SAMPA A despeito de “Sampa” ter sido composta no final dos - TopicsExpress



          

SAMPA A despeito de “Sampa” ter sido composta no final dos anos 70, Caetano procurou colocar nos versos a primeira impressão que teve da grande metrópole quando lá desembarcou, ainda na década de 60. Vindo de um espaço ainda muito ligado à natureza, o baiano sentiu o estranhamento diante de tudo o que viu, e procurou mostrar o conflito estabelecido entre inocência versus ciência, com esta última tornando-se responsável pela destruição dos valores realmente humanos, do aniquilamento e da insignificância do homem na cidade. Este conflito fica bem evidente nos versos: “E foste um difícil começo (…) E quem vem de outro sonho feliz de cidade / Aprende depressa a chamar-te de realidade…”. Os versos de “Sampa” expressam o fascínio e a repulsa, o conflito diante do novo e desconhecido, deixando implícita a ambiguidade da questão: Seria a felicidade possível naquela cidade? Conhecer seus segredos, seus mistérios, encantar-se com sua sedução, atingir o topo das realizações, enfim tornar realidade os seus sonhos, eis o que todos os migrantes esperam ao chegar em “Sampa”. A emoção ao “cruzar a Ipiranga com a São João” se dá pelo fato que ele desceu do ônibus que veio do Rio de Janeiro cujo ponto final era exatamente naquela esquina. Diante dos seus olhos lá estavam a Cinelândia, o bar Jeca, e o Brahma. No verso “Da dura poesia concreta e tuas esquinas…” ele faz uma homenagem aos poetas paulistanos criadores do movimento modernista, onde se incluía a poesia concreta. “A deselegância discreta de tuas meninas…” Se dá pelo fato de que naquele tempo Caetano era uma figurinha um tanto quanto exótica, daí sua grande cabeleira ter chamado a atenção das meninas que cochichavam com risinhos discretos. Enquanto atravessava a São João para a Ipiranga, ainda atônito, procurava na multidão um rosto com quem pudesse se identificar, e na sua visão tropicalista achou de mau gosto o jeito dos paulistanos, mas também faz uma auto-crítica e considera que o erro estético não está, necessariamente, nos paulistanos, mas sim nele mesmo, pois sua mente se “apavora no que ainda não é mesmo velho / nada do não era antes” (da visão que trazia da sua cidade) e que ele talvez ainda não seja capaz de alcançar aquela modernidade pois ainda não é um “mutante”, e aqui ele faz uma homenagem aos seus amigos do grupo “Mutantes”, bem como à Rita Lee. Refeito do primeiro impacto, o sentimento seguinte foi de solidão, pois embora no meio da multidão, não encontrava a sua própria imagem refletida nas feições dos paulistanos. Diante da realidade do momento acha que encontrou o avesso do que sonhava. Para se justificar da decepção, fala do lado ruim do que vê: filas, poluição, o povo oprimido, da modernidade, o novo excluindo o antigo, tudo tão diferente da simplicidade da sua terra natal. No verso “da força da grana que ergue e destrói coisas belas…” quer mostrar a dualidade para o bem e para o mal que existe em tudo e em todos. Quando cita “Panaméricas”, ele se refere a um amigo escritor paulistano, José Agripino de Paula, autor do livro “Panamérica”. “Túmulo do samba” é uma expressão atribuída a Vinicius de Moraes que afirmava que os compositores paulistas não possuíam ritmo e gingado de sambistas, que batizou São Paulo como o túmulo do samba, e considerava que o único local onde se fazia samba de verdade era nos “Quilombos”. E por fim já aclimatado com a garoa, ele, junto com seus amigos baianos, curtem “Sampa” numa boa.
Posted on: Mon, 10 Jun 2013 19:14:53 +0000

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