SOBRE TUDO: O Poder Legislativo, em todas as esferas do pacto federativo, foi criado para representar a vontade do povo. Portanto, não podemos dizer que senadores, deputados e vereadores são ladrões, bandidos. Fazendo isso, desqualificamos a instituição democrática que nasceu para nos representar. O problema não é o cargo, mas quem o ocupa. O Brasil já dispõe de instituições democráticas pelas quais é possível acompanhar, pressionar e cobrar o trabalho feito pelos políticos. Quantos acompanham a sessão da Câmara Municipal? Quantos se lembram do candidato em que votaram nas últimas eleições? Para protestar, é preciso estar inteirado para saber o quê e como cobrar. Pressupõe engajamento, não de momento, mas constante e por tempo indeterminado. Não sou PT nem PSDB. E tenho certeza que o problema não é apenas um partido ou outro. Cada grupo partidário tem sua ideologia, seu interesse. E assim também é na vida dos cidadãos comuns. Cada um com as suas idéias, seus planos e desejos. Quando há multidões em protesto, sempre haverá confusão e descontrole. Afinal de contas, sempre há vândalos e bandidos que se aproveitam do momento para depredar e saquear. Ou seja, será que a melhor maneira de pressionar e cobrar os políticos é enchendo as ruas? Não existe outro caminho? Que tal acompanhar a sessão de Câmara no seu município? Que tal monitorar constantemente o trabalho que o seu eleito vem fazendo? Que tal informar ao político se você está satisfeito ou insatisfeito com o trabalho realizado por ele? Protestar é válido. Mas nenhuma mudança pacífica e eficiente virá se não houver engajamento dos moradores ao processo político por prazo indeterminado. Também gostaria que essa onda de protestos nos levasse a realizar outra reflexão. Uma reflexão que corta na própria carne, que estabelece uma autocrítica. Uma parte dos políticos é isso mesmo que se vê nas ruas e isso não é mentira. E como percebemos isso? Qual a semelhança entre o político que desvia verbas da saúde pública e o motorista que desrespeita as leis de trânsito ao ultrapassar em local proibido? A semelhança é o total desrespeito ao próximo. Os dois colocam em risco a vida de terceiros, o que leva a apontar a falta de capacidade de ambos para entender como funciona uma vida em sociedade. Se eu não respeito o direito de outra pessoa, que tipo de sociedade teremos? A mudança que todos nós queremos vem de baixo para cima. Não o contrário e não do dia para a noite. É com pequenas atitudes que damos exemplo e mudamos o presente para ter um futuro diferente. Se você limpa as fezes do seu cachorro na rua, não sonega impostos, respeita as leis do trânsito, o direito das pessoas ao silêncio e por aí vai, está no caminho certo! Como aprendi com um amigo israelense, a educação numa escola começa dentro do banheiro limpo e que estimula os alunos a conservá-lo assim. Vivemos numa época que cultiva em todos nós sentimentos e atitudes individualistas. Quem me garante que essa geração que protesta hoje é melhor que a dos atuais políticos? Não vejo solidariedade, não apenas como forma de caridade, mas como capacidade de atuar como cidadão, uma pessoa que se sente e realmente atua como efetivo membro de uma comunidade.
Posted on: Fri, 21 Jun 2013 18:20:05 +0000
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