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Se não tiver paciência para ler, se manda. Vá assistir o programa da xuxa. Publico aqui três matérias extraídas de jornais indicados em cada cabeçalho. Não estou pirateando nada. Apenas quero fazer chegar às pessoas que podem não ter a oportunidade de ler naqueles jornais, pois considero tais escritos bastante pertinentes para o momento. Se tais jornais ou seus autores não gostarem, paciência. 1) A boa gestão pública Henrique Meirelles Matéria publicada na Folha de São Paulo de 15/09/2013 Termina neste ano o terceiro mandato do prefeito de Nova York, Michael Bloomberg. É feito inédito duas reeleições seguidas numa cidade de difícil gestão e com população exigente e crítica. A administração Bloomberg oferece exemplo de trato da coisa pública. Já consagrado financeira e empresarialmente, Bloomberg foi motivado pelo desafio de administrar uma cidade com as demandas de Nova York. Seu segredo foi uma combinação de metas claras, foco no resultado e concentração absoluta no desempenho administrativo e na entrega das metas. A finalidade da gestão pública deve ser a definição de objetivos claros e verificáveis dentro de um plano de longo prazo e a busca incessante pelos melhores resultados. A tentação de muitos políticos é buscar fórmulas populistas e factoides para criar uma imagem popular que garanta a reeleição. Essa abordagem pode trazer resultados eleitoralmente atraentes, mas, no médio e no longo prazos, será desastrosa para a população. Cingapura é outro bom exemplo da gestão de resultados. A cidade-Estado, com eficiência administrativa e altas taxas de poupança e investimento, cresceu em média 5% ao ano ancorada no aumento populacional. A política de imigração liberal elevou o número de trabalhadores e, por consequência, o emprego. Mas o governo entendeu que o aumento da população naquele ritmo superava a capacidade de crescimento da oferta de transporte, educação, saúde etc., deteriorando a qualidade dos serviços. O governo, de forma transparente, discutindo o tema inclusive em campanha eleitoral, propôs um novo pacto para recuperar a qualidade dos serviços. Com isso, restringiu a imigração, contendo o aumento populacional de cerca de 40% da década anterior, e concentrou investimentos na qualidade do serviço público. Há sempre um preço a pagar. Nesse caso, menor crescimento --a meta de 5% ao ano caiu a 3,5%. Expansão menor, mas de melhor qualidade, permitindo investimentos nos serviços públicos e no treinamento e integração dos imigrantes. Portanto, a visão de longo prazo, o foco no resultado e a busca pela excelência administrativa mesmo com prejuízos políticos de curto prazo são fundamentais ao sucesso da gestão pública. É fundamental que o eleitor e a população tenham isso em mente e escolham seus governantes baseados em critérios objetivos de competência e capacidade de entrega. Conclui-se que a visão de longo prazo realista, com objetivos claros e factíveis, e a busca de implementação eficaz, competente e ética são o segredo para o desenvolvimento econômico e, principalmente, para a elevação do bem-estar da sociedade. 2) Genética incompleta Celso Ming Matéria publicada no Jornal Estado de São Paulo – 15.09.2013 Por que os clássicos que se dedicaram a rastrear a origem e o destino do povo brasileiro, não encontraram aí o DNA do imigrante? A leitura do último livro do sociólogo Fernando Henrique Cardoso - Pensadores que Inventaram o Brasil - é fascinante pela síntese, erudição, qualidade do texto e pela percepção acurada da história do pensamento dos brasileiros sobre si mesmos. Mas Fernando Henrique não poderia avaliar o que os inventores do Brasil não inventaram. E ali estão Joaquim Nabuco, Euclides da Cunha, Paulo Prado, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr., Antonio Candido, Florestan Fernandes, Celso Furtado e Raimundo Faoro. Paradoxalmente, nenhum deles leva em conta as contribuições do imigrante na formação do Brasil moderno. Gilberto Freyre, no consagrado Casa Grande e Senzala, observa, de passagem, que "os portugueses triunfaram onde outros europeus falharam". Ele se refere a franceses, alemães, holandeses e nórdicos. Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil, quando contrasta a capacidade de adaptação do português com a dos demais europeus, nota que até "colonos de pura estirpe germânica" regrediram a métodos predatórios e dissipadores, mesmo em clima temperado. Mas não foi além. Os demais silenciam sobre a importância do imigrante na construção da riqueza e da cultura desta terra. E, no entanto, o Brasil vem sendo plasmado pela herança genética e cultural deixada por sírios, libaneses, alemães, italianos, japoneses, espanhóis, poloneses e suíços que desembarcaram aqui a partir da segunda metade do século 19, inicialmente para substituir a mão de obra escrava (veja o gráfico). A história da indústria, por exemplo, foi escrita pelos Matarazzos, pelos Gerdaus e milhares de outros. A economia do engenho de açúcar e da escravidão foi substituída pela usina de açúcar e de etanol e, no lugar dos senhores de engenho, encontramos cada vez mais capitães com sobrenomes italianos. Entre os campeões da soja, do algodão e do gado, sucedem-se descendentes de imigrantes. Os novos bandeirantes que vêm abrindo as fronteiras do agronegócio nacional são gaúchos, barrigas-verdes e paranaenses. Carregam no seu jeito de falar sotaques alemães, italianos e poloneses. Sem toda essa gente, não dá para contar a história das artes plásticas, da arquitetura e da medicina no Brasil. O primeiro grande ídolo brasileiro do futebol chamava-se Friedenreich. Depois vieram Bauer, De Sordi, Bellini, Altafini, Dino Sani, Rivellino, Piazza, Taffarel... No automobilismo, Fittipaldi e Piquet foram campeões mundiais. Nas passarelas, a rainha é Bündchen. Ah, a política... Dos 14 últimos presidentes da República do Brasil, 6 levam sobrenomes europeus: Kubitschek, Goulart, Medici, Geisel, Collor (aportuguesamento de Koeller) e Rousseff. Os imigrantes contribuíram para a reorganização do trabalho. Inventaram o colonato. Desenvolveram nova ética do trabalho, que não se identifica com a protestante, baseada na doutrina paulina da Predestinação, de que nos fala Max Weber, mas mudou o jeito do brasileiro de encarar a vida, com suor no rosto, calos nas mãos e vontade de chegar lá, coisa que não existia por aqui. Até mesmo o movimento sindical brasileiro tem dívidas com os imigrantes anarquistas espanhóis e italianos, que não se dedicaram aqui a demolir o Estado, como na Europa, mas a conquistar para nativos e forasteiros os direitos do trabalhador. Por que os rastreadores da identidade do brasileiro só reconhecem a importância da contribuição do português, do índio e do negro e ignoram a do imigrante? Talvez porque a maioria deles escreveu e foi reconhecida ainda na década de 30, quando o Brasil estava em guerra com três dos principais países de onde provieram nossos imigrantes: Alemanha, Itália e Japão. No entanto, mesmo para o professor Darcy Ribeiro, que lançou seu livro em 1995, o que conta para a constituição do Povo Brasileiro e para sua cultura são apenas elementos fornecidos pelo português, pelo índio e pelo negro. Não há lá traço de imigrante. O Brasil mudou e vai sendo se reescrevendo, mas até agora não surgiu nenhum grande pensador que incorporasse às nossas raízes a contribuição à brasilidade proporcionada por essa gente que trocou tudo o que tinha - pátria, família, idioma, amizades, cultura, pertences - pelo sonho de refazer sua vida e reinventar o Brasil. 3) Justiça sem governança Fernando Rodrigues Publicado no Jornal Folha de São Paulo de 14/09/2013 Fanáticos por política aguardam com ansiedade se haverá um novo julgamento do mensalão. O placar da decisão está em 5 a 5. Chegou-se a esse impasse por vários motivos. Um deles tem sido quase negligenciado e merece mais atenção: a aversão dos magistrados pela boa governança do Judiciário. Em 1990, o Congresso aprovou uma lei mudando a abordagem sobre embargos infringentes --o recurso que beneficia réus cuja condenação não foi por unanimidade. Com o novo (sic) diploma legal editado há 23 anos (incrível!), o regimento interno do STF ficou obsoleto. Carece de atualização explicitando se o Supremo aceita ou não tais embargos. Os 11 membros do STF têm o poder de enviar um projeto de lei ao Congresso propondo a alteração do regimento interno da corte. Por que não o fizeram em 23 anos? Na melhor hipótese, por conta do desprezo que nutrem pelo dever da boa governança. Apesar de emudecer sobre o próprio regimento, o STF não se esquece de fazer anualmente uma proposta de reajuste salarial. Os juízes vivem como na época em que dinheiro nascia em árvores e o Estado fabricava inflação sem pensar no dia seguinte. O caso do mensalão também levou magistrados do STF a reclamar do acúmulo de trabalho em seus gabinetes. Muito bem. Mas não ocorreu a nenhum deles nas últimas décadas propor ao Congresso uma nova Lei Orgânica da Magistratura para acabar com os cerca de três meses de folga anuais (no mínimo) a que os juízes têm direito --uma ofensa para a maioria dos brasileiros. Sem pensar mais na governança do Judiciário, os 11 integrantes do STF continuarão a passar por apertos como o dos embargos infringentes. Até porque maluquices como um mensalão 2.0 (o possível segundo julgamento) não ocorrem só por causa da ambiguidade de leis malfeitas. Mas muito em função da abulia dos juízes quando se trata de melhorar o sistema em que trabalham."""""" Nota do intrometido que republica: Não foram poucas as vezez que escrevi sobre isso e falei pela Rádio 97. Não pode, ou não deve a Justiça, esperar alguém arguir a inconstitucionalidade de uma lei. Quantos, sem condições, serão prejudicados até que algum poderoso ou mais instruído, e prejudicado, faça isso? Penso que não é exatamente a Comissão de Constituição e Justiça da casa parlamentar que tem Jurisdição para tanto. O que entendem eles de constitucionalidade? O ramo deles é outro, bem o sabemos.
Posted on: Sun, 15 Sep 2013 16:49:29 +0000

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