SOBRE A SAÚDE PÚBLICA CAPÍTULO I TRINTA ANOS NO CAOS DA SAÚDE - TopicsExpress



          

SOBRE A SAÚDE PÚBLICA CAPÍTULO I TRINTA ANOS NO CAOS DA SAÚDE PÚBLICA Esses relatos são verdadeiros, sem um tio a mais nem a menos, fruto de uma vivência com muita observação e gravados cinematograficamente na memória. É uma verdade cruel, um detalhe a mais entre tantos relatos sobre o caos na saúde pública. Algo a mais que talvez contado de forma diferente vá fazer você conhecer detalhes que provavelmente não imaginasse existirem. Primeiro ato, doutorando dando plantão na saúde buco-facial do maior hospital da capital potiguar de pronto socorro. Detalhe: dois doutorandos responsáveis por quase um milhão de habitantes no que viesse a acontecer na traumatologia facial. Entramos no consultório sem conhecer nada do equipamento a ser utilizado, apenas esperávamos bater a nossa porta os primeiros infelizes pacientes. Começamos a verificar o que tínhamos para atendimento de urgência, nada entendíamos do sistema, dentro do consultório uma cadeira velha de dentista, enferrujada, uma estufa velha enferrujada e umas bandejas com seringas e agulhas de grosso calibre. Não poderia ser aquele equipamento imprestável o que iria atender os pacientes. Imediatamente, chega a nossa porta uma urgência, não sabíamos o que fazer, era um traumatismo facial com lesão dupla dos lábios e dilaceração de tecidos. Corremos o hospital como loucos atrás do equipamento especializado, o paciente ficou a esperar, finalmente conseguimos uma gambiarra, uma bandeja oftalmológica de primeiros socorros cujos equipamentos cirúrgicos eram mais delicados, assim conseguimos de improviso o primeiro atendimento. Quando liberamos o paciente e abrimos a porta do consultório já tinha mais de vinte casos a serem atendidos de urgência. Sem maiores delongas, trabalhamos até meia noite sem almoço, lanche ou janta. Este foi o primeiro contato com a saúde pública. Detalhe: o hospital estava em guerra, corredores fétidos, cheios de macas pelo chão, com pacientes morrendo a míngua, faltavam ventiladores pulmonares, reanimadores e já existia uma equipe da loja funerária a contar os mortos para vender os caixões. Esta foi a primeira impressão da saúde pública. Partimos depois de formados para a vida na rede básica de saúde. Era um pequeno exemplo do caos do grande hospital. Chamo atenção para pequenas notas que considero de valor. Como, por exemplo, os funcionários atendentes, os chamados “curadores”, os tratadores, pobres criaturas, mal pagos, e quase todos doentes. Tratadores “sem condição de tratar” e que não conseguem sequer ser tratados onde trabalham. Este fato se repete até hoje. Os tratadores estão em crise seríssima. Ressalte-se, a maioria das doenças adquiridas no serviço. E vamos seguindo na rede básica com relatos sobre a série de crimes cometida na rede pública.... No setor de odontologia, o meu setor, quase todo dia eu ia para casa deprimido. Moças com 14, 15 anos, rapazes na mesma idade, eram obrigados a arrancar os seus dentes. Não usarei o termo “isodontia”, direi arrancar mesmo, arrancar os dentes por falta de recursos financeiros para fazer um canal, o que o serviço público nem sonhava em oferecer, e ainda hoje a burocracia é tão grande que acontece a mesma coisa. Doía-me quando atendia crianças acima de 7, 8 anos, tendo que ser submetidas à brutalidade da isodontia de um primeiro molar inferior. O posto quase nunca funcionava regularmente, pois odontologia exige uma sequência de funcionamento instrumental, com um elo quebrado não consegue o sistema funcionar, desde o compressor ao sugador de saliva. Quero ressaltar que talvez vocês não atentem que num sistema como esse onde os cuidadores estão doentes, o salário não existe, é quase nada, pago através de gratificações sem reajuste, a vontade dos governantes num sistema onde você entra como dentista, enfermeiro ou médico e durante vinte anos não tem progressão na carreira, nem tratamento especial pelos cursos que você adquiriu na clínica privada, um sistema sujo, mal tratado, gera uma filosofia estranha, penso eu, pois a maioria dos funcionários rezava para que a coisa não funcionasse, era um prazer saber que o compressor tinha se quebrado, que tinha entupido esgoto, qualquer coisa desse tipo que fizesse o posto ficar paralisado. Todos os governos eram iguais, “tudo pela saúde e educação”, nada acontecia, tudo continuava do mesmo jeito, como até hoje. Para vocês, uma nota importante: nunca faltaram nas conferências de saúde profissionais comprometidos em transformar o sistema, uma luta incrível, mas sempre foram desapontados quando os partidos que apoiavam chegavam ao poder e eles pensavam que a coisa fosse mudar e tudo continuava do mesmo jeito. A discussão era entre “gerenciamento” e “recursos”: “Faltam recursos.” “Falta gerenciamento.” Atenção, neste “falta recursos”, “falta gerência”, a pena de morte rolava solta. No pouco tempo que eu passava na sala do diretor assistia o desfile dos condenados. Senhores idosos chegavam humildemente com as suas esposas e com alguma dificuldade de relacionar-se perguntavam: Dr., onde eu consigo exame para esse caroço em meu pescoço? O pobre do diretor, sem solução alguma, dizia: “Agora não há vaga em canto nenhum”, e assim o sujeito saía para o pelotão de fuzilamento. Isso todo dia, toda hora, em vários postos da rede pública de saúde. O Sr. Milosevic foi condenado pelo tribunal da ONU como genocida, pasmem brasileiros e pensem um pouquinho, imaginem os milhares e milhares de atendimentos básicos dando essa mesma resposta ao cidadão todo dia “não tem exame”, “não tem cirurgia”, “não tem o q fazer”. Nenhum governante foi condenado. Esse caos permanece da mesma forma, a perambulação pelos postos de saúde e o “não” como a palavra mais usada. Com o dinheiro que se tem para o financiamento volta-se à questão “financiamento-gerência”. A televisão mostra hospitais novos com heliporto, sem utilização alguma, outros super utilizados. Vamos a uma conclusão dessa história... Se a saúde pública é do povo, está na Constituição, cada vintém, cada centavo que o governo determinar para a saúde deve caminhar transparentemente, diariamente, minuto a minuto, nas redes de transparência, para que se saiba todo o seu caminho e seja realmente acompanhado pelo povo. Que funcionem realmente os conselhos municipais de saúde, sabendo de onde veio cada centavo e por onde está andando, acompanhamento diário, e que o povo vá olhar quando o primeiro centavo for utilizado, em que e como. Esta é a lei. Vamos acabar com essa história de gerenciamento – falta de recursos com o que se tem agora, com o dinheiro que se tem agora. Assim saberemos o quanto realmente a saúde precisa a mais para funcionar, como diz o povo, “à moda da FIFA”. Em breve teremos outra comunicação sobre saúde pública.... Natal, 19 de julho de 2013. MABEL. QUESTÃO MEDICA X SAÚDE PÚBLICA BRASILEIRA Este é um assunto que, neste artigo, não pretendemos esgotá-lo; Você leitor poderá fazer a sua ideia e ampliá-la; Atenção, porque vamos tratá-la de uma forma bem diferente. A primeira parte, é o CASO MÉDICO, vamos a história: - Como se sabe, entre os índios, o curandeiro já tinha seu valor destacado, equiparando-se ao Cacique, ao Pagé e ao Feiticeiro, maiores autoridades da tribo. Caro leitor, desculpe-me se erei na hierarquia indígena, pois não sou especialista em índios. Gostaria de chamar a atenção dos que fazem Rede Social e aos que utilizam o Facebook, que o meu diagnóstico sobre o caso é claro, verdadeiro e sem rodeios!...Deixando os índios de lado, voltemos a nossa sociedade; No século XIX, nas famílias “Pequeno Burgues”, era obrigado a ter um médico, um padre e um advogado; para as “famílias Pobres”, conseguir formar um médico, era conseguir, a “Salvação da Pátria”, assim sendo, imaginem como era a Faculdade de Medicina, pois todos que ali ensinavam, não passaram por concurso algum e, os que ali estudavam, eram o que acabamos de falar “Uma seleção especial das classes dominantes”, com raríssimas exceções já explicadas. As chamadas cadeiras médicas, na época só abriam vagas para cursos de aperfeiçoamento que eram muito poucos aos melhores apadrinhados, pratica que veio repetindo-se até nossos dias. O quadro claramente vai formando-se, pois a sociedade assinou embaixo...Só existiam três profissões dignas, DIREITO, MEDICINA E O CELIBATO. Esses indivíduos, de diploma na mão, iam , em grande parte, para o interior e, além de exercerem a sua profissão, tornavam-se politiqueiros. Nas capitais, quanto aos médicos, a situação era a seguinte: -Poucos equipamentos de saúde, um Hospital Geral, Uma Maternidade e o Centro de Saúde Publica. Para que o médico conseguisse trabalhar, num desses estabelecimento, já tinha que ser consagrado, mas, a Saúde Pública, pedia, por forças das circunstâncias, uma natural expansão. Era preciso os farmacêuticos com os Laboratórios de Análises e as distribuições de remédios, Enfermagem de nível superior, com suas diversas especializações, auxiliares de enfermagem com seus indispensáveis monitoramentos e, finalmente, como Saúde tem de ser “Saúde Completa”, preencheu-se toda a equipe, com elementos indispensáveis como, nutricionistas, fisioterapeutas, Psicólogos, Assistentes sociais, etc., etc.. A falta, de um, desses elos, compromete toda a “Saúde Pública”. Acontece que a Sociedade Capitalista, fez, por conta do Capital, uma classificação criminosa e arbitrária da Hierarquização, por Prestígio das categorias como: -O “médico” continua em primeiro lugar, é o “Senhor”, nos hospitais, Postos de Saúde Pública, etc. -Odontologia, por sua diversidade de especializações, ganhou o critério de segundo lugar. -Farmácia, o terceiro lugar. -Enfermagem quarto lugar. -Nutricionista, Psicólogo, Fisioterapeutas, etc., estão na mesma categoria. Atenção senhores, das redes sociais, essa classificação é cruel, arbitrária e criminosa porque determina o salário dos profissionais, e, com isso, discriminando as diversas profissões e, também os profissionais que são da mesma forma tão importantes quanto aos médicos. Atenção: Próximo capítulo “COMO OPERACIONALIZAR CORRETAMENTE O SISTEMA DE SAÚDE PÚBLICA” TERCEIRO ARTIGO SOBRE SAÚDE PÚBLICA COMO OPERACIONALIZAR O SISTEMA DE SAÚDE PÚBLICA (UMA FORMA SIMPLES PARA SE ENTENDER) Caro leitor, queremos deixar claro que em nossos textos, apenas estamos expressando a nossa liberdade em dizer o que achamos e sentimos, sobre assuntos que são pertinentes a sociedade democrática brasileira, sem qualquer outro interesse a não ser o de cidadão livre. CULTIVO UMA ROSA BRANCA Cultivo uma Rosa Branca Em Julho como em janeiro, Para o que, amigo sincero, Me estende sua mão branca. E para o cruel que me arranca O coração com que vivo, Cardo e urtiga não cultivo: Cultivo uma Rosa Branca José Marti (cubano)Traduzido por Esmeraldo Homem de Siqueira (brasileiro) Digamos que nossos políticos quisessem fazer política verdadeira e não politicagem e, entrassem num acordo, mesmo sendo adversários independentemente de quem vencesse a eleição, mantivessem em funcionamento os projetos exitosos do governo anterior, digamos, como exemplo, que o governador ou prefeito A ou B tivessem investido em saúde, vindo o sistema a funcionar satisfatoriamente, caberia, então ao adversário eleito, manter o êxito do programa e, escolher outra área para torna-la eficiente, digamos que fosse então a EDUCAÇÃO. Imagine o leitor, uma sucessividade de governo nesses termos, poderíamos então nos encontrar próximos ao paraíso. Porém, na prática, ocorre justamente o contrário, numa destruição como que combinada, levando o caos aos Municípios e Estado. Uma forma de operacionalizar, na sociedade atual, um sistema de saúde pública que venha a atender aos anseios da população, não é bicho de sete cabeças e, nem privilégio de técnicos. É, sim, vontade política e disposição para trabalhar. A prática determina o modo de atuação do sistema; trocando em miúdos, a distribuição dos equipamentos, postos de saúde, atendimentos de urgência, pequenos, médios e grandes hospitais, são determinados por um estudo das populações, localizações geográficas, etc.; Prontos os equipamentos, então é hora de equipá-los com material humano, em equipes completas com suprimentos dos materiais de consumo geral, necessários. O comando do sistema deverá ser gerenciado e bem fiscalizado pelos órgão responsáveis incluído a participação efetiva e com prioridade da comunidade. Trecho escrito por Esmeraldo Homem de Siqueira.... A cavalaria em capítulos... Eis uma criação original na história do mundo. Pensemos nêsse jóvem que, depois de um dia de jejum e uma noite de preces, é armado cavalheiro por seu senhor e pelas damas. Qual é seu objetivo? Que significam essa cerimônia militar e política, esses símbolos juntos da coragem e da piedade, essa presença da mulher, chamada como testemunha e como juiza? Por que preside êsses combates simulados, êsses torneios tornados tão honrosos, como vergonhosos eram as lutas dos gladiadores? Que significam essas côres nas armas dos combatentes, essas homenagens dos vencidos, essa generosidade mútua, essas intenções ornadas com o nome de cortezia? É que a mistura dos costumes bárbaros e do espírito cristão tudo mudou, até a guerra, até o amor, até a forma dêsses encontros mortíferos em que a vida de um depende da morte do outro. A antiguidade jamais viu na guerra senão essa terrível alternativa; não sentiu senão a imperiosa necessidade da vitória. A guerra antiga bem que teve sua primeira idade, ela foi heróica, mas nunca teve nada de cavalheiresco. Mesmo no tempo em que os dois exércitos faziam círculo à volta de dois combatentes, como nos relatos de Homero, nunca o vencido se acanhou de pedir a vida, nem o vencedor de recusá-la. A préce, a fuga, a astúcia são censurados somente quando inúteis, e os proprios deuses dão o exemplo. Quando nascem no mundo antigo a politica e a grande guerra o herói no individual desaparece e a crueldade subsiste. Marius sorri quando os bárbaros o chamam a combate singular. A morte ou a escravidão esperam o vencido. Ele deve matar-se, como Cleópatra, para escapar o triunfo, ou sofré-lo, como Perseu e Jugusta. Se a guerra antiga nada tem de generosa, o amor antigo nada tem de elevado sobretudo nenhuma relação existe entre a guerra e o amor. Longe de impelir às grandes ações o amor passava por lhes ser obstáculo. É uma fraqueza do homem ou uma sentença fatal do destino. O amor enerva os heróis, destrona os reis, dissolve os impérios. As mais nobres ligações são perigosas para a coragem. Andrômaca retém Heitor perto dos mares por Tróia. O herói antigo teme o amor e dêle se envergonha tanto quanto o cavaleiro dele se exorna e se honra. Os costumes germânicos e o cristianismo engradeceram por êsse lado a natureza humana. O gosto da independência individual, o hábito de agir isoladamente e de contar consigo mesmo, a emulação, levaram os bárbaros a considerar a coragem pessoal, a lealdade guerreira, como as primeiras das virtudes. A organização feudal deu ainda um novo preço à fidelidade e ao mesmo tempo nova atração a independência. Essa independência é fácil de ofender, disposta a repelir a ofensa, e tornada assim inquieta, suceptivel, confunde-se com êsse sentimento de honra que é na ordem moral o que o sentimento de nossa conservação é na ordem física. O homem parece então dotado de um sentido novo. Certas coisas que não feriam seus avós lhe são insurpotáveis, uma injuria, uma ameaça, uma suspeita, um olhar. Não se levantaria mais impunemente a chibata sobre Temístocles. A antiga invectiva desaparece da eloquência. Se o homem descobriu novos direitos a respeito doutrem, concebeu ao mesmo tempo novos deveres, obrigações até então desconhecidas para consigo mesmo e para com os outros. A astúcia lhe repugna, a crueldade o indigna, a generosidade se lhe torna natural. Orgulha-se de não usar completamente do direito da guerra. A proteção do mais fraco, o perdão depois da vitória, uma lealdade escrupulosa, lisonjeiam lhe o orgulho, exaltam-no aos seus próprios olhos. Sua consciência se torna mais exigente ao mesmo tempo que sua alma se torna mais soberba. O que há de mais ativo no cristianismo, a caridade, introduz-se no sentimento cavaleiresco e torna-se uma virtude militar. A defesa dos oprimidos terá seus apóstolos errantes pelo mundo, corretores de erros, cujo fim é levar por toda a parte a força em socorro da justiça. Dai os laços numerosos da religião e da cavalaria, essa igual aspiração parece pureza, essa semelhança entre o escudo imáculo e a consciência irreprochável, essas recepções e essas degradações solenes, essa exaltação mística que leva ao mesmo tempo as almas à ações heróicas e insensatas, essa confiança sem limites no triunfo da justiça e no julgamento de Deus, que fez tentar o impossível e que para renovar na Europa cavaleiresca e guerreira essas surpresas ao mesmo tempo absurdas e sublimes, em que apóstolos podem ter sucesso, em que devem fracassar e aniquilar-se os exércitos. Mas, a obra máxima da cavalaria é ter erguido de um grau a posição das mulheres. O cristianismo dera-lhe já na família um papel novo e as fizera, diante de deus, as iguais de seus maridos. A cavalaria dá-lhe um novo papel no mundo, e lhes confere nos costumes uma suave e bem faseja superioridade. A grande mudança operada pelo cristianismo no casamento a cavalaria realizou-a, levou-a ao sentimento do amor. Ela o une estritamente ao sentimento da honra, à bravura, à paixão da glória, e assim o fez auxiliar das grandes ações. Mas, ao mesmo tempo o amor se transforma e se depura até se tornar uma virtude. O espírito de sacrifício, a humildade mesmo, constitui-lhe a base e comunica esse sentimento delicadezas até então desconhecidas. É antes um culto que uma paixão. Um culto que tem seus ritos, suas fórmulas, seu fanatismo e seus mártires. Deveres numerosos dai decorrem, que tendem todos a adoçar os costumes, a desenvolver o espírito, a depenar as paixões, a elevar a influência das mulheres, a espalhá-la nos menores detalhes da vida. Uma poesia nova nascerá desse culto e seus efeitos serão duráveis. A galanteria, a polidez sobreviverão à cavalaria, e a guerra, tornada nos povos modernos sempre leal e clemente, por vezes generosa guardou algo do torneio. (Assim o afirmamos serem impuras certas exceções monstruosas dos tempos mais recentes). O amor cavalheiresco tem enfim esse caráter de todo cristão, o de desconfiar dos sentidos e ousar combate-los. A pureza é-lhe a alma, dá-lhe um encanto novo para a imaginação, permitindo-lhe aquecer os corações sem os corromper. Tem-se engenhosamente aproximado sob esse ponto as práticas da cavalaria das teorias de Platão, e, apesar de, diferenças reais, ela tem essa tendência comum de erigir o amor numa pura e poderosa excitação à virtude também, nada mais fácil do que dar ao amor cavalheiresco um objeto divino, e nas ordens de cavalaria, cuja dama foi a mãe de Deus, viu-se esse amor fecundo em devotamento, inteiramente purificado, sem ter sua essência mudado de natureza. Nobre ideal, portanto, da cavalaria, nesse mundo em que o movimento e a vida deviam associar-se aos mais místicos sentimentos do cristianismo, em que as paixões humanas deviam enobrecer-se, depurar-se, sem deixar de ser ativas. Que jamais esse ideal foi atingido, a história ai está para prova-lo. Mas o desejo de atingi-lo foi a fonte de bens inúmeros de que ainda estamos gozando. A cavalaria não podia nem se estabelecer em paz nem durar muito tempo. A política do mundo moderno, cada vez mais inclinada para a ordem civil, para a disciplina, para a organização regular dos estados, devia combate-la e cedo aniquila-la. A própria guerra se lhe tornou fatal como a politica. Crecy, Paitires, e muitos outros campos de batalha viram seus brilhantes junerois. Luiz XI destroçou-a com Carlos o Temerário, Carlos Quinto venceu-a com Francisco I. Cada progresso da Europa foi-lhe uma derrota. Ela era a flor da feudalidade e deveria desaparecer antes de ser hostil.
Posted on: Sun, 25 Aug 2013 22:11:13 +0000

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