SAUDADE “Saudade, palavra doce, que traduz tanto amargor...”. Assim disse o poeta, trazendo para a canção popular uma verdade inconteste. Saudade só se tem de um passado que nos foi agradável, que deixou marcas profundas e doces em nossa alma. É porventura errado sentir saudade de uma pessoa que nos deixou um desenho bonito, um perfume suave, uma ternura passada que talvez jamais volte? Não é erro, mas não devemos viver de saudades, nem entregues a devaneios, levados pelas asas da saudade do que ficou no pretérito. Devemos viver dedicados ao presente guardando apenas o lado bom das experiências realizadas, para que sobre ele se erga o edifício da realidade que estamos construindo no momento, graças, talvez, a esse material bom que trouxemos do passado. Não devemos nunca retroceder, mas avançar sempre. Ninguém esquece os bons momentos vividos, nem as pessoas que nos proporcionaram felicidade e nos foram caras. Se estão ainda entre nós, saibamos retribuir e alimentar seu convívio conosco; se já partiram para a espiritualidade, enviemos-lhes pensamentos luminosos. Os momentos dolorosos de ontem, que não desejamos lembrar, se soubermos revê-los agora, sem o véu da prevenção, descobriremos que eles nos legaram a oportunidade de nos conhecermos melhor e de sentir até que ponto temos sido vulneráveis e incompreensíveis. Viver de saudade é retornar no tempo. E nós que almejamos seguir a rota de muitos esforços,, com uma meta definida, não devemos nos prender ao passado nem ao futuro, mas viver o momento presente, conscientemente, retirando de todos os acontecimentos, bons ou maus, os valores que devem ser incorporados ao nosso agora. Tudo é lição para o discípulo atento. Não devemos prantear com saudade as lembranças agradáveis, nem abrigar no coração desesperos, ódios ou sentimentos de vingança, presos aos maus momentos que passaram. Tudo caminha. O relógio do tempo não para nem retrocede. Cada segundo é tão precioso como a eternidade. Amigos, transformemos a saudade passiva, improdutiva e choramingas em força de vontade, coragem, amor à vida e às criaturas, aconteça o que acontecer, e o Poder Superior nos manterá sob sua tutela, e assim alcançaremos a rota traçada por nós mesmos antes de aqui aportarmos. Não permitamos que a saudade nos detenha a caminhada, nem nos faça esquecer o que aqui viemos realizar. (De “...A Verdade e a Vida”, de Cenyra Pinto)
Posted on: Wed, 18 Sep 2013 01:54:45 +0000
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