu aproximadamente 20 milhões de relógios. Em 1873 Roskopf casou-se novamente com uma professora 24 anos mais nova que ele e ambos viveram em Carnier por um curto período de tempo e foi ai que em 1874 Roskopf adquiriu a cidadania Suíça. Depois se mudou para Berne onde ficou até sua morte em 1889. Durante os cinco anos entre a invenção e a produção dos relógios Roskopf menos de 100 mil foram produzidos e após a sua morte muitas empresas alegaram ser "Sucessores legítimos", porém apenas Wille Freres tinha o direito sobre a marca Roskopf de fato. Não existiam escritórios de patentes na Suíça até 1888, assim roskopf não conseguiu patentear sua invenções na Suíça, embora elas já estivessem registradas na França, Bélgica e EUA. A impossibilidade de proteger suas invenções na Suíça criou a oportunidade para falsificadores que copiaram seus mecanismos repetidas vezes. Roskopf tinha quatro patentes de mecanismos na França, Bélgica e EUA, mais tarde mais 11 patentes suíças foram registradas por seus descendentes e associados. Em 1890 a Cortebert Watch Co. fabricou relógios do tipo Roskopf de alta qualidade, com pivôs apoiados em rubis, mecanismos banhados em ouro e vinham assinados "Cortebert". As idéias de Roskopf inspiraram D.A.Buck nos EUA a produzir um relógio bom e barato que foi apelidado de "Dollar Watch", o qual usava o mesmo sistema de escape do Roskopf. Esses relógios empregavam técnicas de produção em massa e peças estampadas, mais tarde passaram a ser montadas em mecanismos rebitados, o que os tornava ainda mais baratos, porém sem possibilidade de manutenção, assim surgiu o primeiro relógio descartável. Fritz-Edouard Roskopf (1835-1927) tinha seu próprio negócio de relógios em Geneva desde 1857, ele nunca produzira um relógio do estilo Roskopf até a morte de seu pai e em 1897 ele registrou a marca "Thistle". Seguindo os passos do pai ele manteve a patente para o dispositivo de acerto de horas e obteve um certo sucesso produzindo alguns milhares de relógios. Eis um exemplo do relógio feito por F E Roskopf. O seu legado continua. Fritz-Edouard Roskopf, teve um filho, Louis-Frederic Roskopf. Louis-Frederic era um comerciante de aves tropicais na década de 1900, e nessa época quase todas as empresas fabricantes de relógios em La Chaux de Fonds ganhavam dinheiro fabricando relógios do estilo Roskopf. Percebendo isso Louis Frederic retornou à cidade e junto do relojoeiro Léon-Henri Reinbold, fundou a "Louis Roskopf & Cie". Suas marcas registradas eram "Louis Roskopf S.A.," "Petit Fils Roskopf" e "Roskopf Nieto". Por volta de 1923 a empresa se fundiu com a Reconvilier Watch Co. SA, uma empresa ativa desde 1902 que produzia relógios do estilo Roskopf entre outros. Essa empresa permaneceu ativa até a década de 1970. A produção de relógios de Louis Roskopf é estimada em 10 milhões de unidades e são os relógios mais comuns no mercado brasileiro atualmente. Mauro Lucchini Fontes: "Revue culturelle du Jura Bernoise et de Bienne, Hiver 1996" "The Pocket Watch Handbook" – M. Cutmore – Ed. David & Charles – 1985 – UK – ISBN 071531462-9 "Colecting and Repairing Watches" - M. Cutmore – Ed. David & Charles – 1999 – UK – ISBN 071531214-6 "Pendant and Pocket Watches 1500-1950" – C. Jeanenne Bell, G.G. – Collector Books – 2004 – USA – ISBN 157432395-4
Posted on: Mon, 08 Jul 2013 20:43:30 +0000

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